quarta-feira, 1 de outubro de 2014

VIOLETTE


Direção do cineasta Martin Provost, o drama  Violette é a biografia da vida da escritora francesa Violette Leduc, um filme comovente e tocante que narra sua história pessoal sem pudor, assim como era a alma desta mulher sensível e amargurada.
No início do século XX, Violette Leduc ( Emmanuelle Devos) conhece sua musa inspiradora Simone de Beauvoir  (Sandrine Kiberlaim), e também seu objeto de desejo, e a partir daí nasce uma intensa amizade que dura a vida inteira.
Violette foi uma mulher acima do seu tempo, amargurada, feminista, rebelde contra os costumes e convenções da época. Violette se considerava feia, desinteressante, autoestima baixa, uma personagem complexa, com traumas de infância, que precisou vencer seus medos e insegurança através da escrita. Acreditando no seu potencial literário, Simone de Beauvoir a induz e  a desafia a ir atrás de seu talento nato de escritora. Violette vai ao encontro de lembranças amargas, de ser filha bastarda, não se sentir desejada nem pelos seus pais, travando uma verdadeira batalha interior.
Violette e Simone de Beauvoir criam uma amizade que duraria uma vida inteira, inclusive Simone por muito tempo a ajudou financeiramente, e Violette se apaixona perdidamente por Simone.
Fotografia bonita, em aspecto noir, uma demonstração do íntimo sofrido desta grande escritora francesa, com bom ritmo, trilha sonora adequada, além de interpretações impecáveis, em especial a atriz Emmanuelle Devos no papel de Violette.
Violette Leduc nasceu em 1907 e introduziu na literatura francesa a violência e sexualidade feminina, fazendo do homem um objeto sexual. Seu primeiro livro denominado L'Asphyxie (Asfixia), sem sucesso; e após várias outras publicações, sempre incentivada pela filósofa Simone de Beauvoir, o sucesso e reconhecimento veio através do livro A Bastarda, em 1964. A maioria de suas obras não foram traduzidas para o Português.
Sua vida e obra foi marcada pelo desespero de não ser amada, pela vergonha de ser bastarda, pela obsessão pela feiura e medo do fracasso. Através de seus livros, ela recria a solidão, o desespero, a dor de existir, mas também celebra com a mesma intensidade a paixão de viver e amar. Com espírito demasiadamente livre, desafiou convenções e tabus com originalidade e audácia, transformando o cotidiano banal em aventura poética. Morreu em 1972, aos 65 anos.

¨O Passado não nos alimenta. Partirei tal como cheguei, intacta, carregada de todos os defeitos que me torturaram. Gostaria de ter nascido estátua, mas não passo de uma lesma debaixo de uma estrumeira. As qualidades, as virtudes, a coragem, a meditação, a cultura. De braços cruzados, esfacelei-me contra essas palavras¨. (trecho A Bastarda/1964).

Um comentário:

  1. Bonito o filme da história dessa escritora de que nunca havia ouvido falar. Mulher atormentada que se liberta da dor através da escrita, graças ao estímulo e apoio de Simone de Beauvoir. As atrizes estão incríveis e Sandrine cada vez melhor.

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