sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A ESPUMA DOS DIAS



Baseado no romance ¨L’écume des Jours¨ publicado em 1947 por Boris Vian, o filme francês A Espuma dos Dias, do diretor Michel Gondry  é de um surrealismo extremo.
Conta a história de Colin (Romain Duris), um inventor rico graças a suas criações, mora em um apartamento esquisito e conta com a amizade do seu advogado e cozinheiro Nicolas (Omar Sy) e de Chick (Gad Elmalesh), um intelectual que tem verdadeira fixação pelo filósofo Jean Sol-Partre, obviamente uma referência a Jean-Paul Sartre.
Quando Colin conhece Chloé (Audrey Tautou) eles se apaixonam, se casam e vivem felizes até que ela contrai uma doença pulmonar rara, ao engolir uma flor de lótus que cresce no seu pulmão. A partir daí o mundo desaba para o casal. Nicolas passa a cuidar de Chloé enquanto Colin é obrigado a deixar suas invenções e trabalhar, pois o dinheiro acaba e ele entra em falência.
Com esta historinha linda e melancólica , o diferencial é que ela é toda recheada de esquisitices, das invenções de Colin, de um mundo imaginário e fantástico que beira ao extremismo.
Temos uma barata como campainha da casa que só pára de tocar quando esmagada; um piano que produz coquetéis à medida que é tocado; um ratinho com cara de gente que anda pelos cantos da casa; uma nuvem que voa pelos arredores de Paris; flores crescendo em pulmão; os sapatos de Colin que andam sozinhos e farejam como um cachorro, e por aí vai, o lúdico e o imaginário surrealista deste filme, recheado pelo lirismo do amor de Colin e Chloé.
Quando Colin começa a ficar pobre , a casa vai diminuindo de tamanho, a fotografia perde suas cores e torna-se em preto e branco, o som desaparece, teias de aranha crescem em casa, as flores murcham, como uma metáfora que os áureos tempos de sucesso e a felicidade deram lugar a uma existência sombria. Neste momento uma vizinha avisa: ¨Quando ficamos velhos, as casas parecem se tornar menores¨.
Só que estas invenções inovadoras não tem muito haver com a história, é como se vivessem em um mundo imaginário e paralelo. Até a dança deles ( o Biglemoi ) é diferente, as pernas crescem e fazem verdadeiras acrobacias, interessante e estranho ao mesmo tempo.
Todos estes artefatos fazem este filme inovador, excêntrico, surrealista beirando ao extremismo. O que para alguns pode soar monótono e chato.
Os atores protagonistas Romain Duris e Audrey Tautou estão ótimos nos seus personagens, um Colin e Chloé  perfeitos dentro do excêntrico, um amor pleno e surreal do casal, capaz de uma entrega total que nos emociona em alguns momentos. Eles já trabalharam juntos nos filmes Albergue Espanhol( 2001) e Bonecas Russas (2004). Romain Duris também foi o protagonista do filme A Datilógrafa e Audrey Tautou será a eterna Amélie Polain.
A fotografia e a luminosidade são bem direcionadas e a trilha sonora se encaixa muito bem no que é apresentado.
Filme exagerado nas excentricidades, nas invencionices e na fantasia visual, com uma história pungente e triste que é muito bem elaborada pelos atores, mas termina se perdendo neste esquisito universo paralelo apresentado. Perde-se na emoção à medida que exagera-se no visual surrealista. Provavelmente para alguns espectadores vai ser difícil de digerir e outros vão se deliciar.
Enfim, espetacularmente criativo e tedioso, eis a questão!







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