domingo, 28 de dezembro de 2014

ELSA & FRED




É possível se apaixonar e viver intensamente o amor em qualquer idade? Esta é a premissa do filme Elsa & Fred (EUA), direção de Michael Radford, uma comédia romântica com uma história de amor na terceira idade. Nova versão deste filme que em 2005 foi lançado com grande sucesso, uma produção Argentina.
Fred Barcroft ( Christopher Plummer) é um viúvo na faixa dos 80 anos, que se muda para um apartamento por imposição da filha Lydia (Márcia Gay Harden) e do genro. Fred é um idoso mal humorado, hipocondríaco, fechado em seu mundo, pessimista e que só enxerga na velhice uma fase desagradável da sua vida, que o leva a pensar na proximidade da morte. Nesta mudança de domicílio, Fred conhece a sua vizinha Elsa (Shirley MacLaine), uma senhora que é o oposto dele, a alegria personificada, dinâmica, imprevisível, envolvente, que sorve todos os momentos da sua vida e apesar dos 80 anos, se sente uma garota cheia de sonhos e vive a cometer loucuras em prol de viver de forma intensa. O sonho de Elsa é ir a Roma para vivenciar a cena do filme ¨A Doce Vida¨de Fellini, onde Anita Ekberg e Marcello Mastroianni protagonizaram a antológica cena na praça da ¨Fontana di Trevi¨. Enfim, Elsa é um verdadeiro livro de auto ajuda para Fred.
Duas pessoas completamente opostas em temperamento e vivências de vida que se encontram na fase do outono tardio e apesar da idade, se apaixonam e desejam viver intensamente este momento e aproveitar esta oportunidade que a vida lhes oferece.
Uma comédia romântica meiga e divertida, uma bela história de amor com fundo melancólico.  Emoção é a palavra exata no olhar deste casal apaixonado. Reaprender a sorrir, a enxergar encanto no final da vida, com urgência de viver; tema envolvente e encantador com ar melancólico.
Os atores Shirley MacLaine e Christopher Plummer têm uma ótima química e atuação exemplar, com boa narrativa e fotografia e roteiro coerente.
Fica a reflexão sobre o tempo do amor, será que a paixão é privilégio só dos jovens? Existe preconceito pois a idade avançada leva a pensar na proximidade da morte e os subterfúgios que cada pessoa assimila diante deste fato. Pessoas envelhecem mas continuam vivas e ardentes por dentro e nunca é tarde para amar e transformar sonhos em realidade. Enfim, ¨não importa como vivemos, mas a forma como resolvemos viver¨. Fica esta grande lição de vida.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

UMA LONGA VIAGEM


Produção de Jonathan Teplitzky, o filme Uma Longa Viagem (Austrália/ Reino Unido) é um drama baseado na obra autobiográfica homônima de autoria de Eric Lomax.
Através de uma doce e bonita história de amor conhecemos a vida de Eric Lomax (Colin Firth), um veterano de guerra apaixonado por trens e traumatizado com as barbáries sofrida nas mãos dos japoneses.
Segunda Guerra Mundial, Eric Lomax era um jovem soldado britânico que, junto com seus companheiros de batalha, foi capturado pelo exército japonês em Singapura, e tratados como verdadeiros escravos na Tailândia na construção da Ferrovia da Birmânia, conhecida como ¨Caminho de Ferro da Morte¨.  Através de flashbacks assistimos o jovem Eric Lomax (Jeremy Irvine) em um campo de concentração japonês, onde foi torturado quase até a morte, gerando um trauma tão grande, que 40 anos depois tornou-se um homem reservado e fechado dentro do seu mundo e dos seus fantasmas. Em uma de suas viagens de trem, Lomax conhece Patti (Nicole Kidman), se apaixonam perdidamente e logo se casam.
 Ao descobrir através de seu amigo e companheiro de guerra Finlay (Stellan Skarsgard) que seu algoz Takashi Nagase  estava vivo e trabalhava  como guia no mesmo local  do campo de concentração, Lomax vai ao encontro do seu torturador que deixou marcas cruéis na sua alma,  possuído por sede de vingança.
Será que Eric Lomax sairá desta longa viagem saciado da sua vingança ou o encontro com seu algoz será sua redenção?
Drama profundo, comovente, uma história lenta que condiz com o enredo do filme. Voltado para mostrar fatos numa narrativa austera, um filme certinho, com cenários bem construídos e boa fotografia. Uma história com poder fascinante, imaginar que é baseado em história real e o final é incrível, coloca o revés da moeda, um acerto de contas do passado.
Uma mensagem sobre o poder do amor,  se é possível perdoar alguém que tanto mal te fez e dos traumas dos que participaram dos horrores da segunda guerra mundial.



domingo, 21 de dezembro de 2014

HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS



O filme Homens, Mulheres e Filhos (EUA) é uma comédia dramática que fala de relações humanas na era atual, em que a internet praticamente rege e dá peso considerável ao universo e às vidas das pessoas. Realização do diretor Jason Reitman, conhecido por ótimos filmes como Juno e Amor sem Escalas.
Baseado no livro homônimo de Chad Kuttgen, com um tema atual e interessante, um alerta para pais e filhos. O on-line virou uma epidemia social e influencia a vida da maioria das pessoas, principalmente dos jovens. Troca-se o real pelo virtual e em muitos casos o exagero, a falta de limite interfere na vida das pessoas e até traz danos às relações em geral. O objetivo do filme é justamente mostrar esta era digital, o papel da internet neste século, a ligação e interferência do virtual na vida das pessoas, trocando o tete-a-tete pelo virtual.
São repassadas várias situações para a plateia, como um casal em crise (o ator Adam Sandler em papel sério, interessante e ele dá conta do recado); uma adolescente com anorexia e que quer perder a virgindade com o galã da escola; um adolescente viciado em sexo virtual; um filho deprimido (Ansel Elgort, para suspiro da galera jovem) cuja mãe abandonou o lar; uma mãe controladora (Jennifer Garner) que vigia todos os sites e e-mails de sua filha. Histórias que se cruzam pois os adolescentes estudam no mesmo colégio e vivem neste século regido pela internet.
Filme com tema super interessante e atual que nos leva a repensar o poder do mundo virtual nas relações humanas e a dificuldade de diálogo dos pais, que muitas vezes não sabem como agir neste emaranhado de rede digital. Mas peca pela lentidão, um roteiro sem emoção, uma pulsação em compasso lento e alguns descompassos; falta dinamismo e empolgação e pouco convence diante de assunto empolgante e tão atual.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

