Com direção de Agnés Jaoui com
parceria com seu marido Jean-Pierre Bacri, ambos atores também deste filme Além do
Arco-Íris, onde interpretam os personagens Marianne e Pierre. A diretora é
responsável por filmes como Uma questão de Imagem e O gosto dos Outros, que
valem a pena assistir.
Este drama francês tem
características de uma fábula ou conto de fadas, a partir das cores, do ritmo e
das tramas relacionadas, com várias
personagens e histórias que se entrelaçam. Era uma vez...uma jovem romântica
que acreditava no amor e sonhava encontrar seu príncipe encantado; um homem
separado, amargurado, pessimista e racional, que não conseguia manter uma
relação afetuosa com os familiares, e vivia atormentado por acreditar que tinha
dia marcado para morrer, conforme previsão de uma vidente; um jovem músico e
compositor gago que não acreditava no seu talento e que não se entendia com seu
pai; uma mulher de meia idade que persistia no sonho de ser atriz; uma
garotinha que acreditava em Deus e que não aceitava a separação dos pais...era
uma vez...
Em todas as histórias há uma
mistura do real com as fábulas, os contos de fadas e outras histórias infantis,
com certo humor satírico e um romantismo que em certos momentos beira o
ridículo, que nos diverte e faz sugerir que a realidade é bem diferente das
fábulas, e que é preciso amadurecer e separar o real do imaginário. Mas que
muitas vezes não enxergamos os sinais que a vida nos fornece e preferimos nos
enganar, enxergando ¨principe por sapo¨,
ou melhor dizendo no real, gato por lebre.
Já nos créditos iniciais do filme
observamos as cores e a fotografia, que nos leva a questionar se o filme se
passa na vida real ou é uma fábula, com uma trilha sonora que combina com os
flashes e diálogos, e com os personagens simples, uns românticos, outros realistas, e por aí vai se formando cada trama desenvolvida.a
A diretora usa a temática dos
contos como Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, para realizar um filme diferente,
mas cuja abordagem tem relação com a vida
moderna, com toda a realidade que nos norteia, com imagens e conceitos sobre o
amor, a família, amizade, insegurança e maturidade. Um momento super
interessante quando o mocinho (príncipe ou sapo?) para acordar a jovem ( ou
princesa?) Laura, dá uma bofetada na cara dela. Sente-se pena ou ela
mereceu para acordar do sonho que criou
para si?
Os atores Agnes Jaoui,
Jean-Pierre Bacri, AgatheBonitzer (no papel de Laura), Benjamin Biolay e Arthur
Dupont têm uma boa química, onde todos os personagens têm um peso
praticamente igual no decorrer do filme.
Um tipo de filme que ao término
sentimos um gostinho amargo e gostoso da
realidade da vida, justamente por se diferenciar de filmes padrões, por nos
levar a utilizar nossas próprias ideias para entendimento do real e do
imaginário, vai depender do conceito de cada pessoa. Será que a vida pode ser
um conto de fadas, eis a questão. Afinal, a vida está aí para ser vivenciada
nos seus detalhes com valores pessoais e reais. E que não é nenhum conto de
fadas, mas a beleza e o conteúdo depende do olhar de cada um.