quinta-feira, 29 de agosto de 2013

FLORES RARAS



O novo filme do cineasta Bruno Barreto, intitulado Flores Raras, baseado no livro ¨Flores Raras e Banalíssimas¨de Carmen Lucia Oliveira, com roteiro de Matthew Chapman e Julie Sayres, retrata a história real de amor entre a grande poetisa norte americana Elizabeth Bishop ( Miranda Otto) e a famosa arquiteta autodidata e paisagista brasileira  Lota de Macedo Soares (Glória Pires).
A história se passa no Rio de Janeiro dos anos 50-60 e tem como pano de fundo da época a efervescência política, o governo de Carlos Lacerda  e o golpe militar, e a influência desses fatos na vida das pessoas.
O filme mostra o período em que a poetisa norte americana Elizabeth Bishop decide vir para o Brasil a convite de sua antiga amiga de escola, Mary (Tracy Middendorf), que é namorada e mora junto com a arquiteta Lota de Macedo Soares, mas cujo romance se encontra em falência.
Quando Lota conhece Elizabeth ocorre inicialmente uma antipatia mútua, duas mulheres de personalidades e mundos tão diferentes. Elizabeth é uma pessoa frágil, de infância sofrida, introspectiva, carente, insegura, tímida ao extremo, enquanto Lota é o oposto,uma mulher forte e determinada, arrogante, que sabe e fala o que quer. Os opostos se atraem, e é justamente estas contradições e perfis que levam a uma paixão arrebatadora e um amor pleno, e Lota e Elizabeth decidem morar juntas no refúgio de Lota em Petrópolis, conhecido como Samambaia. Para conciliar o convívio das duas mulheres com Mary, Lota decide adotar um bebê, o grande sonho de Mary, e desse jeito consegue contornar a vida a três e viver o grande amor com Elizabeth, que durou por mais de 14 anos.
Com uma excelente fotografia, vemos a construção da obra do Aterro do Flamengo, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, idealizado por Lota no governo de Carlos Lacerda (Marcelo Airoldi), de quem era amiga pessoal e tinha influência e poder durante o seu mandato. Com o golpe militar em 1964, Lota é obrigada a afastar-se das questões políticas que estava envolvida e neste período também sua companheira Elizabeth decide retornar para os Estados Unidos, estes fatores a levam à depressão.
A atriz australiana Miranda Otto está incrivelmente verdadeira e fiel ao seu personagem, uma mulher frágil, insegura, carente, na pele de Elizabeth Bishop, como ela mesmo afirma ¨sempre se sentiu sem um lar¨, de uma inspiração e fragilidade que comove a platéia. E a atriz  Glória Pires  interpreta muito bem a arquiteta Lota de Macedo Soares, uma mulher dominadora, determinada e atuante, à frente do seu tempo, que não aceita derrotas e torna-se uma força motriz para a frágil Elizabeth. Inclusive nesta fase no Brasil Elizabeth ganhou o Premio Pulitzer de Literatura pelo livro ¨Norte e Sul¨, foi sua fase mais exuberante de grande poetisa e escritora.
O filme tem sequências de diálogos e gestos de ternura e amor, belos entrelaçamentos que enchem a tela e o nosso olhar, nos instigando a desejar conhecer a vida dessas duas grandes mulheres tão à frente do seu tempo.
Os atores Marcelo Airoldi e Tracy Middendorf nos papeis respectivamente de Carlos Lacerda e Mary, complementam dignamente o elenco, como um contraponto na história de Lota e Elizabeth.
Um filme agradável de assistir, cuja pretensão não é polemizar a questão da homossexualidade, mas mostrar de forma delicada e sutil uma corajosa história verídica de amor entre duas mulheres importantes cada uma na sua área, de personalidades opostas, mas cuja paixão e amor foi capaz de diminuir distâncias territoriais e emocionais.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