MOMMY



Este jovem e genial cineasta Xavier Dolan, conhecido por filmes com Eu Matei Minha Mãe, nos presenteia com este excelente drama Mommy (Canadá), como diretor, produtor e roteirista.
Filme ficcional, passado em 2015 quando é promulgada uma lei no Canadá, permitindo que pais com filhos problemáticos tivessem a possibilidade de interná-los em hospital público.
Conta a suposta história de Diane Després, vulgo Die (Anne Dorval), mãe do adolescente Steve (Antoine-Olivier Pilon), um rapaz com TDAH ( Distúrbio de déficit de atenção com Hiperatividade), um transtorno neurobiológico que aparece na infância e acompanha o indivíduo por toda vida, que mistura desatenção, inquietude motora e mental e impulsividade, podendo levar à violência em alguns casos. Envolvido em furtos e outros atos criminosos, Steve precisa de apoio terapêutico e Diane decide cuidar sozinha do seu filho,  apesar de suas dificuldades emocionais e financeiras. Termina contando com a ajuda da nova  vizinha Kyla(Suzanne Clément), que é professora.  Kyla envolve-se com mãe e filho, mas ela também tem questões emocionais a resolver. Enfim, três pessoas que precisam de ajuda terapêutica tentando se ajudar e se equilibrar.
Um drama profundo, impactante e excepcionalmente excessivo que sai do rotineiro; um conjunto de ações, cores e músicas com atuações excelentes deste trio de atores com personagens complexos, desestruturados em situações extremistas, modulando o tempo inteiro alegria versus dor.
Roteiro bem esquemático, fotografia absorvente, imagine a tela em formato 1:1 (instagram) que nos dá a  sensação de aprisionamento e fobia, claustrofóbico em resolver situações. De repente muda-se o formato, levando a plateia à sensação de liberdade, um abrir para a vida e seus problemas, momento mágico. Trilha sonora excepcional, atentem-se à cena da cozinha quando eles dançam ao som da música de Celina Dion.
Filme com cenas fortes e impactantes que vão direto ao âmago da plateia e nos leva a refletir sobre relações e a falta de limite e equilíbrio entre pessoas, como esta mãe Die que por amor decide assumir um filho problemático, mas sem ter a devida capacidade emocional desta sobrecarga em sua vida. O amor existe mas as dificuldades testam este sentimento o tempo todo.
Filme lindo e incomodativo, um verdadeiro soco no estômago, que ficará no nosso pensamento e nos levará à reflexão sobre nossas relações e limitações.
Premio do Júri do Festival de Cannes 2014; escolhido para representar o Canadá no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2015.



sábado, 13 de dezembro de 2014

BOYHOOD - DA INFÂNCIA À jUVENTUDE




Boyhood - da Infância à Juventude (EUA), direção do cineasta Richard Linklater (da trilogia Antes do Amanhecer), filme com proposta diferenciada, uma ideia inovadora para o cinema. Em 2002 o diretor iniciou as filmagens dos personagens desta história durante 12 anos, centrado na figura do menino  Mason, da sua infância até a sua juventude, um projeto ousado e arriscado com um final digno de obra de arte. Por sinal, Ellar Coltrane tem ótima atuação no papel do garoto Mason,  um investimento que deu certo.
Direção e roteiro perfeito, natural e dramático quando necessário, trilha sonora espetacular, músicas de uma década, de Paul McCartney a Lady Gaga; fotografia simples e natural, sem efeitos visuais; diálogos condizentes, mesclando drama com cenas divertidas.
Filho de pais divorciados, Mason (Ellar Coltrane) vive com sua mãe Olívia (Patricia Arquette) e sua irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor). Mason tem que aprender a lidar com os namoros e casamentos de sua mãe e mudanças constantes de cidade, e também a ausência do pai Sr. Mason ( Ethan Hawle), uma pessoa inconstante mas que procura sempre que possível seus filhos e deseja acompanhar seu desenvolvimento.
É incrível observar o tempo passar e o efeito real da idade e maturidade dos integrantes do filme, em um cotidiano normal de qualquer ser humano. Em especial de Mason e sua irmã Samantha é de impressionar, devido às mudanças físicas e emocionais nesta fase da vida. Em determinado momento a gente imagina que tudo aquilo realmente aconteceu, pela naturalidade e simplicidade, eis a fórmula perfeita deste projeto experimental  inédito no cinema.
É o tempo que passa com seus problemas, alegrias, frustrações, erros e acertos, como na vida de qualquer pessoa. Delicado e sensível mas sem apelos, que nos leva a refletir sobre a vida cheia de altos e baixos. O filme é a própria representação da vida, com seu fluxo e energia própria, com toda sua beleza, dificuldades e esplendor.
No final é como uma simbiose entre o real e o imaginário sobre o movimento da vida corriqueira e o crescimento do menino Mason. Observar a passagem do tempo nos rostos e atitudes da família  Mason, nos lembra o nosso próprio tempo e o que dele fizemos.
Um experimento intenso, perene e extraordinário dentro da própria simplicidade e cumplicidade da vida como ela é,  pelas luzes da sétima arte, de forma natural e sem maquiagem.







quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

COMO MATAR MEU CHEFE 2



Direção de Sean Anders, a comédia Como Matar Meu Chefe 2 (EUA) com o mesmo trio de atores do primeiro filme com o mesmo título (2011), aproveita o gancho do anterior que teve um sucesso inesperado e que foi realmente ótimo, uma comédia com clichês e que leva o público às gargalhadas.
Desta vez os atrapalhados amigos Nick Hendricks (Jason Bateman), Dale Arbus (Charlie Day) e Kurt Buckman (Jason Sudeikis), após serem vítimas de chefes inescrupulosos  que os humilhavam, decidem montar um negócio e ser seus próprios chefes. Inventam um produto revolucionário, um chuveiro com sabão e massagem e o milionário Bert Hanson (Christoph Waltz) decide apostar neles, para depois os ludibriar e passar a perna nos pobres coitados. Estes então, decidem sequestrar seu filho mimado Rex Hanson (Chris Pine), e assim receber o valor do resgate.
Em meio a trapalhadas criminosas e confusões, piadas repetitivas, chulas e de baixo calão, algumas racistas, o filme perde a sutileza e torna-se insosso, um desperdício para este trio de artistas tão competentes. No elenco constam personagens que foram eficazes no primeiro filme, como Jennifer Aniston como a pervertida Dra. Julia Harris, Jamie Fox como o orientador das malandragens e Kevin Spacey que está na prisão mas continua dando ordens aos incompetentes trapalhões, mal aproveitados nesta nova versão.
Menos divertido que o anterior, com trama e roteiro meio perdido, a inclusão dos novos personagens na figura do investidor Bert Hanson e seu filho Rex Hanson caem muito bem e dão um ânimo nesta comédia.
As cenas finais com o improviso dos atores principais é interessante. Enfim, uma comédia para uma tarde sem muitos risos, que em alguns momentos diverte, mas é inevitável a comparação com o primeiro filme original e engraçado, mas neste falta justamente estes elementos. 
Para o público que adora comédia pastelão, deve gostar. Afinal, quem em algum momento de sua vida não teve vontade de fazer seu chefe desaparecer?...

domingo, 7 de dezembro de 2014

JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA- PARTE 1



Mais um filme desta franquia tão conhecida do público, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (EUA), direção de Francis Lawrence,  é um blockbuster eficiente que alcança o público jovem.
Com uma heroína carismática que luta pelo ideal democrático, filme de ficção científica com um toque político, enfoca mais o lado psicológico e ideológico dos personagens e diminui as cenas de ação.
Após o massacre do governo do Presidente Snow (Donald Sutherland), o Distrito 13 escolhe como líder Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), tornando-a o tordo na luta contra este governo autoritário, para acabar com o domínio da capital sobre os distritos, um interessante assunto político. Katniss aceita a proposta, inclusive porque seu namorado Peeta (Josh Hutcherson) foi preso e está sendo usado para ludibriar os que conseguiram sobreviver, através de propaganda enganosa. Katniss será a líder da revolução desde que Peeta e seus companheiros sejam anistiados após o resgate.
A batalha é feita através da propaganda, utilizando e expondo o produto de forma tendenciosa, uma tentativa de manipular as pessoas e o Poder. Isto leva o público à reflexão, um diferencial das séries anteriores.
Filme tenso mas que diverte, com figurino, reconstrução de época  e trilha sonora de qualidade. A fotografia em tons escuros, a demonstrar melancolia e angústia dos personagens, uma fase sombria que eles estão vivenciando. Com duração de 2 horas e meia, poderia diminuir o tempo, em função da lentidão e pouca ação. O interesse é expor o lado psicológico dos personagens, como a heroína Katniss, uma jovem insegura e emotiva. E a competente atriz Jennifer Lawrence no papel da protagonista Katniss Everdeen,  entra na briga política como o tordo da revolução, trazendo emoção, beleza e carisma ao personagem.
Os atores Liam Hemsworth (Gale), Julianne Moore (presidente Alma Coin) e Philip Seymour Hoffman (Plutarch) com boas atuações,  mas pouco brilho. Este foi o último filme de Philip S. Hoffman.
Enfim, menos impacto e mais reflexão. E estas questões podem ser trazidas para os dias atuais, porque não?
¨Se nós queimarmos, você queimará conosco¨, lema da heroína Katniss Everdeen.




quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

DE VOLTA AO JOGO



De Volta ao Jogo (EUA), direção da dupla David Leitch e Chad Stahelski, um filme de ação e suspense com um diferencial, com ar nostálgico e emotivo, ao mesmo tempo descontraído e momentos até divertidos.
Roteiro enxuto e boa fotografia, trilha sonora condizente com o filme, apesar de clichês já conhecidos, cenas de ação e violência bem feitas sem chocar.
No papel principal o ator Keanu Reeves é o tipo anti-herói, não tem físico de lutador mas um visual bacana, e seu rosto frio e direto na câmera condiz com um desempenho à altura;  vai de forma sagaz e ágil  direto na briga, e sem rodeios  até os finalmentes, sem pena e dó de seus adversários.
Na história temos John Wich ( Keanu Reeves), um antigo e respeitado matador da máfia russa, um verdadeiro mito nesta área, que há cinco anos se aposentou desta profissão por amor. No momento sofre a dor da perda da esposa e tem como única lembrança uma cachorrinha que ela o presenteou,  símbolo de um saudoso amor. Quando Josef Tarosov (Alfie Allen), o filho do chefão da máfia  russa rouba seu carro e mata sua cachorrinha, vem à tona o instinto vingativo de John Wich, e na dor do luto, o antigo assassino parte disposto a tudo, para cima de toda a máfia 
Viggo Tarasov ( Michael Nyqvist), o chefão da máfia russa tenta interceder em favor do seu filho, mas John wich não está para diálogo, só destruição.
Filme de ação e violência com lado satírico, como na cena que o policial demonstra conivência com o assassino e os pagamentos são todos feitos com uma moeda específica do legendário John Wich. Apesar de muito sangue nas cenas de ação, é exatamente isto que o diretor deseja mostrar, sem chocar o público.
Como uma história romântica pode mudar o rumo de uma vida, e o que acontece quando alguém tira a última esperança desta pessoa, ressurgindo o lado frio e cruel do personagem, eis uma história interessante.
Com ação do início ao fim, este filme é uma grande surpresa para até quem não curte este estilo, e boa diversão!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

DEBI & LÓIDE 2




 Depois de 20 anos, esta dupla implacável Debi & Lóide 2 ( EUA) retorna às telas, direção dos irmãos Bobby e Peter Farrelly. Uma comédia que cumpre o que promete, uma mera diversão e consegue captar a essência do primeiro filme.
Os atores Jim Carrey e Jeff Daniels como Lloyde Christmas vulgo Lóide e Harry Dunne vulgo Debi, continuam impagáveis e inconvenientes, e  apesar da idade têm o mesmo vigor cômico, nos remetendo há 20 anos atrás, quando conhecemos pela primeira vez esta dupla.  Incrível imaginar depois de tantos papeis dramáticos, que estes atores consigam a mesma química e fiquem tão à vontade no filme.
Cenas hilárias e grotescas que distraem e constrangem o público, piadas de baixo calão e politicamente incorretas, apelando para as caretas já conhecidas de Jim Carrey, diálogos bobos e simplório, somente com a intenção de levar o público às gargalhadas. Conseguem o intento, mas perde um pouco o ritmo na segunda parte da história, se é que existe roteiro, que é sem pé nem cabeça, mas este é exatamente o que interessa.
Depois de tantos anos, Debi descobre que tem uma filha de uma colega (Kathleen Turner) dos tempos da escola e dos amassos, como ele mesmo diz, e os dois amigos vão em busca desta filha (Rachel Melvin), pois Debi precisa realizar um transplante de rim, eis a sinopse desta comédia.
Será que vale tudo em prol de uma boa piada? Pelo menos para Debi e Loide sim. Então quem quiser entrar no cinema para rir de besteirol (e não espere piadas inteligentes) e sentir como se estivesse em um circo, esta é a essência  desta comédia. Top do Besteirol e tem público para isso!!




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

POR UMA MULHER



Direção de Diane Kurys,  o filme Por Uma Mulher (França) é um drama delicado, sensível, que através de flashbacks vai sugerindo e expondo uma história familiar e o drama de uma paixão proibida.
Com a morte de sua mãe, Anne (Sylvie Testud) encontra fotos e cartas antigas no álbum de familia, e entre elas, a foto do seu tio Jean (Nicolas Duvauchelle), irmão de seu pai Michel (Benoit Magimel), e a partir daí paira uma dúvida sobre o passado de sua mãe, que Anne precisa descobrir para entender melhor sua identidade de filha.
Anne resolve percorrer este caminho obscuro da história de seus pais, quando eles viviam na cidade de Lyon em 1945, ambos foragidos do regime nazista. Um certo dia Jean, o irmão mais novo de Michel que todos pensavam que estava morto, aparece na vida deles. Apesar de ser muito bem acolhido pelo seu irmão, paira no ar um certo mistério sobre sua real identidade, seria ele um espião ou um traidor? E a proximidade de Jean com Lena (Mélanie Thierry) a esposa de Michel, cria um vínculo de amizade entre eles que terminam se apaixonando.
Com este triângulo amoroso formado, com clichês previsíveis, o drama se desenrola. E é interessante observar o lado político, as reuniões do partido comunista na qual Michel é atuante, apesar do foco principal ser o drama familiar.
Deveria Lena ceder a emoção por uma paixão inconsequente ou deixar a razão falar mais alto? Eis o dilema desta mulher que tem enorme gratidão por um marido que lhe salvou das garras do nazismo.
Enquanto desvenda os segredos da família, Anne vai conhecendo melhor sua mãe quando era jovem e suas dificuldades e frustrações como mulher e esposa, e entendendo melhor suas atitudes como mãe.
Com bom cenário, boa fotografia e trilha sonora adequada, além de belos atores, apesar de faltar mais expressividade e emoção nas cenas. Enfim, um filme bom para uma tarde agradável, nada mais que isto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

UMA PROMESSA


Produção França/Bélgica, o filme Uma Promessa, direção e roteiro de Patrice Leconte é uma adaptação do conto ¨Carta de uma Desconhecida¨do escritor austríaco Stefen Zweig, por sinal primeiro filme deste cineasta no idioma inglês.
É um drama com uma história de amor passada na Alemanha anos 1920, e conta a história do jovem ambicioso Friedrich Zeith ( Richard Madden), que vai trabalhar em importante siderúrgica, e pela sua competência é promovido pelo seu patrão Karl Hoffmeister ( Alan Rickman) ao posto de secretário particular. Ao ser convidado para morar na mansão do patrão, Friedrich passa a conviver com sua jovem e bonita esposa Lotte (Rebecca Hall) e seu filho Otto. A proximidade faz com que Friedrich e Lotte se apaixonem apesar de terem noção da impossibilidade deste amor.
Ao ser transferido para o México para chefiar uma operação da empresa, os dois enamorados fazem uma promessa, de um dia se reencontrarem. Neste ínterim explode a 2a. Guerra Mundial e a separação e dificuldade de comunicação aumenta ainda mais para Friedrich e Lotte.
Será que o verdadeiro amor  é capaz de superar a distância e o tempo?
Filme correto com uma linda história de amor, mas que falta emoção na trama, tudo muito linear, sem altos e baixos, uma apatia em todos os sentidos. A primeira parte tem um desenrolar crescente mas perde o ritmo justamente quando eles se descobrem apaixonados e quando Friedrich é transferido para o México.
A platéia não consegue se envolver com o drama e seus personagens. Afinal, a paixão é algo que desnorteia os envolvidos e até quem assiste, que em geral torce por este sentimento tão maravilhoso que é o amor.
Enfim, um lindo romance que assistimos com atenção, mas falta brilho e empolgação no olhar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UMA VIAGEM EXTRAORDINÁRIA



Direção do cineasta  Jean-Pierre Jeunet ( O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), o filme Uma Viagem Extraordinária (França/ Canadá) é baseado no romance homônimo ilustrado de Reif Larsen e mistura o fantástico à nossa realidade.
Este drama familiar mesclado com aventura infantil é narrado por J. S. Spivet ( Kyle Catlett) uma criança de 10 anos, cheio de magia e sentimentalismo. Com boa direção e roteiro interessante, o forte é a fotografia com paisagens e cores incríveis, efeitos especiais em 3D diferenciados dos filmes que estamos acostumados a assistir. Com linguagem própria, personagens estranhos meio surreais, uma temática triste, fala-se de perdas e preconceito. Na segunda parte do filme, quando J. S. parte para Washington, perde-se um pouco o ritmo e o foco do filme.
Conhecemos a família excêntrica de J. S. Spivet, um menino superdotado, apaixonado pela ciência. Sua mãe Dra. Clair (Helena Bonham Carter) é uma bióloga cientista especialista em insetos e seu pai (Callum Keith Rennie) um cowboy durão que adora a vida no campo; e ambos não aceitam e não enxergam a genialidade do seu filho. Ao ganhar um prêmio científico muito importante, J. S. Spivet resolve fazer sozinho uma viagem da região de Montana até Washington, sem o consentimento de seus pais. E o Instituto Científico que deu esse prêmio tão importante,  também não sabe que o ganhador  é uma criança.
A partir desta premissa, ingressamos junto a J.S. no seu mundo imaginário com suas cores vibrantes, sua magia desconcertante, uma verdadeira jornada ao fundo da sua alma infantil, com momentos de humor, de alegria mas também de tristeza. É lindo sentir a fraternidade entre esses dois irmãozinhos, e melancólica a dor da perda e da rejeição para uma criança.
Os atores em geral estão condizentes com a trama, mas o pequeno Kyle Catlett como J.S. Spivet imprime uma naturalidade e frescor infantil incrível, um talento nato. Transmite fortaleza e fragilidade, ternura e tristeza mas esperteza, essa ingenuidade típica das crianças.
Um drama/ aventura infantil em tom melancólico mas não deprimente, uma jornada fantástica de um menino encantador, onde a tristeza, a alegria e a fantasia se complementam de forma leve e mágica.

domingo, 16 de novembro de 2014

IRMÃ DULCE


Direção de Vicente Amorim, o filme Irmã Dulce é baseado  na cinebiografia desta religiosa conhecida como ¨o Anjo Bom da Bahia¨, e o drama narra sua luta e ativismo social desde a juventude até a construção das Obras Sociais de Irmã Dulce.
Com boa direção, roteiro coerente e boa fotografia, conhecemos a vida desta grande mulher defensora dos miseráveis, que dedicou sua vida aos doentes e à pobreza indo de encontro ao preconceito, a desconfiança da sociedade, a indiferença dos políticos e até aos dogmas da Igreja Católica.
Ainda menina Maria Rita (assim era seu nome de batismo) já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ao tornar-se religiosa, continuou sua peregrinação pelas ruas da periferia, sempre em prol dos pobres e dos doentes, mesmo sem autorização da Igreja.
O primeiro ambulatório que criou foi no galinheiro do Convento de Santo Antônio, seu santo de devoção.
Indicada ao Premio Nobel da Paz em 1988 por seu trabalho humanitário, deixou como legado as Obras Sociais Irmã Dulce, com Hospital, creches, Centros Educativos e Asilo.
Em 2011 foi beatificada pela Igreja Católica e segue o processo de canonização para torná-la a 1ª. Santa Brasileira.
No elenco grandes atrizes, como Bianca Comparato que interpreta Irmã Dulce na juventude, com seu jeito similar na voz arquejante, incrivelmente parecida. E na fase dos 40 anos já consagrada e admirada por suas ações mas sempre com seu jeito simples, temos a grande atriz Regina Braga, com seu magnetismo espiritual que impressiona, sem exagerar na dose. E outras atrizes dão um peso no drama, como Glória Pires como a mãe Maria Rita e Zezé Polessa como sua irmã. Em papel pequeno aparece o ator Luiz Carlos Vasconcelos como Dom Eugênio Salles.
Ver no final do filme a própria Irmã Dulce nos dá uma sensação da personificação do Bem e nos leva a refletir sobre a pobreza, a condição de muitas pessoas nas comunidades carentes e de quem é a real responsabilidade pela miséria? Pois como dizia Irmã Dulce ¨Miséria é a falta de amor entre os homens¨. E assim ela mudou o rumo da história e quebrou paradigmas, com sua coragem e amor ao próximo, dando conforto, comida e cuidados de saúde aos mais necessitados e oprimidos.
Irmã Dulce morreu aos 78 anos, deixando um legado de assistencialismo guiado pelo amor e pela Fé. No final da sessão, aplausos da plateia tocada por uma vida inteira de entrega total à caridade e amor ao próximo, esta é a nossa Irmã Dulce.

¨Quando nenhum hospital quiser aceitar algum paciente, nós aceitaremos. Essa é a última porta e por isso eu não posso fechá-la¨.



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

MIL VEZES BOA NOITE



Direção de Erik Poppe, o filme Mil Vezes Boa Noite (Noruega/Irlanda/Suécia) é um drama que busca a beleza na destruição da guerra, um filme que fala de convicções e escolhas de vida.
Conhecemos Rebecca (Juliette Binoche) uma fotógrafa de renome internacional, conceituada pelas imagens que consegue captar em regiões de conflito. Ferida na última viagem a trabalho,  Rebecca retorna à sua casa e não consegue conciliar a profissão com seu papel de esposa e mãe. Seu marido Marcus (Nikolaj Coster-Waldau) e sua filha adolescente Jessica (Chloé Annett) a impor sua presença em casa e Rebecca se confronta o tempo inteiro entre sua vocação como fotógrafa e a dificuldade em manter o vínculo familiar, já que seu trabalho a mantêm ausente por muito tempo da família.
Interessante observar a inversão de papeis no seio familiar, o pai é quem cuida da casa e das filhas, para que a esposa possa desempenhar uma atividade tão árdua e que a impossibilita de participar da rotina da casa.
Escolher entre ser mãe e esposa dedicada e seguir seus anseios em uma carreira que a afasta da família, um dilema atroz para Rebecca.
A atriz Juliette Binoche está linda e magistral no papel da protagonista Rebecca, ela inspira o filme de forma tão tocante, sem ser piegas, mostrando a ambiguidade de situações.
Com bom roteiro, fotografia bela e triste ao mesmo tempo diante da barbárie da guerra, imagens cheia de metáforas e a trilha sonora condizente com o drama. O ponto alto do filme são os minutos iniciais, o ritual de preparação de uma mulher-bomba, algo que prende a nossa respiração de forma sutil e real. Algo impactante que traduz o sentimento da fotógrafa, que repassa para a plateia.
Outro momento marcante quando a filha dispara flashes sobre a mãe, como a querer que ela entenda como a família se sente diante da intranquilidade constante de perdê-la em um campo de guerra.
É algo a refletir, em certas profissões a vocação está além do ofício, como no caso da fotógrafa de guerra Rebecca, que coloca em risco sua vida para captar momentos únicos para repassar para o mundo os horrores de uma guerra desumana, com sensibilidade e ao mesmo tempo frieza, para fotos precisas em momento de calamidade.


