quarta-feira, 15 de abril de 2015

( O VENTO LÁ FORA )



Filme exibido no Festival Rio 2014, direção de Márcio Debellian, roteiro de Márcio e Diana Vasconcellos, o documentário (O Vento Lá Fora)  é um recital vivo, uma leitura de um dos maiores autores da língua portuguesa, Fernando Pessoa.
Gravado na Festa Literária de Parati 2013, não foi tirado de arquivo, ambientado neste local com seleta plateia, apenas poucas cenas em um banco de jardim.
Maria Bethânia, ícone da MPB brasileira, amante da poesia deste poeta, sempre em seus shows declama lindamente, inclusive gravou no disco Rosa dos Ventos.A dupla se completa com a professora universitária da URFJ, Membro imortal da Academia Brasileira de Letras  e especialista na Língua Portuguesa, em especial nas obras de Fernando Pessoa, Cleonice Berardinelli.. Que dupla, de tirar o fôlego!! Cleonice no auge dos seus 98 anos nos fascina com sua vivacidade, lucidez e conhecimento na arte de declamar, sempre atenta a forma e conteúdo dos versos. Devagarzinho ela toma a cena e Bethânia acompanha com seu jeito simples e timbre de voz inigualável, aliando o interesse pelas correções de inflexão da mestra Cleonice, acatado humildemente por Bethânia, que fascinada aprende. Que execução do lindo Poema em Linha Reta, um deleite para fechar os olhos e perceber o poder das palavras. Santa e poética aliança, perfeita!
Documentário em preto e branco, lento, câmera no encontro dos rostos,  devagar como para dar tempo de digerir os lindos versos de Fernando Pessoa. A serenidade no olhar e nas palavras é algo tocante, mesmo em  alguns versos fortes de Pessoa.
Saímos encantados com o sarau,  Maria Bethânia, a aluna a descobrir o potencial da arte de declamar da mestra Cleonice Berardinelli, surpreendida com seu frescor e vivacidade.
O poeta, filósofo e escritor Fernando Pessoa, considerado o mais universal poeta português, nasceu em Lisboa e aos 8 anos foi morar em Durban, África do Sul.  Desde cedo dedicado à arte da escrita, criou outras vidas através de múltiplas personalidades que ele chamava de heterônimos, como Álvaro de Campos (dizia que era o divã do poeta),  Alberto Caieiro (denominava seu Mestre), Ricardo Reis ( o mais suave e lírico). Aos 17 anos retornou definitivamente para sua terra natal e morreu em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos.
Num tempo em que só se tem espaço para o virtual, o imediatismo e o superficial, parar por 1 hora e sorver os versos de Fernando Pessoa, declamados de forma doce e com ensinamentos por duas experts e admiradoras da poesia,  só podem calar fundo n’lma e levarmos este momento único para o resto de nossas vidas.

“Navegar é preciso,                        "O poeta é um fingidor
Viver não é preciso”.                        Finge tão completamente
                                                          Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente. "

                                                   
                                                                 

                                                                                      Sensibilidade à flor da pele em forma de poesia, declamado e feito para meditar, eis o significado deste documentário. Homenagem merecida ao grande poeta Fernando Pessoa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário