Direção de Erik Poppe, o filme Mil Vezes Boa Noite
(Noruega/Irlanda/Suécia) é um drama que busca a beleza na destruição da guerra,
um filme que fala de convicções e escolhas de vida.
Conhecemos Rebecca (Juliette Binoche) uma fotógrafa de
renome internacional, conceituada pelas imagens que consegue captar em regiões
de conflito. Ferida na última viagem a trabalho, Rebecca retorna à sua casa e não consegue
conciliar a profissão com seu papel de esposa e mãe. Seu marido Marcus (Nikolaj
Coster-Waldau) e sua filha adolescente Jessica (Chloé Annett) a impor sua presença em casa e Rebecca
se confronta o tempo inteiro entre sua vocação como fotógrafa e a dificuldade
em manter o vínculo familiar, já que seu trabalho a mantêm ausente por muito tempo da família.
Interessante observar a inversão de papeis no seio familiar,
o pai é quem cuida da casa e das filhas, para que a esposa possa desempenhar
uma atividade tão árdua e que a impossibilita de participar da rotina da casa.
Escolher entre ser mãe e esposa dedicada e seguir seus
anseios em uma carreira que a afasta da família, um dilema atroz para Rebecca.
A atriz Juliette Binoche está linda e magistral no papel da
protagonista Rebecca, ela inspira o filme de forma tão tocante, sem ser piegas,
mostrando a ambiguidade de situações.
Com bom roteiro, fotografia bela e triste ao mesmo tempo
diante da barbárie da guerra, imagens cheia de metáforas e a trilha sonora
condizente com o drama. O ponto alto do filme são os minutos iniciais, o ritual
de preparação de uma mulher-bomba, algo que prende a nossa respiração de
forma sutil e real. Algo impactante que traduz o sentimento da fotógrafa, que
repassa para a plateia.
Outro momento marcante quando a filha dispara flashes sobre
a mãe, como a querer que ela entenda como a família se sente diante da
intranquilidade constante de perdê-la em um campo de guerra.
É algo a refletir, em certas profissões a vocação está além
do ofício, como no caso da fotógrafa de guerra Rebecca, que coloca em risco sua
vida para captar momentos únicos para repassar para o mundo os horrores de uma guerra desumana, com sensibilidade e ao mesmo tempo frieza, para fotos precisas em
momento de calamidade.
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