TESE SOBRE UM HOMICÍDIO





Este suspense argentino é o segundo filme do diretor Hernán Goldfrid (Música em Espera, 2009), o filme Tese sobre um homicídio consegue prender a atenção do espectador do início ao fim, gerando uma expectativa  típica de um bom thriller com jogos psicológicos, e isto o diretor consegue realizar com criatividade e domínio técnico.
O competente e carismático ator Ricardo Darín é o advogado aposentado especialista em Direto criminal, Roberto Bermudez, e também professor de um conceituado curso em uma Universidade de Buenos Aires, cuja procura é sempre esperada pelos alunos prestes a concluir o curso de Direito. Com uma figura arrogante, controversa e carismática, o professor Roberto circula no meio acadêmico com desenvoltura, lançando inclusive um livro sobre Justiça Criminal e também tem acesso junto a Polícia investigativa.
Dentre seus brilhantes alunos tem um em particular, Gonzalo Ruiz Cordero(interpretado por Alberto Ammanann), filho que um velho conhecido seu e que tem verdadeira idolatria pelo professor e mestre, que resolve morar em Buenos Aires para cursar a disciplina do professor Roberto, e que gosta de dialogar sobre ética e justiça.
Quando ocorre um brutal assassinato de um jovem no campus da Faculdade, em frente à janela da sala de aula do professor Roberto no momento de sua aula, e praticamente presenciado por todos os alunos, isto torna-se um grande enigma para ele.
O mestre passa a desconfiar que o aluno Gonzalo foi o autor deste crime, e a partir daí vai em busca de fatos através de suas intuições, tornando-se um verdadeiro jogo de gato e rato, onde os detalhes fazem a diferença. A cada instante novos fatos e diálogos entre o mestre e o aluno enriquecem a teoria de Roberto, em um suspense psicológico fascinante, em emaranhado de sugestões à altura de um thriller que se preze.
A fotografia é excelente combinando de forma ímpar com a trilha sonora, que se adequa perfeitamente ao tema proposto.
O grande ator Ricardo Darín, presente em muitas produções argentinas, tem um desempenho intenso espetacular no papel principal deste intrigante suspense, como também o ator Alberto Ammann duela de forma primorosa como ator coadjuvante, no papel do aluno e suspeito do crime.
O filme impressiona pelos nuances e desenvoltura da trama inteligente, onde os diálogos sobre ética e justiça fluem de forma significativa entre o professor e o aluno, um verdadeiro emaranhado psicológico colocado com sutileza e ambiguidade, nos levando ao desejo de decifrar o enigma criado pelos dois personagens.
Infelizmente o final deixa a desejar, gerando dúvidas sobre a conclusão da trama, depois de tanta disputa velada de poder entre Roberto e seu aluno Gonzalo, criando uma expectativa diante de tantas ambiguidades e embate intelectual, uma decepção o desfecho.
Quem assistiu o maravilhoso filme protagonizado por Ricardo Darín, ¨O Segredo dos Seus Olhos¨, ganhador do Oscar Melhor Filme Estrangeiro/2009), pode achar alguma semelhança no perfil por ser um thriller psicológico intenso, mas não tem o mesmo impacto e jogo de sedução do filme que ganhou o  Oscar.
Enfim, ótima opção para quem curte um suspense com trama psicológica, com ótimo roteiro, excelentes atuações, recheado de fotografia e trilha sonora adequada ao filme.
Não percam!!!


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ALGUÉM TEM QUE CEDER




Um filme que vale a pena assistir várias vezes, sempre nos diverte e nos emociona. Alguém tem que Ceder (EUA-2004) é este tipo de filme, uma comédia romântica leve, engraçada, dramática, que nos leva a repensar que sempre há tempo para redescobrir o amor e se apaixonar.
Com direção e roteiro da cineasta americana Nancy Meyers, este filme ganhou o troféu Globo de Ouro 2004 de Melhor Atriz de Comédia e Indicação de Melhor Ator de Comédia, e foi indicado ao Oscar 2004 de Melhor Atriz.
Tem no elenco dois atores magistrais, que dão um show de interpretação e química neste filme, Jack Nicholson e Diane Keaton fazendo o par perfeito como protagonistas desta trama tão divertida e romântica.
Conta a história do executivo que trabalha com música Harry Sanborn (Jack Nicholson),  sessentão bom vivant, em boa forma e que só quer saber de namoros frugais com garotas na faixa dos trinta anos, e não tem interesse em se apegar a nenhuma delas, considerando todas descartáveis. Harry namora a jovem Marin (Amanda Peet) e resolvem passar um final de semana na casa de praia de sua mãe, Érica (Diane Keaton), uma senhora separada há muitos anos, que vive só para o trabalho e não tem propósito de namorar ou se apaixonar por alguém.
Harry sofre uma parada cardíaca neste final de semana e Érica é obrigada a cuidar dele. A partir destes fatos, inclusive de se detestarem no primeiro contato por serem tão opostos na maneira de ser e de agir, eles terminam se conhecendo melhor e descobrindo afinidades, além de atração física. Será que Harry e Érica vão ceder para deixar o amor fluir entre eles, ou é melhor manter o esquema de vida que eles decidiram para suas vidas?
É neste roteiro que Diane Keaton e Jack Nicholson estão perfeitos como casal, uma química incrível, que nos leva a momentos de romantismo e muita risada, uma comédia que tem todos os ganchos e sabe entreter o público.
Com ótimo ritmo, uma comédia inteligente, divertida e que ao mesmo tempo nos leva repensar os reais valores da vida e como é gostoso se apaixonar. E que as chances que isto aconteça depende muito de viver  com intensidade os momentos que a vida nos oferece.
Ao término do filme, as pessoas com um sorriso estampado no rosto e fica aqui uma reflexão. Nunca é tarde para recomeçar novos planos em nossas vidas ao lado de alguém, isso independe de idade e sim de momentos, e deixar de lado os medos e insegurança e ter coragem de ousar par ser feliz. E que o preconceito que o amor é só para os jovens, fica bem nítido nesta comédia. Todos têm o direito de amar e ser feliz a dois, mesmo no outono da vida.
E nos créditos finais fica a canção La vie em Rose, cantada por Jack Nicholson. Vale a pena rever esta comédia numa noite com direito a queijos e vinho. E viva a vida e o amor!!!




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A AVENTURA DE KON TIKI




Esta co-produção Reino Unido/Dinamarca/Noruega/Alemanha, com a direção de Joachim Ronning e Espen Sandberg, é baseado na história real do pesquisador e explorador Thor Heyerdahl, um drama que nos mostra a Expedição de Kon Tiki, em 1947.
O obstinado Thor resolve construir uma jangada precária, réplica perfeita da embarcação que os indígenas incas construíram há milhares de anos atrás e junto com cinco tripulantes, todos inexperientes em viagens marítimas (inclusive Thor sequer sabia nadar), partiram por 101 dias pelo Oceano Pacífico rumo a Polinésia. Tudo isto para provar a tese de Thor, que ia contra todos os livros de História da época: que a Polinésia tinha sido ocupada e colonizada pelos povos da América do Sul, mais especificamente do Peru, e não pelos povos asiáticos.
Thor ao iniciar esta expedição decide deixar esposa e filhos e vai à procura de patrocínios, e mesmo sendo alvo de chacota, não desiste do seu objetivo
Nesta viagem financiada pelo governo peruano, Thor e seus companheiros flutuaram à deriva nesta jangada feita de forma artesanal, com a proposta de chegar ao destino almejado. No percurso da viagem, esses intrépidos homens tiveram que enfrentar tempestades, tubarões, baleias, recifes de coral, colocando em risco suas vidas.
A Aventura de Kon Tiki é uma versão fictícia da expedição real do explorador Thor Heyerdahl , inclusive existe um documentário feito pelo próprio Thor, que recebeu o Oscar de Melhor Documentário em 1950. E a narrativa, a fotografia e a montagem do filme constroem um drama real ao invés de ilustrar o episódio, este é o diferencial do filme.
Com uma trilha sonora bem condizente com cada momento, esta aventura que se inicia de forma romântica, acompanha todos os problemas que Thor e seus seguidores passaram no Oceano Pacífico; a cada momento de conflito, uma pausa para o espectador respirar aliviado, com um lindo visual e o azul do mar. A cena dos tubarões é incrível, difícil acreditar que esta história foi verdadeira. Vale a pena assistir pela internet o vídeo feito por Thor e observar como foi autêntico ao filme atual.
Em alguns momentos lembramos do filme ¨As Aventuras de Pi¨, embora o estilo deste filme seja mais realista e sóbrio e baseado em uma história real. Vemos belas imagens ligadas a natureza, em particular o mar, associado a momentos empolgantes de muita tensão, o que nos leva a vibrar por Thor e seus companheiros, uma história real recheada de aventura e muita emoção.
Existe um bom entrosamento entre todos os integrantes da equipe, vale ressaltar a atuação dos atores Pal Sverre Valheim Hagen (Thor), Anders Baasmo (Herman), Gustaf Skarsgard (Benge) , cada um com seu tipo físico e maneira de ser tão diferente, tornando o filme mais real pela maneira natural de atuação.
O filme nos instiga a ler o livro, para conhecer melhor o espírito aventureiro e empreendedor deste explorador que acreditou na sua tese, de  que a colonização da Polinésia foi feita por indígenas da América do Sul através do Oceano Pacífico.
Com forte apelo dramático, o filme prende a nossa atenção do início ao fim, com qualidade e bom roteiro. Para quem curte filme histórico com aventura, realizado de forma essencialmente cinematográfica, uma ótima pedida.
Candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2012.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RENOIR