domingo, 9 de novembro de 2014

TIM MAIA



Produção e roteiro do cineasta Mauro Lima, o filme TIM Maia é baseado no livro do produtor e jornalista Nelson Motta ¨Vale Tudo – o Som e a Fúria de Tim  Maia¨.
Conhecemos a história de vida do grande cantor e compositor Sebastião Rodrigues Maia, conhecido como Tim Maia (Babu Santana na fase adulta e Robson Nunes quando jovem), sua infância e adolescência pobre no bairro da Tijuca, onde entregava marmitas que sua mãe fazia, para ajudar no orçamento da casa. Participou do coral da igreja local e formou uma banda que tocava na paróquia. Na juventude foi morar nos EUA por alguns anos, onde teve contato com o soul,  tempos depois foi deportado por roubo e porte de drogas. Quando bem jovem formou  a banda The Sputniks com Roberto Carlos e anos depois, quando Roberto Carlos estava no auge do sucesso, Tim insistentemente o procurou para mostrar composições de sua autoria e pedir ajuda para se lançar como cantor e compositor.
Seu 1º. sucesso em 1970 foi estrondoso, com músicas maravilhosas como Primavera e Azul da cor do Mar.
Com uma vida cheia de altos e baixos no lado profissional e pessoal, foi apaixonado por Janaina (Alinne Moraes) com quem teve um filho e assumiu o outro filho dela.
Debochado, temperamental, egocêntrico, assim era Tim Maia, como ele mesmo dizia ¨um gorducho e negro que tinha tudo para dar errado¨ mas seu talento era grande demais. Era conhecido por atrasos ou falta de comparecimento em shows e seu temperamento agressivo se exacerbava pelo uso de drogas ilícitas. Faleceu em Niterói em 1998, aos 55 anos de vida.
Narrado pelo seu amigo Fábio (Cauã Reymond), com boa produção e roteiro, cenário e ambientação de época com riqueza de detalhes, resgata uma época de musicalidade criativa, com diálogos de humor irônico e o ponto forte são as músicas tocadas em seus shows, tão conhecidas pelo público.
Os atores Babu Santana e Robson Nunes como Tim Maia na fase adulta e quando jovem têm performance memoráveis no filme.  Já o ator George Sauma no papel de Roberto Carlos peca pelo tom excessivamente caricato que coloca no personagem.
Através deste drama bem construído conhecemos a vida deste grande cantor e compositor que vivia a vida de forma intensa, tudo no superlativo, e cujas músicas foram um marco na Música Popular Brasileira. Músicas tão inesquecíveis que durante o filme a plateia em peso se deliciava, cantava baixinho junto com Tim Maia.    Vale Tudo, Tim!!!


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

RELATOS SELVAGENS


Relatos Selvagens (Argentina), direção de Damián Szifron e produção dos irmãos Águstin e Pedro Almodóvar, é um filme que mescla drama e humor irônico, macabro, de forma criativa e interessante.
São seis histórias sequenciadas com situações corriqueiras do cotidiano, em tom exagerado, que nos pegam na contramão. Com diálogos fortes e ácidos em formato divertido, nos faz rir de situações de tensão onde a linha tênue do controle está sempre presente.
Na primeira história passada dentro de um avião, que por sinal é genial, já sentimos o gostinho do que nos espera. Continuando, outras histórias de pessoas comuns, como a garçonete de um restaurante de estrada que se depara com alguém que fez parte  e deixou traumas no seu passado; um desentendimento de dois motoristas em uma estrada gera consequências atrozes; um pai que a qualquer preço quer ocultar a responsabilidade do filho em atropelamento e  morte de uma mulher grávida; um pai que no dia do aniversário de sua filha se depara e se revolta com a burocracia e o sistema corrupto de seu país, quando o departamento de trânsito reboca seu carro por parar em local inadequado; e o grand finale, a hilariante história da noiva que descobre um segredo do noivo durante o casório, onde a revolta e o ciúme a levam a situação de histeria total.
Produção e direção impecável, boa fotografia, trilha sonora empolgante e um elenco bem dosado, atores bem definidos, como Ricardo Darín no episódio do pai revoltado com o sistema e a máquina burocrática, que tem seu ¨Dia de Fúria¨ e Erica Rivas que está notável como a noiva revoltada no dia do casamento.
E o legal do filme é que nada é previsível, um misto de drama/ suspense e comédia em tom exagerado, mas que nos faz refletir sobre a natureza humana e como a falta de controle pode mudar toda uma situação em questão de segundos. Um humor com toque de crítica que cutuca os espectadores, eis a principal lição.
Afinal, todas as pessoas estão sujeitas a situações-limite que mexe com o emocional, podendo levar ao descontrole, eis a questão crucial.  E é desta forma que este filme genial apresenta seus Relatos Selvagens, mostrando que em determinadas situações pessoas viram feras acuadas, em um sistema corrupto onde as aparências enganam, com histórias extremas que podemos levar para o nosso cotidiano, que nos faz rir e refletir.


domingo, 2 de novembro de 2014

10 COISAS QUE ODEIO EM VOCE






Esta comédia romântica 10 Coisas que Odeio em Você ( 1999), com direção de Gil Junger, é muito interessante e romanticamente linda. Se existe um filme que ao rever sempre agrada pelo seu teor romântico, pela sua simplicidade, este é um referencial.
Com uma boa trama, bem conduzido, as cenas românticas dão um toque especial, que sempre agrada a quem curte este gênero de filme.
Mostra a vida da família Stratford. As irmãs Bianca (Larisa Oleynik) e Katharina Stratford (Julia Stiles) são bem diferentes no modo de ser e de fazer amigos. Bianca está louca para sair com garotos e namorar, mas seu pai não aceita. Depois de muita conversa, o pai de Bianca permite que ela namore,  desde que sua irmã Katharina namore primeiro .
A situação fica difícil para Bianca, pois Katharina é tipo ¨uma megera indomada¨, que não tem amigos na escola, imagine namorados.
Então Cameron (Joseph Gordon-Levitt), um rapaz apaixonado por Bianca, resolve contratar Patrick Verona (Heath Ledger), para seduzir Katharina, e em situações inusitadas, o cupido flecha o coração de Patrick.
Os atores Julia Stiles e Heath Ledger têm uma ótima química, atuam com muita naturalidade, imprimindo um colorido jovial ao filme. A trilha sonora é um destaque à parte, bem coerente com as situações e o enredo do filme.
¨Eu odeio o modo como fala comigo

E como corta o cabelo, odeio como dirigi o meu carro.

