segunda-feira, 25 de maio de 2015

UMA LONGA JORNADA



Com direção de George Tillman Jr., o filme Uma Longa Jornada é mais uma adaptação do romance de Nicholas Sparks, tão conhecido do público por outros romances, como Querido John, A Última Música, Um Amor para Recordar, Diário de Uma Paixão e outros.
Um melodrama leve, com duas histórias de amor em épocas diferentes que a certa altura se cruzam. As cartas de amor são lindamente suaves e cheias de romantismo com uma história de amor que nem o tempo é capaz de destruir.
Conta a história de Sophia Danko ( Britt Robertson), estudante de Belas Artes que adora quadros de arte. Ao conhecer o cowboy de rodeio Luke Collins ( Scott Eastwood), logo de apaixonam apesar de serem tão diferentes e viverem mundo opostos.  Em certa noite de encontro, eles ajudam um velhinho que se acidentou na estrada. A partir daí cria-se um elo entre Sophia e este senhor chamado Ira Levinson ( Alan Alda), que pede para ela ler todos os dias uma carta de amor que fez para sua esposa. Essas horas com Sophia servem de bálsamo para Ira, com suas recordações do passado.  A partir do encontro com Ira Levinson, a vida de Sophia e Luke passarão por uma grande transformação.
O jovem casal formado por Scott Eastwood e Britt Robertson são atraentes e lindos, mas falta certa química e emoção entre eles. Já o casal de idade, é a história mais bacana do filme. O ator Jack Huston faz o Ira Levinson quando jovem.
Drama sensível e delicado, com os clichês já conhecidos do público, trilha sonora agradável que contribui para o romantismo do filme. Boa ambientação com cenários bonitos.
Enfim, um filme romântico para distrair a tarde, com melodrama leve e um  final  interessante.



terça-feira, 12 de maio de 2015

Mostra + 60 – Envelhecer é uma Arte. 1ª. Programação – Curtas (Brasil)



1ª. Programação.
Curtas:
Ovos de Dinossauro na Sala de Estar – de Rafael Urban
Mr. Abrakadabra – de José Araripe Jr. e Moisés Augusto
O Dia de Jerusa – de Viviane Ferreira
A Última da Família – de Cláudia Gama.



Ovos de Dinossauro na Sala de Estar  (2011)



Direção de Rafael Urban, Ovos de Dinossauro na Sala de Estar é um documentário de 12’ com depoimento da alemã  Ragnhild Borgomanero, de 77 anos, viúva do cônsul da Itália Guido Borgomanero.
Ragnhild conta a sua vida com o cônsul da Itália, como se conheceram e se apaixonaram, as viagens que fizeram, o amor extremado deste casal. Para manter viva a memória do seu esposo, Ragnhild aprendeu a arte digital e passou a fotografar as peças antigas que acumularam durante as viagens, o fascínio do cônsul Guido. Eles possuem as maior coleção de peças de fósseis da América Latina, sendo a última peça os ovos de dinossauro que ela conserva na sala de estar.
“Não estou morto, troco só de ambientes. Vivo com vocês e caminho nos vossos sonhos”, dizia  Guido Borgomanero, parafraseando o grande artista Michelangelo.
Este filme ganhou vários prêmios, inclusive de Melhor Direção e Melhor Curta na Semana dos Realizadores em 2011.



Mr. Abradkadabra  (1996)



Mr. Abrakadabra, curta de 13’ com direção de José Araripe Jr. e Moisés Augusto, conta a história de Mr. Abrakadabra (Jofre Soares), um velho mágico decadente, desiludido com a sua vida pois não tem mais a habilidade de outrora para realizar seus truques, e por isto tenta a todo custo se suicidar sem êxito. Suas mágicas e truques que antes fizeram tanto sucesso, já não funcionam, suas velhas mãos já não tem a agilidade da juventude.
Mas a vida é cheia de artimanhas, e eis que o destino prepara uma reviravolta na vida do velho Mr. Abrakadabra.
Filme de 13’ gostoso de assistir, lembra os filmes mudos de Charles Chaplin em preto e branco, roteiro simples e ágil e uma trilha sonora que nos remete a um passado longínquo.
“Afinal, a vida é feita de belos truques”, assim como no final  o colorido aparece, a nos mostrar que tudo na vida depende da ótica do espectador.
Ganhador do premio de Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Ator no Festival de Brasília 1996.