O filme Renoir, um drama francês do diretor Gilles Bourdos se passa na Cote D’Azur durante a 1ª. Guerra Mundial, 1915, no crepúsculo da carreira do grande pintor impressionista Pierre Auguste Renoir.
O filme mostra os últimos anos de vida de Renoir (falecido em 1919) em sua casa que tornou-se um importante refúgio para o seu trabalho e sua relação afetiva com seus filhos Jean Renoir (Vincent Rottiers) e o mais novo Claude, apelidado de Coco. Mostra o cotidiano de Renoir com as mulheres que conviviam com ele, ajudando nos afazeres domésticos, no cuidar do velho Renoir, já com limitações e dificuldades físicas devido a idade, ao reumatismo e artrite que o acometeu por vários anos.
Há um desejo evidente em mostrar a relação de Renoir (Michel Bouquet) com seu filho Jean, que tinha retornado da Guerra e sua vontade de investir no cinema, tornando-se mais tarde um grande cineasta francês, com grandes obras como A Grande Ilusão e A Regra do Jogo.
Vemos um Renoir já com problemas de saúde, em cadeira de rodas, já com dificuldade para andar e para pintar, contanto com a ajuda sempre presente de várias mulheres, que serviam também de modelo para suas obras.
Quando aparece a jovem Andrée ( Christa Theret) e se oferece para pousar como modelo, há um despertar em Renoir de energia e vigor, e ela passa a ser a nova musa preferida de Renoir, ao mesmo tempo que se envolve emocionalmente com seu filho Jean.
Toda a vida da casa gira em torno de Renoir, que tem uma relação fria com os filhos, com uma certa distância e respeito entre eles. Renoir reina absoluto neste ambiente, sendo o centro e a atenção de todos, principalmente das mulheres que o servem o tempo inteiro e até o carregam na sua cadeira de rodas, com muito esmero e veneração, sendo interessante estas cenas, nos invocando verdadeiros quadros.
A vida de Renoir sempre foi marcada por várias modelos e musas para sua arte, inclusive Aline, sua esposa já falecida e mãe de seus três filhos, foi também sua modelo, e a mais importante foi Gabrielle (interpretada no filme por Romane Bohringer), que conviveu por vários anos com Renoir e sua esposa e ajudou a criar seus filhos, por quem eles mantinham uma grande afetividade.
Com ótimas interpretações, Michel Bouquet está magnífico na figura de Renoir e Christa Theret faz uma Andrée de forma bem natural, com todo o frescor da juventude e uma nudez digna de ser pintada (na vida real ela se tornou esposa de Jean). E Vincent Rottiers (atuou também em A Espuma dos Dias) convence no papel do filho Jean, enfim um elenco com atuação agradável de apreciar.
A fotografia do chinês Mark Lee Ping Bing é algo a se destacar, uma luminosidade em vários momentos que nos leva a lembrar das telas deste grande pintor e seu desejo era sempre realizar uma obra agradável aos olhos, onde priorizava a beleza, dando uma atmosfera de vivacidade e alegria ao seu trabalho.¨A dor passa mas a beleza permanece¨, já dizia Renoir.
Com muitas paisagens naturais, o diretor nos leva ao mundo belo pelos olhos do genial Renoir, um estilo impressionista que dá uma sensação agradável e de bem estar, sempre priorizando o matiz das cores.  Tem momentos que a fotografia torna-se escura, com dificuldade em visualizar até os personagens, imagino para contrapor o impressionismo das paisagens que Renoir se deporta nas suas pinceladas.
Renoir amava as cores, a natureza, a jovialidade das mulheres com suas pele aveludada e seios rígidos, e suas mãos já deformadas pela artrite foi de grande sofrimento para este artista, já não conseguia nem pegar os pinceis para realizar o que sabia transmitir de forma rica e única.¨A vida cotidiana da natureza é um sofrimento para o pintor que não consegue captá-la¨, como ele mesmo refletia.
Terminamos o filme conhecendo e entendendo um pouco deste artista, suas fontes de inspiração, sua forma de enxergar o mundo, onde a cor preta não era bem vinda, como ele mesmo afirmava. Seu desejo enorme de pintar quando a saúde já não permitia e o apego àquele momento que se dissipava, mas não o desestimulava. Um drama do final de vida de um gênio da pintura e o ressurgir de outro, seu filho Jean descobrindo a sétima arte. Seu filho mais novo Claude se tornou um grande fotógrafo.
Um filme de época que prima pela sutileza dos detalhes, pelas cores que seduz o espectador como a enxergar pelos olhos do grande Renoir os nuances que só ele sabia produzir e dar aquele efeito nas suas obras, a intenção do diretor é justamente nos levar a conhecer a vida de Renoir já no seu crepúsculo, suas hábitos e sofrimento e força de vontade em praticar sua arte até os últimos dias de sua vida, sua relação com seus filhos e as mulheres e musas, sua  fonte de inspiração, onde o frescor da juventude tinha um significado vital para suas grandes obras. Enfim, um retrato de uma família talentosa, sem muitas tramas sequênciais, onde o que vale é simplesmente a beleza da pintura deste grande gênio das artes Pierre Auguste Renoir.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

