quinta-feira, 27 de novembro de 2014

POR UMA MULHER



Direção de Diane Kurys,  o filme Por Uma Mulher (França) é um drama delicado, sensível, que através de flashbacks vai sugerindo e expondo uma história familiar e o drama de uma paixão proibida.
Com a morte de sua mãe, Anne (Sylvie Testud) encontra fotos e cartas antigas no álbum de familia, e entre elas, a foto do seu tio Jean (Nicolas Duvauchelle), irmão de seu pai Michel (Benoit Magimel), e a partir daí paira uma dúvida sobre o passado de sua mãe, que Anne precisa descobrir para entender melhor sua identidade de filha.
Anne resolve percorrer este caminho obscuro da história de seus pais, quando eles viviam na cidade de Lyon em 1945, ambos foragidos do regime nazista. Um certo dia Jean, o irmão mais novo de Michel que todos pensavam que estava morto, aparece na vida deles. Apesar de ser muito bem acolhido pelo seu irmão, paira no ar um certo mistério sobre sua real identidade, seria ele um espião ou um traidor? E a proximidade de Jean com Lena (Mélanie Thierry) a esposa de Michel, cria um vínculo de amizade entre eles que terminam se apaixonando.
Com este triângulo amoroso formado, com clichês previsíveis, o drama se desenrola. E é interessante observar o lado político, as reuniões do partido comunista na qual Michel é atuante, apesar do foco principal ser o drama familiar.
Deveria Lena ceder a emoção por uma paixão inconsequente ou deixar a razão falar mais alto? Eis o dilema desta mulher que tem enorme gratidão por um marido que lhe salvou das garras do nazismo.
Enquanto desvenda os segredos da família, Anne vai conhecendo melhor sua mãe quando era jovem e suas dificuldades e frustrações como mulher e esposa, e entendendo melhor suas atitudes como mãe.
Com bom cenário, boa fotografia e trilha sonora adequada, além de belos atores, apesar de faltar mais expressividade e emoção nas cenas. Enfim, um filme bom para uma tarde agradável, nada mais que isto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

UMA PROMESSA


Produção França/Bélgica, o filme Uma Promessa, direção e roteiro de Patrice Leconte é uma adaptação do conto ¨Carta de uma Desconhecida¨do escritor austríaco Stefen Zweig, por sinal primeiro filme deste cineasta no idioma inglês.
É um drama com uma história de amor passada na Alemanha anos 1920, e conta a história do jovem ambicioso Friedrich Zeith ( Richard Madden), que vai trabalhar em importante siderúrgica, e pela sua competência é promovido pelo seu patrão Karl Hoffmeister ( Alan Rickman) ao posto de secretário particular. Ao ser convidado para morar na mansão do patrão, Friedrich passa a conviver com sua jovem e bonita esposa Lotte (Rebecca Hall) e seu filho Otto. A proximidade faz com que Friedrich e Lotte se apaixonem apesar de terem noção da impossibilidade deste amor.
Ao ser transferido para o México para chefiar uma operação da empresa, os dois enamorados fazem uma promessa, de um dia se reencontrarem. Neste ínterim explode a 2a. Guerra Mundial e a separação e dificuldade de comunicação aumenta ainda mais para Friedrich e Lotte.
Será que o verdadeiro amor  é capaz de superar a distância e o tempo?
Filme correto com uma linda história de amor, mas que falta emoção na trama, tudo muito linear, sem altos e baixos, uma apatia em todos os sentidos. A primeira parte tem um desenrolar crescente mas perde o ritmo justamente quando eles se descobrem apaixonados e quando Friedrich é transferido para o México.
A platéia não consegue se envolver com o drama e seus personagens. Afinal, a paixão é algo que desnorteia os envolvidos e até quem assiste, que em geral torce por este sentimento tão maravilhoso que é o amor.
Enfim, um lindo romance que assistimos com atenção, mas falta brilho e empolgação no olhar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UMA VIAGEM EXTRAORDINÁRIA



