domingo, 28 de setembro de 2014

UM BELO DOMINGO





Um Belo Domingo ( França), direção de Nicole Garcia, drama simples, sem rodeios,  que instiga a curiosidade do público a cada cena.
Com personagens interessantes, bons atores, personagens bonitos, mas peca pela lentidão. Dois personagens que cruzam suas vidas de forma improvável, e a partir daí, cria-se um vínculo que leva à  mudança interior. Ambos têm algo em comum, a necessidade de viver a liberdade, se desligar de suas raízes, mesmo que por razões diferentes.
Conta a história de Baptiste (Pierre Rochefort), um professor solitário e misterioso, que não gosta de fincar vínculos no emprego, por isto está sempre mudando de escola, mesmo quando convidado para tornar-se efetivo no trabalho.
Quando um de seus alunos é esquecido pelo pai na saída da escola, Baptiste decide levá-lo até sua mãe Sandra, que trabalha em um restaurante à beira mar. Sandra ( Louise Bourgoin) é uma jovem instável que ama seu filho e sofre por não ter condições de assumi-lo; além disso, está com dívidas por um negócio que não deu certo, e tentando fugir de seus credores.
Cria-se um vínculo afetivo entre estes três personagens improváveis, e Baptiste decide voltar às suas origens, com o intuito de ajudar Sandra e seu filho.
Com boa fotografia, clara e ensolarada pelas praias do sul da França, trilha sonora agradável, diálogos consistentes, mas falta um certo ritmo ao filme, tornando-o monótono. 


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ERA UMA VEZ EM NOVA YORK



Direção do cineasta americano James Gray, o filme Era uma Vez em Nova York ( The Immigrant, no original) é uma drama com romance clássico.
Passado no ano de 1921, Ewa (Marion Cotillard) e Magda ( Angela Sarafyan), duas irmãs polonesas, partem de sua terra natal tentando fugir do nazismo e chegam em Nova York, em busca de uma vida melhor. Na alfândega, Magda é barrada e isolada por estar com tuberculose, e para desespero ainda maior de Ewa, que é ameaçada de ser deportada por falta de documentos legais para entrar neste país.
Ewa conta com a ajuda de Bruno (Joaquin Phoenix), que se encanta por esta linda e sofrida mulher . Ewa cai na rede da prostituição através de Bruno, um cafetão conhecido e que tem certo poder sobre os policiais.
A partir desta premissa presenciamos a triste saga de Ewa na luta contra algo que ela abomina, mas que não consegue se livrar, pois precisa se manter em Nova York e precisa de dinheiro para salvar sua irmã. Apesar da aversão a esta situação e a Bruno que se apaixona por ela,  Ewa mantêm sua altivez e não perde a esperança de encontrar sua irmã. Mas fica em uma verdadeira cilada, se foge de Bruno, cai nas mãos dos policiais e será deportada.
Filme belo e profundo, com bom roteiro, fotografia densa como a refletir o momento dramático e o âmago sofrido de sua protagonista; figurino, ambientação de época, trilha sonora e um visual de qualidade, tudo isso imprime ao melodrama uma força vital e uma delicadeza incrível.
Com cenas fortes e impactantes, e situações imprevisíveis, a plateia acompanha atenta a relação de Ewa e Bruno, um misto de amor e ódio, e a chegada de Orlando (Jeremy Renner), mágico e primo de Bruno, que se apaixona por Ewa, formando-se um triângulo amoroso.
O elenco apresenta uma boa atuação, em especial a magnífica Marion  Cotillard no papel da protagonista Ewa, e seu parceiro de cena Joaquin Phoenix, na pele de Bruno, que dá um show de interpretação.
Melodrama clássico, nos faz lembrar filmes que marcaram época, mostrando o sofrimento dos imigrantes, em especial da polonesa Ewa.

