segunda-feira, 27 de abril de 2015

RISCO IMEDIATO


Direção de Henrik Ruben Genz, o filme Risco Imediato (Reino Unido/ EUA) mistura ação policial com suspense, estilo que tem um público específico.
O casal Tom (James Franco) e Anna (Kate Hudson) se mudam para Londres após herdar um sobrado velho da família, com a perspectiva de uma vida melhor . Mas Tom tem dificuldades de arranjar emprego, a situação financeira piora, e eles decidem alugar um andar da casa para Bem Tuttle( Francis Magee). Só que Bem é um traficante envolvido e perseguido pela Máfia e é assassinado. A partir daí o casal Tom e Anna passa a ser perseguido pelo detetive John Halden (Tom Wilkinson) e pela Máfia, passando por muito apuros.
Filme de ação policial com suspense, boa fotografia, roteiro dinâmico entremeado com momentos românticos do casal Tom e Anna. Como a maioria dos filmes de ação, os clichês previsíveis e momentos surreais fazem parte de trama razoável.
Os atores James Franco e Kate Hudson têm um desempenho regular, faltando certo ânimo e emoção. O ator Omar Sy interpreta Khan, o chefão da Máfia que persegue o casal protagonista.
Para quem curte este gênero de filme, dá para distrair.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O DANÇARINO DO DESERTO



O dançarino do Deserto (Reino Unido), direção de  Richard Raymond, é um drama baseado em história real interessante e que fala de sonho, do desejo interior de realização ligado a dança.
Irã, 2009. Conta a história de Afshin Ghaffarian (Reece Ritche), que desde criança era fascinado pela arte da dança. Na juventude, consegue formar um grupo de dança com amigos da faculdade, às escondidas já que neste País é proibido qualquer exposição de arte. Através de vídeos clandestinos, Afshin ensaia com o grupo, e conhece a jovem Elaheh (Freida Pinto), ambos apaixonados pela dança e  terminam se enamorando. Mas todo artista tem o desejo maior de mostrar a sua arte, e como fazer isto em um país repressor?  Afshin planeja então uma apresentação no deserto, algo surreal de se imaginar verídico, mas esta é a história real, daí o título do filme.
Um filme delicado, contemporâneo, onde a maior beleza está nas cenas de expressão corporal, a dança no deserto é realmente tocante e bela, uma fotografia exemplar. E o final é bem singular e verdadeiro.
Uma história forte que mistura política com a arte. Mostra a falta de liberdade de expressão e a opressão agressiva no Irã para quem não segue à risca a lei islâmica. As boates secretas, as casas de cultura e as pessoas sendo vigiadas e severamente castigadas por infringirem as leis.
O tema do filme é muito rico, ainda mais quando sabemos que é baseado em história real, mas o roteiro convencional e com clichês melodramáticos, peca pela superficialidade em que coloca o sonho do artista e o contexto político do filme, não conseguindo criar o clímax esperado.
Uma boa sessão da tarde, esta é a sensação que sentimos ao sair do cinema.

domingo, 19 de abril de 2015

CHEGA DE SAUDADE (Brasil) - Mostra + 60



Direção e roteiro de Laís Bodanzky ( responsável pelo filme Bicho de 7 cabeças /2001),  o filme Chega de Saudade (Brasil /2008) recebeu vários prêmios no Festival de Brasília 2008, Troféu Candango de Melhor Roteiro, de Melhor Direção e Melhor Filme pelo Júri Popular.
Este drama recheado de música traz o salão de dança para a tela de cinema, algo prazeroso de assistir. Se passa em um clube de dança da terceira idade durante um dia, da manhã até meia noite, quando diversos personagens conversam e dançam, e cujas histórias vão se entremeando ao som de ótima música. Cada personagem com seus problemas, seus anseios, suas limitações inerentes à velhice. Interessante observar a interação dos garçons antigos do local com os colegas de dança, com suas personalidades diferentes e estilos próprios.
Atores de primeira grandeza fazem parte do elenco, como Betty Faria (Elza, a balzaquiana que se sente sozinha e abandonada na pista); Cássia Kis Magro como a meiga Marici, apaixonada por seu companheiro Eudes (Stephan Nercessian), um coroa galanteador que se encanta pela jovem Bel (Maria Flor), namorada do editor de som Marquinhos (Paulo Vilhena), como a querer retornar um tempo que já se foi.  Os atores Leonardo Villar e Tonia Carrero estão ótimos como o casal Álvaro e Alice, que se amam mas vivem às turras. Os diálogos, as frustrações e sonhos são desfiados e entremeados com as músicas, como a dar um tempo a repensar o desperdício nesta fase da vida...
A cantora Elza Soares dá um show à parte com seu vozeirão rouco melodiando canções gostosas de escutar. Uma exaltação à vida, melancólico e nostálgico, para quem gosta de dançar dá vontade de sair bailando e cantando.
Filme divertido e saudosista, mostra que os problemas fazem parte da vida,  a carência afetiva no envelhecer, mas que todos podem se divertir. E a dança age como terapia lúdica, afinal quem não gostaria de ser convidada por um parceiro para rodopiar em um salão ao som de uma boa música?

