domingo, 31 de agosto de 2014

UMA LIÇÃO DE VIDA



Co-produção EUA/Quênia/Reino Unido, direção de Justin Chadwick, o filme Uma Lição de Vida  é baseado em fatos reais, a história verídica de um queniano que almejava se alfabetizar a qualquer custo.
Passado em vilarejo rural do Quênia, conta a história do queniano Kimani N’gan’ga  Maruge (Oliver Litondo), um senhor de 84 anos, ex-combatente da tribo Mau-Mau, um grupo revolucionário que lutou contra a Colonização Inglesa, pela independência do Quênia.
No ano 2.000, ao tomar conhecimento da campanha do governo oferecendo ¨Educação Gratuita para Todos¨, o octogenário Maruge decide estudar na escola primária junto com as crianças. Diante da sua atitude audaz, Maruge passa a sofrer represália dos moradores da aldeia e das autoridades que não o aceitam na escola, um idoso estudando junto com as crianças. Ele só conta com a ajuda da professora Jane Obinchu (Naomie Harris), solidária com a atitude e o  esforço do idoso em conseguir uniforme escolar e os acessórios escolares necessários para o estudo nesta pequena escola.
Este melodrama tocante é passado em flashbacks, mostrando as adversidades do passado cruel e sofrido do velho Maruge, pelas atrocidades sofrida nos campos de prisioneiros durante a colonização dos ingleses no Quênia, onde presenciou o assassinato de sua esposa e filha,  uma ferida que deixou marcas profundas na sua alma.
O desejo de ir ao encontro da educação tem como objetivo conseguir ler um documento que o governo queniano enviou para ele, e que é guardado como uma relíquia.
Filme fala de determinação e da importância da educação como mudança de vida de uma pessoa, de um povo. Com personagens tocantes como Maruge e a professora Jane, uma história melodramática e nobre, de superação e coragem, com uma fotografia bonita, trilha sonora inspiradora, o retrato de um país pobre, onde os fracos são injustiçados e subjugados pelos fortes.
Um grande exemplo para a humanidade, este queniano octogenário que tinha como lema ¨que o aprendizado só termina quando tivermos terra nos ouvidos¨. Realmente a Educação é libertadora e independe de idade, mas de querer uma real mudança de vida.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O MENINO DE OURO



O Menino de Ouro (Foster, no original /Reino Unido), comédia dramática com direção de Jonathan Newman, é o tipo do filme que você começa a assistir sem esperar algo mais, e de repente suas emoções e sentimentos estão à flor da pele.
Conta a simples história do casal Alec ( Ioan Gruffudd) e Zooey (Toni Collette), que após a perda do seu filhinho, decidem adotar uma criança e visitam um orfanato. Um dia Eli (Maurice Cole), um garoto de sete anos, aparece em sua porta dizendo ter sido encaminhado pelo orfanato, e a partir deste simples preâmbulo, se desenrola uma linda e emocionante história de amor, cumplicidade e fé em Deus.
Baseado no curta-metragem de 2005 deste mesmo diretor, parte do filme foi gravado na Legoland Windsor,  um parque temático infantil Lego, que fica na Cidade de Windsor, na Inglaterra.
Com ótimo roteiro, boa fotografia, os atores Ioan Gruffudd e Toni Collette estão super bem entrosados, inclusive o ator Maurice Cole como o pequeno Eli  é um show à parte, vestido como um homenzinho, com terno e chapéu, a gente se apaixona de imediato. O ator Richard E. Grant  faz uma participação elogiável como Sr. Potts, o homem misterioso.
Com mensagens boas e verdadeiras que calam fundo na nossa alma, um filme que nos diverte e emociona, difícil não escorrer algumas lágrimas de emoção, não de tristeza.
Fala de amor e esperança, de acreditar nos anjos que aparecem nas nossas vidas de várias formas, até como pessoas,  quantas vezes o nosso sexto sentido nos aguça quando menos esperamos? E para quem crer, Deus e os anjos estão aí para nos proteger,  nos guiar, e que as perdas que nos levam ao sofrimento, nos amadureçam. E o quanto é importante nos abrirmos para o novo, até para superar dores e mágoas profundas.
Deus sempre abre uma janela quando uma porta se fecha nas nossas vidas, esta certeza é real e verdadeira.
¨Me sinto como um poço que secou, diz Alec para o menino Eli, que responde: Mas se você deixar a chuva entrar, ele enche aos pouquinhos”. Belo ensinamento para todos nós.
Filme para ser visto por toda a família, com certeza fluirá uma energia nova no ar. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A PROPOSTA