ZARAFA




¨No deserto ou em qualquer lugar, contente-se com o que você vê.¨ ¨Não deves decidir sempre com a cabeça, deixe o coração te guiar¨. ¨Não se deve brincar com a vida dos homens¨.
Com jargões deste nível, impossível não se emocionar ao assistir esta animação infantil, ainda mais se estiver ao lado de uma criança e imaginar o significado desta linda história como referência no seu desenvolvimento.
Dirigido por Rémi Bezancou e Jean-Christophe Lie este desenho animado franco-belga intitulado Zarafa é para a família, e o diferencial de outros desenhos animados americanos é justamente este, mostra uma contação de história de um tema sério de forma que a criança compreenda e dá possibilidade de diálogo com o adulto que o acompanha.
Sobre uma árvore baobá, um velho conta a história de Maki, um menino africano que é capturado para ser vendido como escravo e a amizade desta criança com uma girafa órfã, a Zarafa, que vai ser dada de presente pelo Paxá do Egito ao Rei da França. A partir daí inicia-se uma longa aventura, jornada que começa no Egito, nas areias do Sudão e vai até a França, utilizando balões e outros meios de transporte, o que já é um diferencial muito pertinente e engraçado.
Maki e Zarafa passam por várias situações e a amizade deles vai se fortalecendo e criando laços afetivos de confiança para toda a vida.
Esta história contada por um velho para as crianças cria um clima infantil de singeleza e simplicidade, mostra o respeito dos novos à experiência dos idosos. Acostumados a assistir desenhos com grandes efeitos técnicos, em 3D, etc, considero este o verdadeiro diferencial desta animação, de estética simples alcança com mais facilidade o que deseja, o coração dos espectadores.
Fala de temas sérios como escravidão dos povos africanos, o colonialismo francês, a cobiça dos homens levando à crueldade, de forma simples que alcança e instiga as crianças a perguntas após o filme.
Uma história simples e bela, inspirada em um fato real, como chegou a primeira girafa na França, a zarafa, e causou polêmica na França por acharem que os fatos históricos foram distorcidos e que os franceses foram mostrados como vilões da história.
Há também uma emocionante mensagem de amizade, lealdade, sonho, otimismo e fé no que se deseja alcançar.
Este filme deixa um legado para todos que o assistem, que neste mundo tão globalizado e cheio de tecnologia, uma história contada de forma simples e bela e sem banalizar a inteligencia das crianças, sem precisar recorrer a técnicas e efeitos especiais, atinge mais o objetivo e o coração das crianças e dos adultos, repassando uma mensagem educativa e que serve para a vida das pessoas.
Adorável filme e com grande ensinamento para a família em geral!!!



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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

HANNA ARENDT



Este drama genial (Alemanha/França) da cineasta  berlinense Margarethe von Trotta nos leva a ter vontade de conhecer mais a vida de Hanna Arendt ( Barbara Sukoma), grande filósofa e pensadora política alemã judia, de grande influência no século XX, radicada para os Estados Unidos em 1940 e conhecida como a pensadora da liberdade por várias obras e estudos, principalmente a tese ¨A Banalidade do Mal¨.
Durante o julgamento criminal do oficial nazista Adolf Eichmann, que foi capturado na Argentina por palestinos e julgado em Jerusalém como militar burocrata nazista que participou ativamente da organização de deportação e extermínio de milhares de judeus europeus.
Hanna Arendt é incumbida de cobrir como representante do The New Yorker, o julgamento deste nazista pelos crimes hediondos contra os judeus. Durante este processo, Hanna inicia sua tese sobre a banalidade do mal, ao se deparar com um burocrata idiotisado que cumpria ordens superiores e não aparentava nenhum remorso com o resultado dos seus atos, como se o mais importante fosse cumprir ordens de forma correta, sem erros. Outra questão a ser pensada por Hanna que chocou o mundo na época, foi que uma elite de judeus ajudou no Holocausto diante da passividade ou cooperação, o que gerou muitas críticas e repúdio, principalmente dos judeus. Até amigos e companheiros de trabalho se afastaram dela pela sua insistência na tese.
O filme pretende mostrar uma parte da vida desta ilustre pensadora, sua relação com o seu marido e grande amor de sua vida por 35 anos, Heinrich Blucher (Axel Milberg). Temos uma Hanna Arendt sempre pensativa, reflexiva, escrevendo ou dando aulas, sempre com um cigarro na boca, olhar distante nas suas reflexões. Cena vital quando Hanna tem oportunidade de falar para uma platéia de alunos e colegas e explanar sobre sua tese, mostrando-se uma mulher acima do seu tempo, em pensamentos, palavras e ações. Neste momento o espectador sente a própria Hanna a defender suas ideias, levando-nos a tirar nossas próprias conclusões.
Neste retrato fascinante faz-se presente Martin Heidegger, filósofo e seu primeiro professor que a introduziu na arte do pensar, a quem Hanna muito  admirava e com quem teve um caso amoroso secreto aos 18 anos, apesar dele ser casado e ter 2 filhos.
Outra pessoa que teve grande influência na vida desta pensadora foi o filósofo Karl Jasper, com quem Hanna teve uma duradoura amizade e segundo Jasper, ela foi a influência mais significativa em seu desenvolvimento intelectual.
A atriz Bárbara Sukoma tem um desempenho marcante de muita sutileza, e consegue passar uma verdade absoluta sobre a personalidade desta filósofa.
A trilha sonora muito bem colocada e a direção de Fotografia de Caroline Champetier complementam o filme de forma excepcional.
Nos momentos do julgamento do nazista Adolf Eichmann há uma mesclagem de imagens de arquivo durante o processo em 1961, que a própria cineasta achou mais verossímil não colocar ator nestas cenas, como ela própria diz ¨mas sim incluí o verdadeiro Eichmann, o irrefletido; ele não usa do dom de pensar¨; isso deu uma veracidade conceitual para o espectador, mostra um Eichmann criminoso banal, como mero executor de ordens, para tentar entender a tese da Hanna.
Hanna não declara pensar em Eichmann como inocente, mas o conceitua uma pessoa medíocre, um idiota burocrata, um autômato que cumpria fielmente suas funções, sem atuar o seu pensar. Como também as lideranças judaicas que acabaram colaborando para a morte de milhares de judeus. Enfim, a análise crítica levada pelo pensamento puro, sendo por isto julgada pela maioria das pessoas, principalmente pelos judeus, que viam em suas idéias, a defesa dos crimes do nazismo.
Filmes como Hanna Arendt e O Leitor(Kate Winslet) nos dão uma reflexão sobre atos de crueldade de pessoas que em nome do dever e do cumprimento de ordens de superiores, produziram mortes e não conseguem perceber a extensão dos seus atos.
Filme inteligente que nos instiga a pensar o que esta grande mulher defensora do pensamento Hanna Arendt muito bem ponderou que ¨Pensar é a única maneira de sermos totalmente livres¨.






