Difícil entrar em uma sala de
cinema para assistir ao documentário Elena , direção e atuação de Petra Costa, e
não se emocionar, ou se derreter em prantos. Com coleção de imagens impactantes
, o filme aborda as relações emocionais entre três mulheres, as duas irmãs
Elena e Petra e sua mãe, com uma leveza poética de beleza ímpar, o filme
entranha em nosso íntimo de tal forma, que ficamos a relembrar Elena e a voz de
Petra numa só pessoa, como uma força cósmica que nos impulsiona para uma viagem interior.
Ao viajar para Nova York aos 20
anos de idade, Elena segue seu sonho de ser atriz de cinema e deixa no Brasil
sua irmã Petra, com 7 anos de idade. Duas décadas depois Petra embarca para
Nova York em busca de respostas sobre sua irmã, com narrativa na 1ª. pessoa,
como um depoimento através de memórias de infância, diários, cartas, filmes
caseiros. O desejo de Petra é percorrer e seguir os passos de sua irmã, e tem
sua mãe como grande aliada.
Este filme é o primeiro longa
metragem de Petra Costa, e o que se observa é uma busca por alguém que sofria
de depressão e que ela deseja conhecer mais profundamente com seu amor
inabalável , tipo Kármico.
Um filme sobre crises existenciais, perdas, fronteiras entre a vida e a morte, colocado com
coragem e determinação, mostrando que os ganhos também fazem parte da vida,
como as próprias lembranças da autora , como uma afirmação de quanto a vida é bela.
Elena e Petra, fundidas numa só, irmã, diretora, atriz, uma não existiria sem a
outra. Elena é uma memória viva dentro de Petra, palavras trocadas em vida
real, como um redemoinho de emoções, a ausência tornando-se afinal uma doce presença. Como a própria Petra diz em entrevista, ¨a arte ajudou a curar a minha dor¨.
O filme é de um lirismo único, faz-nos
chorar sem sentir o choro na face, Elena misteriosa, transcendental, sombria,
sedutora, extasiante, enfim, uma verdadeira obra prima que arrebata o
expectador.
Petra Costa é diretora do curta
metragem Olhos de Ressaca¨, ganhando prêmios em 2009, e agora retorna com este
longa vencedor do premio de Melhor Documentário no Festival de Brasília 2012.
Na confusão de identidade dessas
3 mulheres, Petra vai atrás da sua própria identidade e descobre-se um espelho
para sua própria alma, permitindo-nos sentir o mesmo gosto de perda e ganho que a
vida traz. A cena na água impressiona, demonstrando que o filme é universal e
pertence a todos nós, uma maneira de se afogar nos sentimentos, desejos e
sensações.
Saímos do cinema lembrando da
Elena a dançar como uma versão artística dos sentimentos de Petra, uma metáfora
para a liberdade.
Este é realmente imperdível!!! Neste dia prepare-se para conhecer Elena e Petra, diretora e protagonista de suas vidas ao mesmo tempo, e que afinal encontramos essas memórias de alguma forma dentro de nós.
Elena é belíssimo - singelo, poético, profundo. A partir de estranhas peças soltas, coletadas em sua busca, Petra nos leva a compor um mosaico a fim de recompor a história da irmã distante, para sempre. Não dá evitar, olhos e demais sentidos entram em alerta, um alerta sensorial que perdura além do filme. Boa dica, CINE AMADO!
ResponderExcluirElena e Petra, duas irmãs em uma só, dois caminhos misturados em um, nos enleva e nos faz refletir sobre a vida e a morte,sobre os laços afetivos e o entrelaçar dos momentos .
ResponderExcluir