Direção do cineasta  Jean-Pierre Jeunet ( O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), o filme Uma Viagem Extraordinária (França/ Canadá) é baseado no romance homônimo ilustrado de Reif Larsen e mistura o fantástico à nossa realidade.
Este drama familiar mesclado com aventura infantil é narrado por J. S. Spivet ( Kyle Catlett) uma criança de 10 anos, cheio de magia e sentimentalismo. Com boa direção e roteiro interessante, o forte é a fotografia com paisagens e cores incríveis, efeitos especiais em 3D diferenciados dos filmes que estamos acostumados a assistir. Com linguagem própria, personagens estranhos meio surreais, uma temática triste, fala-se de perdas e preconceito. Na segunda parte do filme, quando J. S. parte para Washington, perde-se um pouco o ritmo e o foco do filme.
Conhecemos a família excêntrica de J. S. Spivet, um menino superdotado, apaixonado pela ciência. Sua mãe Dra. Clair (Helena Bonham Carter) é uma bióloga cientista especialista em insetos e seu pai (Callum Keith Rennie) um cowboy durão que adora a vida no campo; e ambos não aceitam e não enxergam a genialidade do seu filho. Ao ganhar um prêmio científico muito importante, J. S. Spivet resolve fazer sozinho uma viagem da região de Montana até Washington, sem o consentimento de seus pais. E o Instituto Científico que deu esse prêmio tão importante,  também não sabe que o ganhador  é uma criança.
A partir desta premissa, ingressamos junto a J.S. no seu mundo imaginário com suas cores vibrantes, sua magia desconcertante, uma verdadeira jornada ao fundo da sua alma infantil, com momentos de humor, de alegria mas também de tristeza. É lindo sentir a fraternidade entre esses dois irmãozinhos, e melancólica a dor da perda e da rejeição para uma criança.
Os atores em geral estão condizentes com a trama, mas o pequeno Kyle Catlett como J.S. Spivet imprime uma naturalidade e frescor infantil incrível, um talento nato. Transmite fortaleza e fragilidade, ternura e tristeza mas esperteza, essa ingenuidade típica das crianças.
Um drama/ aventura infantil em tom melancólico mas não deprimente, uma jornada fantástica de um menino encantador, onde a tristeza, a alegria e a fantasia se complementam de forma leve e mágica.

domingo, 16 de novembro de 2014

IRMÃ DULCE


Direção de Vicente Amorim, o filme Irmã Dulce é baseado  na cinebiografia desta religiosa conhecida como ¨o Anjo Bom da Bahia¨, e o drama narra sua luta e ativismo social desde a juventude até a construção das Obras Sociais de Irmã Dulce.
Com boa direção, roteiro coerente e boa fotografia, conhecemos a vida desta grande mulher defensora dos miseráveis, que dedicou sua vida aos doentes e à pobreza indo de encontro ao preconceito, a desconfiança da sociedade, a indiferença dos políticos e até aos dogmas da Igreja Católica.
Ainda menina Maria Rita (assim era seu nome de batismo) já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ao tornar-se religiosa, continuou sua peregrinação pelas ruas da periferia, sempre em prol dos pobres e dos doentes, mesmo sem autorização da Igreja.
O primeiro ambulatório que criou foi no galinheiro do Convento de Santo Antônio, seu santo de devoção.
Indicada ao Premio Nobel da Paz em 1988 por seu trabalho humanitário, deixou como legado as Obras Sociais Irmã Dulce, com Hospital, creches, Centros Educativos e Asilo.
Em 2011 foi beatificada pela Igreja Católica e segue o processo de canonização para torná-la a 1ª. Santa Brasileira.
No elenco grandes atrizes, como Bianca Comparato que interpreta Irmã Dulce na juventude, com seu jeito similar na voz arquejante, incrivelmente parecida. E na fase dos 40 anos já consagrada e admirada por suas ações mas sempre com seu jeito simples, temos a grande atriz Regina Braga, com seu magnetismo espiritual que impressiona, sem exagerar na dose. E outras atrizes dão um peso no drama, como Glória Pires como a mãe Maria Rita e Zezé Polessa como sua irmã. Em papel pequeno aparece o ator Luiz Carlos Vasconcelos como Dom Eugênio Salles.
Ver no final do filme a própria Irmã Dulce nos dá uma sensação da personificação do Bem e nos leva a refletir sobre a pobreza, a condição de muitas pessoas nas comunidades carentes e de quem é a real responsabilidade pela miséria? Pois como dizia Irmã Dulce ¨Miséria é a falta de amor entre os homens¨. E assim ela mudou o rumo da história e quebrou paradigmas, com sua coragem e amor ao próximo, dando conforto, comida e cuidados de saúde aos mais necessitados e oprimidos.
Irmã Dulce morreu aos 78 anos, deixando um legado de assistencialismo guiado pelo amor e pela Fé. No final da sessão, aplausos da plateia tocada por uma vida inteira de entrega total à caridade e amor ao próximo, esta é a nossa Irmã Dulce.

¨Quando nenhum hospital quiser aceitar algum paciente, nós aceitaremos. Essa é a última porta e por isso eu não posso fechá-la¨.