http://pt.wikipedia.org/wiki/La%C3%ADs_Bodanzky

quarta-feira, 15 de abril de 2015

( O VENTO LÁ FORA )



Filme exibido no Festival Rio 2014, direção de Márcio Debellian, roteiro de Márcio e Diana Vasconcellos, o documentário (O Vento Lá Fora)  é um recital vivo, uma leitura de um dos maiores autores da língua portuguesa, Fernando Pessoa.
Gravado na Festa Literária de Parati 2013, não foi tirado de arquivo, ambientado neste local com seleta plateia, apenas poucas cenas em um banco de jardim.
Maria Bethânia, ícone da MPB brasileira, amante da poesia deste poeta, sempre em seus shows declama lindamente, inclusive gravou no disco Rosa dos Ventos.A dupla se completa com a professora universitária da URFJ, Membro imortal da Academia Brasileira de Letras  e especialista na Língua Portuguesa, em especial nas obras de Fernando Pessoa, Cleonice Berardinelli.. Que dupla, de tirar o fôlego!! Cleonice no auge dos seus 98 anos nos fascina com sua vivacidade, lucidez e conhecimento na arte de declamar, sempre atenta a forma e conteúdo dos versos. Devagarzinho ela toma a cena e Bethânia acompanha com seu jeito simples e timbre de voz inigualável, aliando o interesse pelas correções de inflexão da mestra Cleonice, acatado humildemente por Bethânia, que fascinada aprende. Que execução do lindo Poema em Linha Reta, um deleite para fechar os olhos e perceber o poder das palavras. Santa e poética aliança, perfeita!
Documentário em preto e branco, lento, câmera no encontro dos rostos,  devagar como para dar tempo de digerir os lindos versos de Fernando Pessoa. A serenidade no olhar e nas palavras é algo tocante, mesmo em  alguns versos fortes de Pessoa.
Saímos encantados com o sarau,  Maria Bethânia, a aluna a descobrir o potencial da arte de declamar da mestra Cleonice Berardinelli, surpreendida com seu frescor e vivacidade.
O poeta, filósofo e escritor Fernando Pessoa, considerado o mais universal poeta português, nasceu em Lisboa e aos 8 anos foi morar em Durban, África do Sul.  Desde cedo dedicado à arte da escrita, criou outras vidas através de múltiplas personalidades que ele chamava de heterônimos, como Álvaro de Campos (dizia que era o divã do poeta),  Alberto Caieiro (denominava seu Mestre), Ricardo Reis ( o mais suave e lírico). Aos 17 anos retornou definitivamente para sua terra natal e morreu em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos.
Num tempo em que só se tem espaço para o virtual, o imediatismo e o superficial, parar por 1 hora e sorver os versos de Fernando Pessoa, declamados de forma doce e com ensinamentos por duas experts e admiradoras da poesia,  só podem calar fundo n’lma e levarmos este momento único para o resto de nossas vidas.

“Navegar é preciso,                        "O poeta é um fingidor
Viver não é preciso”.                        Finge tão completamente
                                                          Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente. "

                                                   
                                                                 

                                                                                      Sensibilidade à flor da pele em forma de poesia, declamado e feito para meditar, eis o significado deste documentário. Homenagem merecida ao grande poeta Fernando Pessoa.


domingo, 12 de abril de 2015

EM UM PÁTIO DE PARIS



Direção de Pierre Salvadori,  a comédia dramática Em um Pátio de Paris (França) enfoca a depressão, o mal do século que assola pessoas de todas as idades.
Filme lento com boa fotografia, um drama sobre a ótica da depressão com momentos de humor para aliviar este tema, que deseja mostrar mesmo com razões superficiais, como as pessoas podem se deixar levar pelo pessimismo e não conseguir ir além do que realmente deseja.
Antoine (Gustave Kervern) larga tudo que construiu na vida, sua banda de rock e seu casamento, e vai trabalhar como zelador em um prédio antigo de Paris. Em sua nova função passa a conviver com os moradores do prédio. E cria uma relação de amizade com a recém aposentada Mathilde (Catherine Deneuve) que tem problema psiquiátrico e é incompreendida pelo seu marido Serge (Féodor Atkine). Ambos encontram de uma certa maneira um apoio mútuo para suportar suas dores. Mathilde tenta preencher seu tempo ocioso com algo que a gratifique para não se sentir isolada da sociedade. Com seus esquecimentos e ilusões, cria um elo com Antoine, um depressivo que tem dificuldade de dizer não às pessoas, com suas loucuras sempre movido a drogas.
Roteiro simples e superficial com personagens simpáticos mas de difícil identificação, o que torna o filme um pouco monótono. E no final saímos com um peso do significado da depressão e  de como certas pessoas não conseguem dar um rumo coerente em suas vidas.
Ou seja, uma comédia dramática cujo forte tema é exposto de forma leve e superficial, mas nos leva a se sentir para baixo.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

VÍCIO INERENTE



Adaptação do livro homônimo de Thomas Pynchon, o filme Vício Inerente (EUA), direção de Paul Thomas Anderson, responsável por grandes filmes como Magnólia, Sangue Negro, O Mestre, dentre outros, tem o estilo já conhecido deste diretor. Um drama policial ambientado nos anos 70, geração da Paz, Amor e muita Droga.
E é neste esquema que se passa o filme, o detetive particular Larry "Doc" Sportello (Joaquin Phoenix ) investiga o sequestro de um bilionário, motivado pelo fato de que sua ex-namorada Shasta Fay (Katherine Waterston), amante do ricaço, desapareceu junto. Doc conta com a ajuda do detetive "Pé Grande" (Josh Brolin) e sua atual namorada (Reese Whiterspoon).
Doc é um tipo esquisitão, hippie, um loucão, passa o tempo inteiro na viagem das drogas alucinógenas. E o ator Joaquin Phoenix realmente assume este personagem com toda força que lhe é peculiar, uma atuação instigante, com tensão dramática entremeada com diálogos divertidos e momentos de humor.
Um filme meio surreal que nos desafia a tentar entender o que se passa na cabeça do maluco Doc. Ótima fotografia colorida, boa trilha sonora, roteiro ágil e perspicaz, onde os jogos e os detalhes testam o público a não relaxar. E tudo movido a muito alucinógeno.
Tem que gostar deste estilo de filme e entrar no climão, mas se reduzisse 30 minutos, creio que seria melhor incorporado pela platéia.