Comédia romântica  A Proposta (2009) , direção de Anne Fletcher, nos brinda com um filme leve e divertido, sem pieguices, uma diversão garantida.
Margaret Tate (Sandra Bullock) é uma poderosa executiva produtora de livros, conhecida pelo seu jeito agressivo e déspota de lidar com seus subordinados, principalmente seu assistente Andrew Paxton ( Ryan Reynolds), que é submetido a humilhações e subserviências por sua autoritária chefe.
Quando Margaret é comunicada pelo Setor de Imigração da sua deportação para o Canadá, seu país de origem, por ter seu visto expirado e negado a renovação, ela faz uma proposta ridícula para seus assistente Andrew, com o intuito de permanecer nos Estados Unidos; de afirmarem que moram juntos e assim ela não precisa ser deportada.
Apesar de se sentir perseguido e humilhado por sua chefe, Andrew  é praticamente obrigado a aceitar esta farsa,  para não perder o emprego e seu sonho de lançar um livro.
O Setor de Imigração joga duro com Margaret, com várias situações constrangedoras para ambos, como dormir juntos, ter que se abraçar, beijar em público, etc.
Apesar da história banal e simples, esta comédia tem um bom roteiro, a dupla Sandra Bullock e Ryan Reynolds  com uma ótima química, sintonia e cumplicidade em cena, sem apelos, a gente torce para eles se entenderem. E os atores de apoio,  Betty White como a vovó tarada, Craig T. Nelson, com o pai Joe Paxton e Mary Steenburgen, como a mãe Grace, estão ótimos e reforçam o filme.
Música agradável, alegre, já nos créditos iniciais percebe-se a intenção, figurino interessante, belas imagens do Alaska, tudo meio previsível, mas agrada em cheio.
Momentos engraçados sem apelação, como quando ele se vinga e obriga sua chefe a ser humilde, até se ajoelhar perante ele, o que gera risada natural da platéia. E apesar de inocente e clichês repetidos desse tipo de filme, não é meloso, com mais humor que emoção, tensão sexual sem apelação, saindo da mesmice da maioria das comédias.
E fica a conclusão que o  amor existe e muitas vezes aparece de forma diferente, quando menos se espera, e o quanto é importante não fazer julgamento das pessoas pela aparência ou algumas atitudes; e muitas vezes por trás de uma pessoa durona, existe um lado doce e afetivo que precisa ser desbravado.
Diversão garantida para assistir e até rever, tipo sessão da tarde/noite, com certeza vai  proporcionar um sono tranqüilo para toda a família.


domingo, 17 de agosto de 2014

HELENO




O filme Heleno ( Brasil/ 2012) do diretor José Henrique Fonseca é baseado no livro ¨Nunca Houve um Homem como Heleno¨, de Marcos Eduardo Novaes. Uma biografia do jogador famoso Heleno de Freitas que nos anos 40 era considerado o príncipe do futebol.
Filme irretocável, tocante, ousado na forma e conteúdo. Fotografia de Walter Carvalho, linda com jogo de luzes e sombras, portas e cortinas entreabertas  em magnífico preto e branco Boa trilha sonora, nos remete ao Rio de Janeiro nos anos dourado, onde o romantismo reinava nos bailes e hotéis grandiosos, com boa recriação dos figurinos de época.
Conhecemos Heleno de Freitas, um dos maiores craques de futebol deste país, mas não é um filme sobre futebol, mas o íntimo deste personagem instigante, de natureza complexa, figura polêmica dentro e fora do gramado.
Machista, com sua maneira sensual e peculiar emanava inquietação; gênio explosivo e apaixonado ao mesmo tempo, achava que seria o maior atleta de todos os tempos. Narcisista, arrogante, afirmava ser o melhor perante seus companheiros de time, os quais sempre menosprezava. Botafoguense doente, não se conformava quando seu time perdia. Com uma vida de luxúria, impulsividade, inconstância aliado ao seu temperamento controverso, com momentos de euforia e outros de depressão, o qual o levou às drogas e à derrota no campo e na vida.
O ator Rodrigo Santoro está soberbo como Heleno,  numa atuação impactante, totalmente entregue e apaixonado pelo personagem, creio  seu melhor trabalho no cinema. Impossível não sentir ¨nossos próprios sentidos¨a captar a essência deste jogador tão fleumático. A atriz Alinne  Moraes está linda e expressiva como a amada esposa de Heleno e soma à categoria de interpretação de  Rodrigo Santoro, realmente  o peso deste drama. Inclusive ele é coprodutor do filme.
Este filme não se designa a juízos de valor do personagem, mas a mostrar a trágica história de um craque do futebol,  envolvido com mulheres e drogas, que no auge da fama teve todas as glórias aos seus pés, e  sua inconsistência depressiva o autodestruiu.
¨Serei Lembrado, Vocês Não¨, uma das frases controversas do grande jogador  Heleno de Freitas.