E odeio seu desmazelo. Odeio suas enormes botas de combate.

E como consegue ler minha mente. Eu odeio tanto isso em você,

Que até me sinto doente. Odeio como está sempre certo,

E odeio quando você mente. Odeio quando me faz rir muito,

Ainda mais quando me faz chorar...

Odeio quando não está por perto e o fato de não me ligar.

Mas eu odeio principalmente não conseguir te odiar,

Nem um pouco, nem mesmo por um segundo,

Nem mesmo só por te odiar¨.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O JUIZ




O filme O Juiz (EUA) direção de David Dobkin,  é um drama com 2h.e 20’ de duração, que o público nem percebe passar, diante do envolvimento com a trama.
No papel principal o ator Robert Downey Jr. interpreta Hank Palmer, um advogado rico e brilhante, arrogante, prepotente e egoísta, que sempre defende pessoas culpadas. Sarcástico, faz piadinhas e menospreza as pessoas à sua volta, inclusive outros colegas de profissão. Sua vida afetiva está em declínio com a eminente separação da jovem esposa, e a única pessoa que ele demonstra afetividade é sua única filha de 10 anos de idade.
Com a morte de sua mãe, Hank é obrigado a retornar a sua cidade natal, enfrentar sua relação conflituosa e mal resolvida com seu pai,  o bem sucedido juiz Joseph Palmer  (Robert Duvall) com 42 anos de profissão, que não abre mão da ética e da moral.  
Ocorre um assassinato na cidade e o principal acusado é o seu pai,  e de repente Hank tem que lidar com a perda da mãe, restabelecer os laços de família com seus dois irmãos, lidar com a suposta indiferença e desprezo do seu pai, pois pretende defendê-lo e provar sua inocência a qualquer preço.
O filme tem boa direção e roteiro, enredo envolvente que apela para o lado emocional, diálogos coerentes e inteligentes, ótima fotografia e trilha sonora agradável.
Os atores Robert Downey Jr. e Robert Duvall estão muito bem nos seus devidos papeis e cabe ressaltar a atuação apesar de pequena, dos atores Vera Farmiga como Samantha, a namorada de juventude de Hank, e Billy Bob Thornton como o advogado de acusação.
Apesar dos clichês previsíveis, este melodrama nos deixa uma mensagem sobre as marcas e legados na formação do ser humano, resolver mágoas e ressentimentos valorizando o passado e preservando os momentos bons. E os conceitos éticos e morais também são motivo de reavaliação.
Um momento interessante quando Hank veste suas roupas guardadas, pega sua antiga bicicleta e pedala, sentindo o prazer na vida mais simples, sem os artifícios da cidade grande, como um retorno às suas origens.




domingo, 26 de outubro de 2014

MISS VIOLENCE



O filme Miss Violence (Grécia) com direção e roteiro de Alexandro Avranas, é um drama  impactante e provocativo, com tema forte e chocante, construído através de uma trama pesada sem sentimentalismo. O tipo do filme muito bem feito, em atmosfera degradante, opressiva, que nos sentimentaliza angústia.
Estamos diante de uma família de avós, filhas e netos que moram no mesmo apartamento. Na cena inicial temos o aniversário de 11 anos da neta Anggeliki ( Chloe Bolota), que após dançar a valsa com seu avô, se joga espontaneamente da varanda com um sorriso no rosto, na frente de sua família.
A partir deste estranho fato, inicia-se uma investigação pela polícia e serviço social para tentar descobrir o  que motivou esta criança a um ato tão definitivo e cruel.
Diante de uma família que parece convencional, a platéia irá descobrir aos poucos os segredos desta família tão organizada e controlada. As máscaras vão caindo e o que percebemos a cada cena é algo perturbador, difícil de assistir, que nos leva a um silêncio sufocante. A força do poder patriarcal se confirma na figura do avô que comanda, vigia e pune a todos indiscriminadamente. A cada olhar e sorriso das mulheres se confirma a conivência através do medo.
Fica evidente a habilidade do diretor na construção deste drama psicológico em atingir o que deseja de forma veemente e inteligente, criando uma expectativa do início ao fim.  Com boa fotografia às vezes enevoada como a mostrar o clima de tensão familiar, ângulos perfeitos, e ainda dá uma pincelada pela crise social e econômica deste país.
O elenco está irrepreensível, em especial os atores Themis Panou, Reni Pittaki e Eleni Roussinou  como os avós e mãe de Anggeliki. E o elenco infantil não fica à parte, com cenas delicadas e difíceis de interpretar.
98 minutos de uma narração insuportavelmente controlada, que não deseja empolgar, mas nos martirizar; e ao final você se aquieta na cadeira, e sai querendo esquecer tudo o que viu. Realmente perturbador!
Premiado no Festival de Veneza 2013, Melhor Direção e Melhor Ator.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ATTILA MARCEL



