O drama Pelos Olhos de Maisie (EUA) tem direção de Scott McGehee e David Siegel, baseado na obra do escritor Henry James, livro intitulado no original ¨What Maisie Knew¨ (O que Maisie sabia), fala do olhar da criança
diante do universo adulto, mais precisamente o que uma criança sente e percebe
dentro do universo do seu lar.
Maise (Onata Aprile), uma criança de 7 anos com personalidade dócil e meiga, envolvida em uma crise familiar. Pais se divorciando, e apesar de
serem pessoas maduras, ambos são imaturos e instáveis emocionalmente, pessoas
egoístas que não sabem lidar com seus problemas pessoais e envolvem a pobre
Maisie neste clima de agressões e discussões.
Sua mãe Suzanna ( Julianne Moore), uma cantora de rock vive
um momento de turbulência na sua carreira, envolvida em reuniões com seus
amigos e turnês de trabalho. Seu pai Beale (Steve Coogan), um influente marchand,
também às voltas com seus compromissos sociais e viagens constantes.
Os pais passam o tempo inteiro em discussões sobre quem pega
a criança na escola, quem fica nos finais de semana, tão envolvidos em seus
problemas pessoais, colocando em segundo plano o seu papel de pais e educadores
desta criança, que fica a mercê de seus horários, de seus compromissos, não
conseguindo ëncaixar¨ Maisie nos seus projetos de vida. E ainda usam seus
namorados, Margo (Joana Vanderhan) e Lincoln (Alexander Skarsgard), para
ajudarem nesta tarefa de cuidar da criança.
A pobre Maisie está sempre à espreita das
discussões dos seus pais e namorados, das situações pessoais que ocorrem;
enfim, Maisie se torna uma espectadora que escuta e participa, sempre
passivamente, como a esperar uma solução para situações em que é praticamente
jogada, sem pedirem permissão ou perguntarem como a criança está se sentindo.
A atriz infantil Onata Aprile dá uma interpretação perfeita
a pequena Maisie, com um olhar expressivo, que tudo ouve, tudo percebe, mas não
reage, não grita, não chora, nada reclama, só observa. E diante de tanto atrito e
discórdia, Maisie se apega a Margo e Lincoln, ambos jovens e tranquilos e com
muito afeto e carinho pela criança, enfim, tudo que naquele momento ela precisava.
Ficamos a tentar entender o que se passa no âmago desta
criança, que sente que seus pais a amam, mas não têm tempo para ela. O filme é
praticamente todo de passagens de pais egoístas, negligentes com a educação e
desenvolvimento emocional de sua filha, o que chega a nos impacientar e pensar:
Será possível tamanha insensatez e egoísmo de pais diante de uma criança tão
pequena, o que pode ocorrer com uma criação neste ambiente tão insalubre?
Um filme realista, com cenas fortes dentro de um clima
familiar de total desarmonia e negligência, com ótimo elenco, os quatro atores
adultos têm uma boa afinação; um drama triste e tocante, que deixa uma grande
mensagem no final, a importância e necessidade de amor, atenção, carinho e harmonia para que
uma criança tenha um lar perfeito para o seu crescimento emocional.
E que muitas vezes, quando não se encontra estes elementos
no ambiente familiar, a criança amadurece através do sofrimento e é comum criar
¨outros vínculos¨ de afeto e amizade que não encontraram em casa, uma forma de
superar o desgaste emocional que vive através de seus pais.
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