domingo, 21 de setembro de 2014

O DOADOR DE MEMÓRIAS



Filme do gênero ficção científica /drama, direção de Phillip Noyce,  O Doador de Memórias ( no original, The Giver) é uma adaptação do livro homônimo de Lois Lowry.
Com o objetivo de atingir um público de várias idades, em especial o juvenil, com um tema interessante, tem como proposta uma sociedade futurista, onde todos os habitante vivem em completa harmonia.
Com boa fotografia, bons cenários, em preto e branco , onde as cores só aparecem quando o personagem principal, o jovem Jonas, enxerga outro mundo onde existe sentimentos e as emoções. Mas o roteiro é inconsistente, diálogos deixam a desejar, comprometendo a história tão legal do livro.
Em um mundo futurista utópico, uma comunidade vive em total harmonia, as pessoas são verdadeiros robôs, pois não possuem memórias e com isso se organizam, trabalham, formam famílias, de acordo com o mandamento dos anciãos. Desde o nascimento, as crianças são preparadas para uma função e apenas uma será responsável pelo armazenamento de todas as memórias, e é quem no futuro orientará a comunidade.
 O escolhido para ser o receptor de memórias  é o jovem Jonas (Brenton Thwaites), um jovem idealista. Ao receber do ancião preceptor (Jeff Bridges) as informações, ele passa a conhecer outro mundo, onde existe emoções e sentimentos, mas também guerra e outras imperfeições.
Jonas não aceita o sistema atual e se rebela, comprometendo assim o futuro da comunidade, pois ao conhecer outro universo, ele se encanta e deseja esta mudança para a sociedade que vive. Pois ele percebe que as pessoas da comunidade são pseudo felizes, pois na realidade não possuem sentimentos, como amor, amizade, etc. E mesmo que a mudança traga dor, trará também esses sentimentos que dão sentido e colorido  às vidas das pessoas.
Os atores Meryl Streep e Jeff Bridges  como os anciãos,  assim como Katie Holmes como a mãe de Jonas, são um chamariz para o filme e estão bem para o que se propõem.
Filme de ficção que com certeza terá uma boa bilheteria com um tema instigante e forte, que faz crítica a sociedade diante de um sistema totalitário, mais dramático do que de ação, com qualidades; mas roteiro fraco, deixando a desejar no contexto geral, tornando-se monótono e previsível demais. Enfim, muita embalagem para pouco conteúdo. Mas vale a pena assistir e tirar suas conclusões, possível plateia dividida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

UM AMOR EM PARIS



O filme Um Amor em Paris (França), direção de Marc Fitoussi, é um melodrama com toques de singeleza e momentos divertidos, que toca o coração da plateia.
Com a excelente atriz Isabelle Huppert no papel da protagonista Brigitte Lecanu, esposa de Xavier Lecanu ( Jean-Pierre Darroussin), um casal que vive no interior da França, criadores de gado. Com muitos anos de casamento e um filho que já não vive com eles, o relacionamento do casal entra na rotina, no marasmo, apesar do amor. Com anseios e temperamentos diferentes, enquanto Xavier se realiza no trabalho com os animais, Brigitte vive cheia de angústias e anseios, desejo de sair da zona de conforto e experimentar coisas novas. Inclusive propõe viagem ao marido, mas Xavier não gosta de sair da zona rural, e quando vão a Paris é muito rápido, o que não satisfaz Brigitte.
Após contato com pessoas vizinhas mais novas, Brigitte decide ir a Paris, tendo como desculpa uma consulta médica; mas no fundo ela vai em busca de momentos diferentes, que bula com suas emoções, como se estivesse faltando algo em seu casamento, em busca quem sabe da juventude perdida. No íntimo nem ela mesma sabe o que procura, mas a insatisfação existe e a incomoda.
No hotel de Paris Brigitte conhece Jesper ( Michael Nyqvist), um charmoso dinamarquês que se encanta com o jeito autêntico e misterioso de Brigitte, e eles decidem viver esta emoção nova que aflora no outono de suas vidas, sem se preocupar com as consequências futuras.
Um drama leve, agradável de assistir, com uma história simples, bons atores, boa fotografia, um verdadeiro passeio na encantadora Paris, o tipo do filme que ao final deixa uma agradável sensação no público.
A atriz Isabelle Huppert como sempre atua de forma natural, uma expressividade que a gente logo se identifica.
Com bom roteiro, um tema em evidência nos dias atuais, os anseios de uma mulher no outono de sua vida, a vontade de vivenciar momentos plenos. A importância de manter a chama da paixão acesa nos relacionamentos duradouros, saindo da rotina, dando oportunidade de se divertirem e se amarem, por que não?
Filme que encanta com o perfil dos seus personagens, seus diálogos divertidos e que nos leva a repensar a vida, nossos anseios e desejos mais íntimos e que é possível vivenciá-los em qualquer idade, livre de preconceitos.