domingo, 11 de agosto de 2013

Á PROCURA DA FELICIDADE




O filme dramático À Procura da Felicidade tem a direção de Gabrielle Muccino e os atores Will Smith,  Jaden Smith e Thandie Newton nos papeis principais.
O diretor Gabrielle Muccino é responsável por filmes como Um Bom Partido (2012),  O Último Beijo (2001) e Sete Vidas (2008). O ator Will Smith atuou em muitos filmes como Eu sou a Lenda, Sete Vidas e Homens de Preto, mas é inegável que esta é uma das melhores interpretações deste ator.
História baseada em fatos reais, conta a vida do casal Cris ( Will Smith) e Linda (Thandie Newton), que passam por uma grave crise financeira que repercute na vida conjugal, e Linda decide abandonar a família.
A partir daí Cris fica sozinho cuidando de seu filho Christopher Jr.( Jaden Smith) e os dois passam por muitas dificuldades, são despejados e passam a morar na rua, em abrigos públicos, enquanto Cris procura um emprego, mas não desiste do seu filho, mesmo nas situações mais complicadas. Fica evidente o tempo todo que o amor e a união é a força vital na vida deste pai e filho.
Mesmo sem trabalho e moradia o pai dá uma lição de vida ao filho, que nunca se deve desistir dos sonhos e o otimismo e persistência são essenciais para alcançar o que se deseja.
É incrível assistir aos dois em plena luta pela sobrevivência e pelo orgulho próprio, ao mesmo tempo que ocorre a desilusão e  sofrimento, eles amadurecem juntos e se unem mais ainda.
Filme com grande ensinamento de vida, tocante e comovente, com uma linda e triste história de superação, e o fato de sabermos que Will Smith (em excelente interpretação) atua justamente com seu próprio filho, nos leva a uma experiência única e emocionante.
Esplêndido, envolvente, com ótimo roteiro, boa trilha sonora, fotografia simples mas bem definida. Todos os ingredientes para rever este filme, com uma sensibilidade à flor da pele, de preferência em família.
Esta é uma homenagem do Cine Amado ao Dia dos Pais. 
Afinal, Ser Pai é Amar e Participar!








quinta-feira, 8 de agosto de 2013

AMOR PLENO



Filme nos leva à contemplação do Amor Pleno, amor de mulher, amor à natureza, amor à Deus, amor ao próximo. Do diretor Terrence Malick, é um filme em forma de poesia onde o amor pela natureza divina supera a tudo e a todos.
Este melodrama em forma de narrativa onde há poucos diálogos, muita fotografia e luz, nos abre a possibilidade através de uma tela de cinema, de reflexão através da nossa sensibilidade. Bem diferente dos filmes que estamos acostumados a assistir, onde a beleza e a poesia se encontra embutido, com a fotografia de uma força ímpar. Com o Amor Pleno sentimos uma simbologia que o diretor deseja expressar através da beleza interior e da natureza. Para quem assistiu o filme A Árvore da Vida, sente-se logo como uma continuidade do filme anterior, porém menos denso e mais direto.
A fotografia do mexicano Emmanuel Lubezki é de um primor que nos envolve e o principal conteúdo do filme, tornando-se as imagens verdadeiros protagonistas do filme, detendo toda a potência da película.
A narração envolve a relação amorosa de um casal, Marina ( Olga kurylenko) e Neil (Ben Affeck), que se conhecem em Paris, se apaixonam e ela decide ir morar numa cidadezinha dos Estados Unidos, levando sua filha. O interesse do diretor é mostrar o amor de uma mulher por um homem e a inquietude deste amor, o desgaste da rotina e do casamento até a separação. Neil se envolve com uma antiga namorada  Jane (Rachel McAdams), mas nunca esquece Marina.
Paralelo há um padre protagonizado por Javier Bardem, seu amor a Deus e ao próximo, seu sofrimento interior ao sentir o padecer das pessoas e o constante questionamento da sua fé diante de tantas injustiças.
Quem conhece a trajetória do diretor Terrence Malick,  com 40 anos de carreira e 6 filmes, como A Árvore da Vida (2011), Além da Linha Vermelha (1998), Cinzas no Paraíso (1978), o tempo para realizar cada filme, este foi o filme mais rápido de sua carreira, demorou apenas 2 anos em relação ao anterior. Imagine o que se espera deste filme em forma de poesia, saindo do gênero comum de filmes com história e enredo.
Ben Affeck quase não dialoga no filme, enquanto a linda atriz ucraniana Olga Kurylenko narra em francês, está belíssima em cena e com excelente atuação. E a maravilhosa fotografia ajuda a nos enlevar na poesia e no âmago dos atores.
Javier Bardem narra um pároco em crise cristã no seu idioma espanhol, e dá um peso à narrativa que impressiona.
Filme de imagens que pesam mais que os atores, em que a natureza deslumbrante consegue registrar sentimentos de amor, de espiritualidade, de fé , de desesperança, de descrença, de uma beleza intrínseca inigualável.
Ideal para ser assistido em tela grande e no silêncio da plateia, curtir a contemplação da vida através de registros, fotos e impressões de imagens. Imperdível para quem curte este tipo de filme de reflexão, para se emocionar e guardar momentos indescritíveis.
Fica uma ressalva, para quem curte filme de enredo e ação, sairá insatisfeito e entediado com certeza.Vale a pena conferir!!  



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

FERRUGEM E OSSO




Com um tema forte e atraente, o diretor Jacques Audiard realizou este drama francês intitulado Ferrugem e Osso, o próprio nome já nos leva a imaginar o roteiro do filme.
Conta a história de Stéphanie ( Marion Cottilard ), uma adestradora de orca, que numa de suas noitadas conhece Alan ( Mathias Schoenaerts ), segurança da boite, um boxeador que cria um filho sozinho e mora provisoriamente na casa da irmã . Alan é uma pessoa rude e fria, que não sabe agregar, que não consegue transmitir amor à sua família, inclusive ao seu filho. Até com as mulheres, incluindo Stéphanie, ele tem um relacionamento passional, sem laços e emoções.
Quando Stéphanie sofre um trágico acidente com a orca que leva à amputação de suas pernas, ela entra em choque e depressão e aos poucos vai criando um laço com aquele homem rude mas que a acolhe por inteira, que a trata sem preconceito, que sente atração física por ela, e não se fixa na questão tão dolorosa para ela, que é a perda da sua imagem corporal.
Um filme triste, deprimente, de um realismo que cabe na história, que não respeita os limites do físico e da alma. Sem apelações, apesar de mostrar cenas de forma bem real, como atos de sexo de Alan com a bela adestradora e suas pernas amputadas, Alan a carregá-la para fazer suas necessidades básicas. Tudo mostrado dentro de uma crueza e naturalidade, sem pieguices, mas também não apela para o tema para produzir momentos de catarse para o público.
A atriz Marion Cotillard esbanja talento e naturalidade na interpretação do seu personagem, demonstrando sentimentos de dor e depressão após o acidente, a não aceitação do seu corpo incompleto  até a superação, com momentos de uma beleza incrível apesar da crueza do tema. A atriz expõe a sua fragilidade e a dolorosa tentativa de superação; e tem dois momentos únicos no filme, o primeiro quando Alan a carrega ao mar, e ela atônita no início, aos poucos vai dominando seu corpo e vem o prazer de estar nadando no mar, um prazer que há muito não sentia. O ator Mathias Schoenaerts faz um Alan de uma rudeza de sentimentos, um cara que apanhou da vida e só valoriza o físico, por não saber dar afetividade, mas no íntimo não é uma pessoa ruim. Cada um com seus defeitos, interagem e se complementam, e não percebem o sentimento que os une.
O outro momento é quando Stéphanie vai ao encontro da orca responsável pelo seu acidente, e naquele instante ela descobre como o amor e o ódio podem estar tão próximos,  nesta cena memorável, com uma fotografia ímpar, dá vontade de dar uma pausa e ficar deslumbrando aquele quadro, como um pôster que se encaixa na tela.
A fotografia é belíssima, de forma simples e direta, límpida, só faz ajudar as cenas a serem mais fortes e reais.
A trilha sonora de Alexandre Desplat é excelente, concisa, apesar da situação dramática, a sonoridade não leva a devaneios, é utilizada na função correta de complementar o visual, respeitando o limite que o filme deseja, para não perder o realismo e se tornar piegas.
Marion Cotillard ganhou o Oscar 2008 de Melhor Atriz pelo filme Piaf- um Hino ao Amor e o César 2005 de Atriz coadjuvante no filme Eterno Amor.
Filme profundo, simples, direto, sutil igual a vida das pessoas, não piegas mas com o romantismo que as situações se apresentam. Onde os dois protagonistas se desnudam aos poucos para o espectador, e depois dos fatos que ocorrem em suas vidas, vão transformando essas pessoas e seus sentimentos, cada um com suas imperfeições vai complementando a vida do outro.
Com um roteiro muito bem escrito, uma história simples e real que nos leva da tristeza à paixão, que nos encanta e nos envolve e nos faz refletir sobre as abordagens e as dificuldades que a  vida pode apresentar, os encontros e o aprendizado da superação. Tudo colocado de tal forma para não ter piedade dos personagens, a gente torce por eles, mas ciente que esta é a cruel realidade.
Você sai do cinema enlevado por tudo que assistiu e com vontade de rever e aprender, que a vida está aí para ser sorvida nos seus detalhes, e cada fato, seja alegre ou triste, nos leva a algum aprendizado, e o quanto é importante encarar a realidade, e se alguém estender a mão, aceite. Esta pode ser uma nova oportunidade que bate a sua porta.





sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A ESPUMA DOS DIAS



Baseado no romance ¨L’écume des Jours¨ publicado em 1947 por Boris Vian, o filme francês A Espuma dos Dias, do diretor Michel Gondry  é de um surrealismo extremo.
Conta a história de Colin (Romain Duris), um inventor rico graças a suas criações, mora em um apartamento esquisito e conta com a amizade do seu advogado e cozinheiro Nicolas (Omar Sy) e de Chick (Gad Elmalesh), um intelectual que tem verdadeira fixação pelo filósofo Jean Sol-Partre, obviamente uma referência a Jean-Paul Sartre.
Quando Colin conhece Chloé (Audrey Tautou) eles se apaixonam, se casam e vivem felizes até que ela contrai uma doença pulmonar rara, ao engolir uma flor de lótus que cresce no seu pulmão. A partir daí o mundo desaba para o casal. Nicolas passa a cuidar de Chloé enquanto Colin é obrigado a deixar suas invenções e trabalhar, pois o dinheiro acaba e ele entra em falência.
Com esta historinha linda e melancólica , o diferencial é que ela é toda recheada de esquisitices, das invenções de Colin, de um mundo imaginário e fantástico que beira ao extremismo.
Temos uma barata como campainha da casa que só pára de tocar quando esmagada; um piano que produz coquetéis à medida que é tocado; um ratinho com cara de gente que anda pelos cantos da casa; uma nuvem que voa pelos arredores de Paris; flores crescendo em pulmão; os sapatos de Colin que andam sozinhos e farejam como um cachorro, e por aí vai, o lúdico e o imaginário surrealista deste filme, recheado pelo lirismo do amor de Colin e Chloé.
Quando Colin começa a ficar pobre , a casa vai diminuindo de tamanho, a fotografia perde suas cores e torna-se em preto e branco, o som desaparece, teias de aranha crescem em casa, as flores murcham, como uma metáfora que os áureos tempos de sucesso e a felicidade deram lugar a uma existência sombria. Neste momento uma vizinha avisa: ¨Quando ficamos velhos, as casas parecem se tornar menores¨.
Só que estas invenções inovadoras não tem muito haver com a história, é como se vivessem em um mundo imaginário e paralelo. Até a dança deles ( o Biglemoi ) é diferente, as pernas crescem e fazem verdadeiras acrobacias, interessante e estranho ao mesmo tempo.
Todos estes artefatos fazem este filme inovador, excêntrico, surrealista beirando ao extremismo. O que para alguns pode soar monótono e chato.
Os atores protagonistas Romain Duris e Audrey Tautou estão ótimos nos seus personagens, um Colin e Chloé  perfeitos dentro do excêntrico, um amor pleno e surreal do casal, capaz de uma entrega total que nos emociona em alguns momentos. Eles já trabalharam juntos nos filmes Albergue Espanhol( 2001) e Bonecas Russas (2004). Romain Duris também foi o protagonista do filme A Datilógrafa e Audrey Tautou será a eterna Amélie Polain.
A fotografia e a luminosidade são bem direcionadas e a trilha sonora se encaixa muito bem no que é apresentado.
Filme exagerado nas excentricidades, nas invencionices e na fantasia visual, com uma história pungente e triste que é muito bem elaborada pelos atores, mas termina se perdendo neste esquisito universo paralelo apresentado. Perde-se na emoção à medida que exagera-se no visual surrealista. Provavelmente para alguns espectadores vai ser difícil de digerir e outros vão se deliciar.
Enfim, espetacularmente criativo e tedioso, eis a questão!