O filme Attila Marcel ( França), direção e roteiro de Sylvain Chomet,  é uma comédia com uma história triste e lúdica, que tem a mesma delicadeza e sensibilidade de outros filmes deste diretor, como Bicicletas de Belleville (2003) e O Mágico (2010).
Já na abertura uma grata surpresa nos faz lembrar ¨Os Embalos de Sábado à Noite¨, com o personagem gingando pelas ruas de Paris ao som de uma melodia.
Conta a história de Paul (Guillaume Gouix), um rapaz com mais de 30 anos que mora em Paris com duas velhas tias aristocráticas ( Bernadette Lafont e Hélène Vincent) que sonham em Paul se tornar um virtuoso pianista . Ele não fala desde os 2 anos de idade, vive a tocar piano em saraus na casa das tias, nas aulas de dança, isolado do mundo exterior e suas vivências. Pois o mundo de Paul sempre foi sombrio, guiado e cuidado pelas tias que achavam que ofereciam o melhor para ele. Com isso não o deixavam crescer, interagir com o mundo e as pessoas, fazer suas próprias descobertas, ficando preso dentro de sua própria mudez.
Pelo quarto de Paul podemos vislumbrar um mundo lúdico, com seus objetos, retratos e recordações da uma infância que o prendeu e ele não consegue se desvencilhar.
Sua vida muda quando conhece sua excêntrica e misteriosa vizinha, Madame Proust ((Anne Le Ny), que cultiva ervas em seu apartamento, fazendo chás com efeitos alucinógenos, e através destas ¨viagens¨ ao seu interior,  Paul retorna às lembranças do seu passado de forma fantasiosa e original.
Para alguém que não fala desde os 2 anos de idade e nem consegue expressar seus sentimentos e emoções, Paul passa a viajar através da memória cognitiva, com o uso dessas infusões, permeando entre o real e o imaginário, cheia de flashbacks. E o ator Guillaume Gouix tem ótima atuação, sem sequer falar uma palavra, somente a arte de expressão e seus lindos olhos azuis a demonstrar a sua tristeza em plena comédia.
Uma história leve, lúdica, tocante, trilha sonora envolvente, quase um musical, cheio de metáforas, com personagens exóticos e caricaturados. As cômicas aulas de dança beiram o excêntrico de forma tão leve, assim como a apartamento arcaico das tias, tão diferente do quarto de Paul.
Um filme que nos delicia ao nos reportar ao mundo pueril e lúdico de Paul, com mensagens do significado de família, abandono, amor, velhice e ideais.

domingo, 19 de outubro de 2014

O FÍSICO



Direção de Philipp Stölzl, o filme O Físico (EUA/Alemanha) é um drama de época com aventura, passado na Idade Média. Inspirado no complexo e interessante livro homônimo de Noah Gordon, com um tema fascinante, mas o filme perde para o livro que é incrível, uma história que une ideal, medicina, amor, descobertas importantes para o mundo.
Inglaterra, século XI. Conta a história de Rob Cole (Tom Payne, na fase adulta), um garotinho que assiste a morte de sua mãe com a ¨doença do lado¨,  conhecida depois como apendicite. Separado de seus irmãos, Rob é criado pelo barbeiro Bader (Stellan Skarsgard), uma espécie de curandeiro que vendia medicamentos e prometia curar as pessoas com métodos grosseiros e artesanais.
Rob cresce com um ideal de se tornar médico e ao saber que existe na Pérsia um médico famoso chamado Ibn Sina (Ben Kingsley), que acolhe os pacientes em um hospital e os trata com cuidados específicos. Rob inicia sua jornada até a Ásia, mas como cristão não pode entrar neste continente. Então Rob tenta se passar por judeu, e nesta jornada, além de aprender a arte da Medicina, ele conhece o verdadeiro amor da sua vida.
A maior dificuldade desta época era a investigação sobre o corpo humano, pois abrir um cadáver era considerado um tabu, um perjúrio tanto pelos cristãos como pelos judeus, as religiões em geral não aceitavam a autópsia, isso dificultava desvendar as doenças.
Com cenários ambientados e boa fotografia mostrando os desertos e a Pérsia Antiga, peca pelo roteiro que oscila entre o drama e a ventura e se perde ao contar esta história tão bonita, com excesso de clichês e tramas paralelas que  desviam do tema principal.
Os atores em geral estão bem em seus papéis, apesar do roteiro e diálogos meio inconsistentes dificultarem maior interação.
Para quem estranhar o título do filme, naquela época não existia médicos e quem se dedicava aos cuidados com os doentes era chamado de físico.
Um drama com aventura,  verdadeira epopeia na Época Medieval e apesar dos pontos negativos, vale a pena assistir, e quem sabe se interessar em ler um ótimo livro.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O ÚLTIMO CONCERTO



Direção e roteiro de Yaron Ziberman, o filme O Último Concerto (EUA) é um drama/ ficção comovente, com diálogos sensíveis, boa fotografia, para quem é fã de música erudita, vai se deliciar.
Com bom roteiro diante de um tema delicado, a perspectiva de dissolução de um quarteto de cordas famoso, com 25 anos de parceria e amizade, que de repente tem que lidar com uma situação de stress que acomete todos os componentes, o afastamento de um de seus membros com diagnóstico de Mal de Parkinson.  Mostra o profissionalismo de músicos conceituados e a seriedade de um trabalho tão meticuloso.
A partir dessa premissa os conflitos entre os membros do quarteto começam a sucumbir, como ciúme, inveja, ego inflado, e outras histórias pessoais vêm a tona, tendo como pano de fundo a música erudita, eis o grande destaque.
Com  atuações irrepreensíveis temos o ator Christopher Walker como o violoncelista Peter Mitchell, o mais velho do grupo e que serve de elo entre os seus companheiros, e justamente ele está com a terrível doença de Parkinson; O ator Philip Seymour Hoffman como  Robert Gelbart, o 2º. Violino e que não se conforma de nunca o terem colocado como 1º. Violino, a cargo do músico Daniel Lerner (Mark Ivanir), um verdadeiro duelo de egos. E a musicista Juliette Gelbart (Catherine Keener), casada com Robert, que tem que conciliar o casamento em crise com os ensaios e as apresentações do quarteto.
O maior destaque do filme é a trilha sonora que funciona como um componente a mais, enlevando a plateia com a música de Beethoven, o Opus 131, como um fio condutor do drama.
Um filme sensível, onde a perda eminente de um membro de um grupo de cordas leva ao descontrole emocional e o que estava contido há anos vem à tona, problemas pessoais que afetam a qualidade do quarteto, que fará sua última apresentação em Nova York. E o que observamos é que o espírito de grupo e o profissionalismo supera todas as questões, diante da magnitude da arte.