domingo, 14 de setembro de 2014

TUDO ACONTECE EM NY


O filme Tudo Acontece em Nova York (França/ EUA), direção de Rubem Amar / Lola Bessis é uma comédia dramática leve, melancólica, com diálogos lentos, conduzida de forma que enxerguemos os personagens como realmente são e as trivialidades do seu cotidiano.
Como personagem central, Lilas (Lola Bessis), uma jovem francesa que vai para Nova York, mesmo sem o aval de sua mãe Françoise de Castillon (Anne Consigny), uma artista renomada que não acredita no talento da filha.
Lilas vai à procura do seu sonho de se tornar uma cineasta, adora filmar pessoas e situações simples da vida. Termina se hospedando na casa de Leward (Dustin Guy Defa), um músico de talento que não consegue fazer sucesso com suas composições, pois não aceita aderir ao sistema capitalista por dinheiro e perder a sua essência, deixando de compor no que acredita. Sua esposa Mary (Brooke Bloom) é quem mantêm financeiramente a família com seu emprego de enfermeira.
Com ambições e perspectivas de vida diferentes e tantos desencontros, a relação do casal está bastante desgastada, e Leward encontra em Lilas, alguém  para compartilhar dos seus sonhos e vice-versa. Mas o interessante é que ao mesmo tempo eles se acomodam e permitem ser sustentados por outras pessoas, se adequando ao sistema que tanto condenam e os afligem.
Este drama é colocado de forma simples, direta, câmera na mão acompanhando o cotidiano desses personagens com desejos e anseios tão opostos.  Com personagens cativantes como Lilas, o músico Leward e sua filhinha  Rainbow que o público logo se identifica, com suas ambições e fragilidades, sonhos e frustrações, numa cidade multifacetada como Nova York. A personagem Lilas tem uma singeleza na forma de agir, de se vestir e falar, que encanta quem assiste (lembra a personagem Amélie Poulain).
O filme flui de forma lenta, sem maiores pretensões, com boas músicas, mas meio arrastado, de forma superficial e monótona, com certeza dividirá o gosto da plateia.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

LUCY




Filme de ficção científica e ação, direção do cineasta Luc Besson, o filme Lucy (França) tem todos os ingredientes para quem curte este gênero, com enredo interessante a partir da premissa sobre a evolução humana e a capacidade de desenvolvimento do cérebro, influenciando no funcionamento intelecto e físico, assunto polêmico nos dias atuais.
No papel da protagonista Lucy, a atriz Scarlett Johansson caiu como uma luva, dando vida a uma personagem com poderes extra sensoriais, com carisma e sensualidade. Ao ingerir uma droga sintética, Lucy começa a desenvolver o seu cérebro acima do normal, conseguindo captar e controlar tudo e todos ao seu redor.
Simultâneo a esta história, o renomado neurocientista Norman ( Morgan Freeman) realiza uma palestra sobre uma tese que pesquisa há muitos anos; o tema principal é a evolução da raça humana e a utilização de apenas 10% do seu cérebro, e o que poderia ocorrer caso viesse a utilizar mais os neurônios. Estes dois personagens a certa altura se encontram, numa demonstração prática da tese experimental do cientista.
Lucy, cuja droga foi assimilada por imposição de mafiosos chineses, torna-se uma mulher furiosa, destemida e decidida a atacar seus agressores, a fazer justiça com suas próprias mãos, utilizando seus super poderes.
Um filme enxuto com 90 e poucos minutos de muita ação, efeitos especiais e tema instigante, com boa fotografia, trilha sonora de peso; uma mulher no comando com super poderes, e é claro que recheado de absurda ficção. Interessante assistir a mudança de Lucy com o desenvolvimento cerebral, uma ressalva para o  final, perde-se um pouco em relação a proposta do filme, subestimando a inteligência da plateia com exagero na ficção.
A atriz Scarlett Johansson está impecável no papel da heroína Lucy, charmosa e cheia de vigor e usa sua feminilidade na dose certa, sem exageros, imprimindo sua marca registrada nesta ficção.
Para quem curte filme deste gênero, com muita ação e provocação visual e mental, com certeza vai se divertir.

domingo, 7 de setembro de 2014

MAGIA AO LUAR


Novo filme do cineasta Woody Allen, Magia ao Luar (EUA) traz questionamentos sobre o ceticismo e a crença, sobre o verdadeiro talento e o charlatanismo, sobre a vida e a forma de admirá-la e vivenciá-la.
Filme leve, ótimos personagens com atuações de peso,  bons diálogos, alguns clichês previsíveis, mas um bom filme estilo Woody Allen.
Contada de  forma leve e divertida, conhecemos Stanley (Colin Firth), um famoso ilusionista que consegue anestesiar o público com suas mágicas incríveis, especialista em descobrir quem tem verdadeiro dom do talento ou é simplesmente charlatão. Apesar de levar magia ao público, no íntimo Stanley é um cético narcisista, um cara rabugento e prepotente, descrente da vida e da magia que ele próprio cria.
Convidado por um amigo que também é mágico a ir ao Sul da França com o intuito de desmascarar a jovem Sophie (Emma Stone), que se diz médium e conquistou a todos com sua beleza e espontaneidade, inclusive uma família rica, cujo filho está apaixonado por Sophie.
Após várias situações que põem em questionamento a mediunidade da charmosa Sophie, eis que Stanley, um descrente que sente-se todo poderoso na sua arte de ludibriar as pessoas, a duvidar do seu ceticismo, a crer em outras realidades, a perceber que existe magia no ar, deixando de ser mera ilusão para se tornar verdade absoluta.
Comédia romântica ambientada na Cote D’Azur, com linda fotografia, figurino de época, trilha sonora recheada de jazz (ritmo favorito de Woody Allen), enfim um filme charmoso e sutil, com diálogos inteligente e divertido, apesar de, em certos momentos tornar-se repetitivo e meio cansativo. O ponto forte é a atuação dos protagonistas Stanley e Sophie, e os atores Colin Firth e Emma Stone têm uma química perfeita, personagens tão opostos que a atração torna-se previsível nesta história cheia de magia e dúvidas, diante do talento e charlatanismo.
Comédia com as características de Woody Allen, com belas imagens e um toque de surrealismo no ar, vale a pena assistir e se deliciar, mas provavelmente não deixará lembranças marcantes em relação a outros filmes anteriores deste diretor.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

CHEF



Comédia dramática, produção, roteiro e direção do cineasta Jon FavreauChef  (EUA) é o tipo do filme gostoso em todos os sentidos de se assistir, que bole com nossas emoções e nossos sentidos, em especial o paladar.
De forma criativa acompanhamos a história do temperamental chef de cozinha Cal Gasper (como protagonista, o próprio Jon Favreau), conhecido e admirado pelo público pelos seus pratos apetitosos, que após uma crítica negativa do conceituado crítico blogueiro Ramsey Michel (Oliver Platt), se encontra em situação difícil, pois vira piada viral na internet. Demitido pelo dono do restaurante, o austero Sr. Riva (Dustin Hoffman), sem saber o que fazer para sobreviver, Cal decide colocar um trailler e fazer uma comida diferenciada, o que aliás sempre foi  o seu interesse.  Para isto conta com a ajuda de sua ex-esposa Inez (Sofia Vergara) e seu amigo Martin (John Leguizamo) . Para completar esta turnê gastronômica, Cal leva junto seu filho de 10 anos e o inicia na arte da cozinha.
Enredo interessante, trilha sonora latina, o tipo do filme com o simples intuito de entreter, que coloca o público pra cima,  e alcança o seu  objetivo. Em especial, o ponto forte do filme é assistir o preparo de pratos simples e sanduíches de dar água na boca.
Atores como Scarlett Johansson como Molly, a sensual relações públicas do restaurante e Dustin Hoffman no papel do Sr. Riva, o dono do restaurante, dão um certo peso ao filme, mas o crédito especial fica para  Jon Favreau , que está muito à vontade no papel do temperamental chef de cozinha Cal.
Mas o carro chefe desta comédia é realmente a maneira ágil e apetitosa no preparo de pratos simples do cotidiano, tendo como pano de fundo um drama familiar, uma dupla infalível e quando bem dosada, passa um ótimo recado ao público.
Outro fato interessante é observar o poder das redes sociais nos dias atuais, que tanto pode levar alguém ao topo, como ao fundo do poço, e isto em parte vai depender  da forma como é transmitido ao público.
Uma verdadeira viagem gastronômica onde os atores e o público se divertem e saem do cinema com vontade de se deliciar em um bom restaurante, ou simplesmente em uma lanchonete!