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

CORAÇÃO DE LEÃO - O AMOR NÃO TEM TAMANHO


Produção Argentina, direção de Marcos Carnevale, a comédia romântica Coração de Leão – o Amor não Tem Tamanho (no original, Corazón de León), um divertimento que satiriza  as diferenças, mostra o julgamento da sociedade , com lições de vida .
Bom roteiro, história interessante, confirma que o amor não tem direção; quando o cupido flecha, as qualidades se sobressaem e as diferenças podem ser resolvidas. Fala do preconceito que existe na sociedade, quando alguém não se enquadra nos padrões pré estabelecidos. Brinca-se de forma satírica com o personagem principal pela sua pequena estatura, pelo fato de ser um anão, mas às vezes ultrapassa e chega a ser cruel. E na realidade, é assim que acontece quando o julgamento é preconceituoso.
Temos a história da bela advogada Ivana Cornejo (Julieta Díaz), divorciada, com dificuldades em manter um relacionamento amoroso. Certo dia se interessa por León (Guillermo Francella), mas o contato deles é apenas pelo telefone. Resolvem marcar um encontro e neste jantar romântico, Ivana descobre que León tem apenas 1,35m. de estatura, enfim, um anão.
Mesmo apaixonados, os dois passarão por situações difíceis, constrangedoras e  até cruéis, pois a sociedade preconceituosa não perdoa as diferenças. Mas afinal, será que o amor será capaz de superar o preconceito?
Os atores Julieta Díaz e Guillermo Francella têm ótima atuação, uma química perfeita, e isso valoriza o filme. Engraçado a cena em que os dois se divertem dançando, ou quando os pés de León ficam balançando na cadeira, o que leva o público à boas gargalhadas.
Comédia romântica que alcança seu objetivo, chegamos a conclusão do quanto é importante aceitar as diferenças, e quando sabe-se o que se deseja, não importa o comportamento preconceituoso das pessoas ao redor. Mas infelizmente o preconceito existe e isola as pessoas, algo cruel e indesejável no ser humano. 

domingo, 10 de agosto de 2014

BISTRÔ ROMANTHIQUE


Filme Belga, direção de Joël Vanhoebrouck, Bistrô Romantique é uma comédia romântica regada a culinária, com direito a vários pratos e sobremesa, para quem aprecia gastronomia, uma prato perfeito.
Com personagens simples, bem reais, em atmosfera romântica, um restaurante tipo bistrô, bem transado, com mesas reservadas para o Dia dos Namorados. É nesse ambiente romântico, para alguns de decepção e solidão, para outros de esperança e recomeço de um novo amor, que várias histórias são contadas enquanto desenrola o jantar.
Em cada mesa uma história de amor interessante, como do casal de meia idade em crise, do rapaz tímido chamado Walter (Mathijs  Scheepers) que convida para jantar uma moça que se encantou pela internet; da mulher solitária em depressão pela término do relacionamento; do casal que está in love com troca de carinhos e presentes. Até nos bastidores da cozinha desenrola-se algumas historinhas interessantes. A principal é a de Pascaline (Sara de Roo), a dona do restaurante, herança de família, cujo irmão Alberto é o chef de cozinha. Nesta noite dos namorados Pascaline recebe a visita do grande amor de sua vida, com um pedido para ir morar com ele em Buenos Aires.
São várias histórias que são contadas em cinco atos, de acordo com a apresentação dos couverts, prato principal até chegar a sobremesa, de forma dinâmica e inteligente. Para quem gosta de gastronomia aliado ao amor e paixão, e unido à sétima arte, vai se deliciar.
Com este roteiro e ideia tão legal, ambiente romântico, mostrando o glamour da sala  principal do restaurante e os bastidores da cozinha funcionando em pleno vapor, elementos essenciais para um drama regado a culinária, mas falta emoção no ar, como se "a  sobremesa não tivesse o doce necessário para a plateia¨. E poderia mostrar mais a elaboração dos pratos, deixando o gostinho de quero mais.
Filme despretensioso, que mostra a gastronomia relacionada ao amor no Dia dos Namorados, com seus encontros e desencontros, que nos induz a um bom restaurante no final da noite. Salute! Santé! Prost!




quarta-feira, 6 de agosto de 2014

UMA JUÍZA SEM JUÍZO




Uma Juiza Sem Juizo (França), direção de Albert Dupontel, o tipo de filme com o simples prazer de entreter e realmente alcança o seu objetivo.
Com roteiro e linguagem simples, personagens engraçados e carismáticos, alguns até caricatos, certas cenas grotescas passando do limite, mas compreensível para o público que o intuito não é para assustar, mas divertir.
A história se passa em torno de Ariane Felder (Sandrine Kiberlain),  juíza conhecida pela sua autoridade e rigidez nos seus processos e julgamentos. Ariane tem 40 anos, é solteira, não deseja ter filhos nem manter relação estável,  prefere se dedicar unicamente ao seu trabalho. Um certo dia descobre que está grávida, mas não tem idéia de como aconteceu ou sequer quem seja o pai. Por iniciativa própria, inicia uma investigação e o teste de DNA indica que o pai é um perigoso criminoso chamado Bob (Albert Dupontel), e a partir daí a vida da juíza Felder vira de cabeça para baixo.
Esta comédia populesca consegue  aliar humor negro beirando o pastelão e ao mesmo tempo meio ingênuo, o que se torna interessante, inclusive alguns personagens caricatos como o advogado gago , o perigoso Bob e a própria juíza Felder.
Duas características legais no filme, a fotografia em tom amarelado e momentos em que várias cenas são  colocadas na tela ao mesmo tempo, um truque versátil.
A atriz Sandrine Kiberlain, conhecida por outros filmes como O Pequeno Nicolau, consegue uma interpretação natural, sem precisar forçar a barra, uma pessoa rígida no trabalho mas no íntimo delicada e sensível. E o diretor Albert Dupontel está impagável como o protagonista Bob, o perigoso criminoso suspeito de comer os olhos de suas vítimas.
Típica comédia francesa com situações pitorescas que prima pela simplicidade, 80 minutos que leva a platéia às gargalhadas, esta é a pura finalidade do filme.
Recorde de bilheteria na França, levando milhares de pessoas ao cinema.

sábado, 2 de agosto de 2014

PLANETA DOS MACACOS - O CONFRONTO





Oitavo filme da franquia Planeta dos Macacos – O Confronto (EUA), direção de Matt Reeves, esta ficção consegue superar o antecessor e ser um ótimo blockbuster.
Além do carisma dos macacos inteligentes, o filme vai além, com ótimo roteiro e qualidade técnica, com história bem elaborada de cunho humano, com ação e reação dos macacos e seres humanos. E ainda consegue levar à reflexão social, algo incomum em filmes deste gênero.
Após 10 anos da conquista da liberdade, os macacos convivem em paz na floresta liderados por César (Andy Serkis), um chefe justo e amoroso que prima por lealdade entre sua espécie. Enquanto os sobreviventes humanos, vítimas de uma epidemia causada por um vírus símio, estão encurralados em sua própria comunidade e sem energia elétrica. O pacifista Malcolm (Jason Clarke) resolve juntar-se a um grupo e ir até o território dos macacos, para tentar negociar com o líder dos macacos César, com o intuito de reativar a usina instalada nesta área de posse dos macacos. Cria-se um elo de amizade e confiança entre César e Malcolm, mas o macaco Kolbo (Toby Kebbel) ao trair César, deflagra o confronto.
Filme de ficção científica inteligente, envolvente, com muita ação, efeitos visuais excelentes, os macacos parecem criados por computadores, tamanho grau de realismo. O ator Andy Serkis com interpretação incrível como o líder César, quem sabe provável indicação ao Oscar. Bom roteiro e fotografia, mas dispensável o 3D, que deixa a desejar.
Mostrando as consequências da revolução, consegue prender a atenção da platéia, que fica aguardando ansiosa o confronto, que realmente acontece, de forma incrível e realista; com história direta, de fácil entendimento, com clichês comerciais, é claro, mas tem momentos delicados e de ensinamento familiar, além de conflitos sociais.
 Em cenário pós-apocalíptico temos lições de amor, lealdade, confiança, ética e traição entre as duas espécies, macacos e humanos, mas o maior ensinamento vem dos primatas. Leva à reflexão social enquanto diverte.