Indicado ao Oscar 2015 de Melhor Documentário, o filme O Sal
da Terra (Brasil/ França), tem a direção
do cineasta Win Wenders e codireção de Juliano Ribeiro Salgado, filho do
renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, cuja trajetória é registrada
com narração dos diretores e depoimento do próprio artista. Este documentário
ganhou o Prêmio Especial na Mostra Um Certain Regard, Cannes 2014.
Filme comovente, onde o significado da arte da fotografia
extrapola na tela com suas imagens impactantes, e os vários registros de viagens
que Sebastião realizou com seu filho Juliano.
Câmera em close em preto e branco, Sebastião Salgado faz
emocionantes e sinceros depoimentos, e nos defrontamos com a alma e o interior
deste homem, que saiu de seu habitat para conviver com outras civilizações e
clicar fotos difíceis de esquecer e se apaixonar, após conhecê-las. O relato de Sebastião nos
aproxima do homem e nos leva a entender melhor sua paixão pela fotografia. Uma
entrega total do artista à sua obra, e para o público que aprecia arte é incrível
como as fotos ganham vida no telão do cinema, como se estivessem em movimento, com sua arte de utilizar a luz e o espaço em obras marcantes e conhecidas, algo
fenomenal.
Sebastião Salgado passou sua infância em Minas Gerais,
formou-se em Economia no Espírito Santo e morou em Paris por muitos anos como
economista. Ainda bem jovem casou-se com Lélia Wanick Salgado, e formaram um
dupla no amor e na fotografia. Foi através dela que se apaixonou por uma
câmera, quando Lélia comprou em Paris sua primeira máquina fotográfica. Após
uma viagem à África, Sebastião decide largar sua profissão de economista para tornar-se um
fotógrafo na área esportiva e até nus artísticos, até se tornar um fotógrafo
social, onde ele se distanciava da família para viver junto aos povos, sentindo
a luta desigual.
Observamos a violência, tristeza e miséria registrada nas fotos
tiradas na Etiópia, Ruanda, Serra Pelada e outros locais onde a desigualdade social prevalecia. Este sentimento do sofrimento social que ele
conviveu fez com que "sua alma
adoecesse", assim como ele relata, "em cada morte, morre também um pouco do ser humano". Daí decidiu deixar de ser um fotógrafo social e partiu para
um trabalho ambiental, através do grande
projeto "Gênesis", bastante conhecido e aclamado, com registro de civilizações e regiões inexploradas. Sempre em parceria com Lélia, fundou o Instituto Terra nas terras
áridas de sua família em Minas Gerais, incentivando o reflorestamento do lugar, que hoje é
Patrimônio Nacional.
De um diretor com a sensibilidade de Win Wenders, conhecido
por filmes como Pina, Buena Vista Social Club, Paris, Texas e outros, só se poderia
esperar um documentário sobre o legado do consagrado fotógrafo Sebastião
Salgado, ganhador de todos os principais
prêmios de fotografia do mundo, com este nível de emoção e teor social. Imperdível!!!
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