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

MIL VEZES BOA NOITE



Direção de Erik Poppe, o filme Mil Vezes Boa Noite (Noruega/Irlanda/Suécia) é um drama que busca a beleza na destruição da guerra, um filme que fala de convicções e escolhas de vida.
Conhecemos Rebecca (Juliette Binoche) uma fotógrafa de renome internacional, conceituada pelas imagens que consegue captar em regiões de conflito. Ferida na última viagem a trabalho,  Rebecca retorna à sua casa e não consegue conciliar a profissão com seu papel de esposa e mãe. Seu marido Marcus (Nikolaj Coster-Waldau) e sua filha adolescente Jessica (Chloé Annett) a impor sua presença em casa e Rebecca se confronta o tempo inteiro entre sua vocação como fotógrafa e a dificuldade em manter o vínculo familiar, já que seu trabalho a mantêm ausente por muito tempo da família.
Interessante observar a inversão de papeis no seio familiar, o pai é quem cuida da casa e das filhas, para que a esposa possa desempenhar uma atividade tão árdua e que a impossibilita de participar da rotina da casa.
Escolher entre ser mãe e esposa dedicada e seguir seus anseios em uma carreira que a afasta da família, um dilema atroz para Rebecca.
A atriz Juliette Binoche está linda e magistral no papel da protagonista Rebecca, ela inspira o filme de forma tão tocante, sem ser piegas, mostrando a ambiguidade de situações.
Com bom roteiro, fotografia bela e triste ao mesmo tempo diante da barbárie da guerra, imagens cheia de metáforas e a trilha sonora condizente com o drama. O ponto alto do filme são os minutos iniciais, o ritual de preparação de uma mulher-bomba, algo que prende a nossa respiração de forma sutil e real. Algo impactante que traduz o sentimento da fotógrafa, que repassa para a plateia.
Outro momento marcante quando a filha dispara flashes sobre a mãe, como a querer que ela entenda como a família se sente diante da intranquilidade constante de perdê-la em um campo de guerra.
É algo a refletir, em certas profissões a vocação está além do ofício, como no caso da fotógrafa de guerra Rebecca, que coloca em risco sua vida para captar momentos únicos para repassar para o mundo os horrores de uma guerra desumana, com sensibilidade e ao mesmo tempo frieza, para fotos precisas em momento de calamidade.


domingo, 9 de novembro de 2014

TIM MAIA



Produção e roteiro do cineasta Mauro Lima, o filme TIM Maia é baseado no livro do produtor e jornalista Nelson Motta ¨Vale Tudo – o Som e a Fúria de Tim  Maia¨.
Conhecemos a história de vida do grande cantor e compositor Sebastião Rodrigues Maia, conhecido como Tim Maia (Babu Santana na fase adulta e Robson Nunes quando jovem), sua infância e adolescência pobre no bairro da Tijuca, onde entregava marmitas que sua mãe fazia, para ajudar no orçamento da casa. Participou do coral da igreja local e formou uma banda que tocava na paróquia. Na juventude foi morar nos EUA por alguns anos, onde teve contato com o soul,  tempos depois foi deportado por roubo e porte de drogas. Quando bem jovem formou  a banda The Sputniks com Roberto Carlos e anos depois, quando Roberto Carlos estava no auge do sucesso, Tim insistentemente o procurou para mostrar composições de sua autoria e pedir ajuda para se lançar como cantor e compositor.
Seu 1º. sucesso em 1970 foi estrondoso, com músicas maravilhosas como Primavera e Azul da cor do Mar.
Com uma vida cheia de altos e baixos no lado profissional e pessoal, foi apaixonado por Janaina (Alinne Moraes) com quem teve um filho e assumiu o outro filho dela.
Debochado, temperamental, egocêntrico, assim era Tim Maia, como ele mesmo dizia ¨um gorducho e negro que tinha tudo para dar errado¨ mas seu talento era grande demais. Era conhecido por atrasos ou falta de comparecimento em shows e seu temperamento agressivo se exacerbava pelo uso de drogas ilícitas. Faleceu em Niterói em 1998, aos 55 anos de vida.
Narrado pelo seu amigo Fábio (Cauã Reymond), com boa produção e roteiro, cenário e ambientação de época com riqueza de detalhes, resgata uma época de musicalidade criativa, com diálogos de humor irônico e o ponto forte são as músicas tocadas em seus shows, tão conhecidas pelo público.
Os atores Babu Santana e Robson Nunes como Tim Maia na fase adulta e quando jovem têm performance memoráveis no filme.  Já o ator George Sauma no papel de Roberto Carlos peca pelo tom excessivamente caricato que coloca no personagem.
Através deste drama bem construído conhecemos a vida deste grande cantor e compositor que vivia a vida de forma intensa, tudo no superlativo, e cujas músicas foram um marco na Música Popular Brasileira. Músicas tão inesquecíveis que durante o filme a plateia em peso se deliciava, cantava baixinho junto com Tim Maia.    Vale Tudo, Tim!!!