O DIA DE JERUSA   (2014) 


Direção e roteiro de Viviane Ferreira, este curta com 20’de duração integrou a programação da 7ª. Edição do Festival de Cannes 2014.
Com um elenco negro, conta a história de Jerusa Anunciação (Léa Garcia), uma senhora de 77 anos, moradora em um sobrado no bairro de Bexiga, São Paulo.
Abordada pela jovem Silvia (Débora Marçal) sobre uma pesquisa de sabão em pó, durante a entrevista Jerusa desfia suas lembranças de vida, sua ancestralidade.
Filme com abordagem intimista, fala da solidão na velhice e de como as memórias e perdas do passado refletem nas ações atuais das pessoas.



A Última da Família   (Quebec/ Canadá-2012)


Direção de Cláudia Gama, o curta A Última da Família (Die Letzte der Familie) com 17’de duração é um documentário sobre o cotidiano da Sra. Edelgard Schiefner, de 91 anos, última remanescente de sua família.
Confinada há 3 anos em uma cama, dependente de cuidados paliativos e de cuidadores que vão à sua casa, com a finalidade de executar os cuidados básicos de higiene e sua alimentação.
Com depoimentos marcantes a Sra. Schiefner é um exemplo de determinação, paciência e coragem, de como enfrentar a velhice e suas limitações, onde a vaidade faz parte do seu ego. O que ajuda a minimizar a solidão desta senhora é uma moca voluntária, uma imigrante que também não tem família nesta cidade, e ao se envolver neste trabalho com Frau Schiefner, formou um elo de amizade, apoio e fortalecimento mútuo.
Interessante conhecer uma realidade bem diferente da nossa, onde as pessoas com limitação e sem ter família para cuidar tem o apoio do Estado através da Assistência Social que  faz o seu devido papel, preocupada em manter a qualidade de vida e a dignidade do ser humano.
Um convite à reflexão sobre a vida e a esperança, a vontade e aceitação do que a vida oferece, esta idosa apesar de sua limitação, nos transmite paz interior e tolerância. Afinal, a velhice, assim como todas as fases da vida, é única e cabe a cada um vivenciar com aceitação e benevolência.
Documentário de sensibilidade ímpar, tocante, pura emoção à flor da pele.
Curta exibido na Abertura no DOK, Fórum de Munique 2012.




segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mostra + 60 - Envelhecer é uma Arte. 2a. Programação - Curtas (Brasil)



2a. Programação:
Curtas: Vestígio – de Karla Holanda
             Morte – de José Roberto Torero
             O Teu Sorriso – de Pedro Freire
             Depois de Tudo – de Rafael Saar



VESTÍGIO  (2002)

Curta com 15’de duração, direção de Karla Holanda, um documentário emocionante baseado nos depoimentos de duas pessoas idosas.
Lirete tem 67 anos e Zuza, 84 anos. Ambos moram em cidade do interior à beira-mar. Ambos solitários e amigos, falam das dificuldades inerentes à terceira idade, como lidam com suas vidas, os afazeres domésticos, o lazer. Sentem o peso da solidão e o que fazem para contornar este sentimento.
A sabedoria popular faz parte da rotina diária dessas duas pessoas simples, uma verdadeira lição de vida.