domingo, 5 de abril de 2015

CINDERELA


Direção de Kenneth Branagh, o novo filme da Disney  Cinderela (EUA), com sua delicada fantasia, humor e estilo em live-action, é uma adaptação do clássico infantil, e o diferencial está justamente em realizar um cinema à moda antiga, sem revezes,  exatamente o conto que todos conhecem, levando o público ao mundo da fantasia sem artifícios e efeitos em 3D.
Com a morte trágica de seu pai, Ella (Lily James) torna-se  refém de sua madrasta má Lady Tremaine (Cate Blanchett) e sua filhas Anastasia (Holliday Grainger) e Drisella (Sophie McShera), que lhe dão o apelido de Cinderela.
Cinderela passa os seus dias morando no sótão da casa e trabalhando como empregada, à mercê dessas pessoas egoístas e de índole má. Mas nada consegue tirar o otimismo e a vontade de viver dessa mocinha, pois aprendeu com seu pai o lema que para vencer os obstáculos na vida tem que ter gentileza e coragem. Por acaso do destino, em uma de suas idas à floresta, Cinderela conhece um bonito rapaz (Richard Madden)  e ambos se apaixonam, sem saber que ele é o príncipe.
A partir deste episódio, Cinderela irá passar por situações inusitadas e vai contar com a ajuda de sua fada madrinha (Helena Bonham Carter).
Direção e roteiro de primeira sem precisar inovar, com cenários suntuosos, figurino exageradamente impecável, trilha sonora agradável, um romance tão conhecido de todos nós, mas não cria monotonia e esperamos ansiosos pelo final feliz. A hora do baile é um sonho que fascina, assim como o encantamento da abóbora em carruagem é de muito humor e efeitos especiais bacanas. E as atuações estão à altura do clássico, vale ressaltar a atriz Cate Blanchett que está fantástica como a madrasta má.
Foi interessante observar que a platéia era praticamente de adultos, creio que nesta era do excesso de tecnologia e imediatismo, inclusive no campo amoroso em que o romantismo se tornou algo ‘brega’, no fundo é o que está faltando na vidas das pessoas, sonho e romance, se possível com direito a sapatinho de cristal. Você sai do filme leve como uma pluma e cheia de emoção  no coração.
E lembrem-se, assim como aprendeu Cinderela, gentileza e coragem gera afetividade. Valeu  Disney!!!


quarta-feira, 1 de abril de 2015

O SAL DA TERRA



Indicado ao Oscar 2015 de Melhor Documentário, o filme  O Sal da Terra (Brasil/ França),  tem a direção do cineasta Win Wenders  e codireção de Juliano Ribeiro Salgado, filho do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, cuja trajetória é registrada com narração dos diretores e depoimento do próprio artista. Este documentário ganhou o Prêmio Especial na Mostra Um Certain Regard, Cannes 2014.
Filme comovente, onde o significado da arte da fotografia extrapola na tela com suas imagens impactantes, e os vários registros de viagens que Sebastião realizou com seu filho Juliano.
Câmera em close em preto e branco, Sebastião Salgado faz emocionantes e sinceros depoimentos, e nos defrontamos com a alma e o interior deste homem, que saiu de seu habitat para conviver com outras civilizações e clicar fotos difíceis de esquecer e se apaixonar, após conhecê-las. O relato de Sebastião nos aproxima do homem e nos leva a entender melhor sua paixão pela fotografia. Uma entrega total do artista à sua obra, e para o público que aprecia arte é incrível como as fotos ganham vida no telão do cinema, como se estivessem em movimento, com sua arte de utilizar a luz e o espaço em obras marcantes e conhecidas, algo fenomenal.
Sebastião Salgado passou sua infância em Minas Gerais, formou-se em Economia no Espírito Santo e morou em Paris por muitos anos como economista. Ainda bem jovem casou-se com Lélia Wanick Salgado, e formaram um dupla no amor e na fotografia. Foi através dela que se apaixonou por uma câmera, quando Lélia comprou em Paris sua primeira máquina fotográfica. Após uma viagem à África, Sebastião decide largar sua profissão de economista para tornar-se um fotógrafo  na área esportiva e até nus artísticos, até se tornar um fotógrafo social, onde ele se distanciava da família para viver junto aos povos, sentindo a luta desigual.
Observamos a violência, tristeza e miséria registrada nas fotos tiradas na Etiópia, Ruanda, Serra Pelada e outros locais onde a desigualdade social prevalecia.  Este sentimento do sofrimento social que ele conviveu  fez com que "sua alma adoecesse", assim como ele relata, "em cada morte, morre também um pouco do  ser humano". Daí decidiu deixar de ser um fotógrafo social e partiu para um trabalho ambiental,  através do grande projeto "Gênesis", bastante conhecido e aclamado, com registro de civilizações e regiões inexploradas. Sempre em parceria com Lélia, fundou o Instituto Terra nas terras áridas de sua família em Minas Gerais, incentivando o reflorestamento do lugar, que hoje é Patrimônio Nacional.
De um diretor com a sensibilidade de Win Wenders, conhecido por filmes como Pina, Buena Vista Social Club, Paris, Texas e outros, só se poderia esperar um documentário sobre o legado do consagrado fotógrafo Sebastião Salgado, ganhador de  todos os principais prêmios de fotografia do mundo, com este  nível de emoção e teor social. Imperdível!!!