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

RELATOS SELVAGENS


Relatos Selvagens (Argentina), direção de Damián Szifron e produção dos irmãos Águstin e Pedro Almodóvar, é um filme que mescla drama e humor irônico, macabro, de forma criativa e interessante.
São seis histórias sequenciadas com situações corriqueiras do cotidiano, em tom exagerado, que nos pegam na contramão. Com diálogos fortes e ácidos em formato divertido, nos faz rir de situações de tensão onde a linha tênue do controle está sempre presente.
Na primeira história passada dentro de um avião, que por sinal é genial, já sentimos o gostinho do que nos espera. Continuando, outras histórias de pessoas comuns, como a garçonete de um restaurante de estrada que se depara com alguém que fez parte  e deixou traumas no seu passado; um desentendimento de dois motoristas em uma estrada gera consequências atrozes; um pai que a qualquer preço quer ocultar a responsabilidade do filho em atropelamento e  morte de uma mulher grávida; um pai que no dia do aniversário de sua filha se depara e se revolta com a burocracia e o sistema corrupto de seu país, quando o departamento de trânsito reboca seu carro por parar em local inadequado; e o grand finale, a hilariante história da noiva que descobre um segredo do noivo durante o casório, onde a revolta e o ciúme a levam a situação de histeria total.
Produção e direção impecável, boa fotografia, trilha sonora empolgante e um elenco bem dosado, atores bem definidos, como Ricardo Darín no episódio do pai revoltado com o sistema e a máquina burocrática, que tem seu ¨Dia de Fúria¨ e Erica Rivas que está notável como a noiva revoltada no dia do casamento.
E o legal do filme é que nada é previsível, um misto de drama/ suspense e comédia em tom exagerado, mas que nos faz refletir sobre a natureza humana e como a falta de controle pode mudar toda uma situação em questão de segundos. Um humor com toque de crítica que cutuca os espectadores, eis a principal lição.
Afinal, todas as pessoas estão sujeitas a situações-limite que mexe com o emocional, podendo levar ao descontrole, eis a questão crucial.  E é desta forma que este filme genial apresenta seus Relatos Selvagens, mostrando que em determinadas situações pessoas viram feras acuadas, em um sistema corrupto onde as aparências enganam, com histórias extremas que podemos levar para o nosso cotidiano, que nos faz rir e refletir.


domingo, 2 de novembro de 2014

10 COISAS QUE ODEIO EM VOCE






Esta comédia romântica 10 Coisas que Odeio em Você ( 1999), com direção de Gil Junger, é muito interessante e romanticamente linda. Se existe um filme que ao rever sempre agrada pelo seu teor romântico, pela sua simplicidade, este é um referencial.
Com uma boa trama, bem conduzido, as cenas românticas dão um toque especial, que sempre agrada a quem curte este gênero de filme.
Mostra a vida da família Stratford. As irmãs Bianca (Larisa Oleynik) e Katharina Stratford (Julia Stiles) são bem diferentes no modo de ser e de fazer amigos. Bianca está louca para sair com garotos e namorar, mas seu pai não aceita. Depois de muita conversa, o pai de Bianca permite que ela namore,  desde que sua irmã Katharina namore primeiro .
A situação fica difícil para Bianca, pois Katharina é tipo ¨uma megera indomada¨, que não tem amigos na escola, imagine namorados.
Então Cameron (Joseph Gordon-Levitt), um rapaz apaixonado por Bianca, resolve contratar Patrick Verona (Heath Ledger), para seduzir Katharina, e em situações inusitadas, o cupido flecha o coração de Patrick.
Os atores Julia Stiles e Heath Ledger têm uma ótima química, atuam com muita naturalidade, imprimindo um colorido jovial ao filme. A trilha sonora é um destaque à parte, bem coerente com as situações e o enredo do filme.
¨Eu odeio o modo como fala comigo

E como corta o cabelo, odeio como dirigi o meu carro.

E odeio seu desmazelo. Odeio suas enormes botas de combate.

E como consegue ler minha mente. Eu odeio tanto isso em você,

Que até me sinto doente. Odeio como está sempre certo,

E odeio quando você mente. Odeio quando me faz rir muito,

Ainda mais quando me faz chorar...

Odeio quando não está por perto e o fato de não me ligar.

Mas eu odeio principalmente não conseguir te odiar,

Nem um pouco, nem mesmo por um segundo,

Nem mesmo só por te odiar¨.