Morte  (2002)


Direção de José Roberto Torero, o curta  Morte, com 15’ de duração é uma comédia dramática onde um casal de idosos (Paulo José e Laura Cardoso) decidem se preparar para "a última viagem", e os diálogos irônicos e ágeis são todos sobre os preparativos para a chegada da morte. Flores, música, jazigo, roupas que irão vestir, tudo é escolhido de forma para não dar trabalho aos filhos e ser do jeito que eles decidirem ainda em vida. Afinal, como eles mesmo dizem “a última impressão é a que fica”, criticando a morte.
Uma sátira sobre a morte e a vida, afinal todos que estão vivos um dia morrerão, esta é a realidade.
Uma reflexão engraçada sobre a velhice com suas fragilidades e a vida em questão. Pois há duas possibilidades na nossa vivência e na morte.  A 1ª.,  para que viver muito se vou envelhecer, adoecer e morrer. E a 2ª, justamente o contrário, pode impulsionar o ser humano para descoberta de novas possibilidades. Cabe a cada pessoa sua escolha de vida.
Como no diálogo sarcástico entre o casal sobre a morte. “Tem que ter paciência, um dia ela chega. E o que a gente faz enquanto ela não vem? Esse é um grande problema.”
Filme com várias indicações em Festivais. Ganhou prêmio de Melhor Ator no Vitoria Cine Vídeo 2002.



O TEU SORRISO  (2009)


Com direção de Pedro Freire, este curta de 19’ nos convida a perceber que é possível descobrir o amor em qualquer fase da vida, inclusive na terceira idade.
Rodrigo (Paulo José) e Suzana (Juliana Carneiro da Cunha) vivem momentos felizes, um romance carregado de amor e paixão. Passam momentos agradáveis e divertidos conversando no quarto. Conversam, brincam, fazem sexo... as afinidades fazem parte deste casal, um retorno ao tempo em que eram jovens.
Uma reflexão sobre as possibilidades que a vida nos oferece, um mergulho de cabeça nos sentimentos e novas experiências no outono da vida.  Afinal, cada fase da vida é única e cabe a cada um vivenciar do seu modo e através das suas escolhas.





DEPOIS DE TUDO  (2008) 


Direção de Rafael Saar, este emocionante filme conta a história de dois homens na terceira idade que se amam e somente o que desejam é viver o momento presente quando estão juntos. Um drama com 12' de duração em que o tempo é a essência da vida dessas duas pessoas que se amam com paixão.
Fala de espera, de idas e vindas, de momentos únicos, de escolhas de vida e da importância de assumir relações profundas.
Protagonizado por Ney Matogrosso e Nildo Parente, dois atores marcantes, um filme lindamente melancólico, em ritmo lento para nos mostrar a beleza dos detalhes, o poder do amor  sobre o tempo. Trilha sonora perfeita na voz de Gal Costa. 
Ganhou vários prêmios, inclusive de Melhor Ator e Melhor Roteiro no Festival de Cinema da Diversidade Sexual 2008.







domingo, 10 de maio de 2015

ESSES MOÇOS (Brasil) - MOSTRA + 60




Direção do cineasta baiano  José Araripe Jr., o filme  Esses Moços (Brasil/ 2004) é um drama melancólico com uma carga de humanidade, aborda temas sociais como infância abandonada, pobreza, a velhice senil e suas dificuldades, a violência social e marginalidade.
Uma verdadeira viagem cinematográfica por uma Salvador que não aparece nos cartões postais, com uma fotografia ímpar, um passeio pela Cidade Baixa, subúrbio ferroviário, a Baia de Todos os Santos, expondo também o abandono desta parte da cidade.
As irmãs Darlene (Chaiendi Santos) e Daiane (Flaviana da Silva) vivem e perambulam pelas ruas de Salvador, sujeitas aos perigos da marginalidade urbana. Darlene, a mais velha e cheia de amargor, tem um espírito de proteção pela sua irmã mais nova Darlene, e vivem a pedir esmola e fazer suas malandragens pelas ruas de Salvador.
Um dia elas encontram  Diomedes (Inaldo Santana), um velho desmemoriado que se faz de cego, e prefere viver pelas ruas do que morar no asilo.
Eles criam um elo de amizade familiar, a pequena e doce Daiane se apega tanto a Diomedes que o chama de avô. O velho caduco Diomedes conduz as crianças para o seu mundo com afeto e solidariedade, e elas tentam preservá-lo dos perigos da rua. Dois mundos extremos e parecidos ao mesmo tempo, inocência e senilidade, sonhos e surrealidade que se cruzam. Perceptível quando a criança exclama que a casa que Diomedes  mora é enorme e linda, na realidade é o Asilo de Mendicidade da Bahia. E quando o velho rejeita o retorno ao asilo e grita:  Eu sou um homem livre!
Um drama que nos leva a refletir sobre a violência e injustiça social, a importância da família na formação do ser humano, a velhice com suas debilidades e oportunidades e escolhas de vida.
Nos créditos finais, a linda música de Lupicínio Rodrigues  jaz jus ao título do filme.

sábado, 9 de maio de 2015

CHUVAS DE VERÃO (Brasil) - MOSTRA + 60


O filme Chuvas de Verão (Brasil/1978), direção do cineasta Carlos Diegues, é um drama ambientado no subúrbio carioca e mostra os acontecimentos nesta comunidade durante cinco dias.
Anos 70, o viúvo Afonso (Jofre Soares) se aposenta  e as comemorações começam com os colegas de trabalho e continuam na comunidade em que mora, os vizinhos fazem uma festa com direito a faixa escrito “Viva o Ócio”. Feliz e realizado com a nova situação, a aposentadoria como um ciclo de vida que termina e início de outro estilo de viver como  uma nova existência, assim se sente Afonso, a começar pelo pijama que passa a usar.
Em cinco dias Afonso conhecerá e vivenciará fatos que durante uma vida inteira lhe foi negado, como proteger em sua casa um foragido da polícia codinome Lacraia, namorado de sua empregada Lurdinha (Cristina Aché); conviver com seus vizinhos como o bisbilhoteiro Juraci (Paulo Cezar Pereio); os problemas familiares de sua filha (Marieta Severo) e seu genro Dr. Geraldinho (Daniel Filho) e se apaixonar pela sua vizinha D. Isaura (Miriam Pires).
Filme revolucionário para a época inclusive pela cena de nudez e amor entre os personagens de Jofre Soares e Miriam Pires, e temas tabus desta época como nudez no cinema, o amor e sexo na terceira idade. Por sinal, a cena mais bonita do filme, puro lirismo, realização e felicidade.
A trilha sonora tem músicas dos anos 70 de Herivelto Martins, Paulinho da Viola, Roberto e Erasmo Carlos.
Este drama fala de solidão na velhice, amizade e companheirismo. Leva à reflexão sobre o uso do tempo após uma vida inteira dedicada ao trabalho. E a questão: existe idade para o amor? Recomeçar sempre é possível e o amor tem o poder de rejuvenescer as pessoas.
Ganhador do Troféu Candango de Melhor Montagem, Melhor Atriz Coadjuvante (Miriam Pires), Melhor Ator Coadjuvante (Paulo César Pereio) e Melhor Cenografia no Festival de Brasília 1978.

A vida não é como as águas do rio que passam sem descanso, nem como o sol que vai e volta sempre. A vida é uma chuva de verão súbita e passageira que se evapora ao cair”.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

O OUTRO LADO DA RUA (Brasil) - MOSTRA + 60



Direção de Marcos Bernstein, o filme  O Outro Lado da Rua (Brasil /2004)  é um drama que marca o encontro de dois grandes atores no cinema, Fernanda Montenegro e Raul Cortez.
Passado no bairro de Copacabana, conhecemos Regina (Fernanda Montenegro), uma senhora aposentada de 65 anos, uma mulher de humor ácido e de mal com a vida, que vive isolada de amigos e não mantém um bom relacionamento com seu filho e sua única companhia é uma cadela chamada Betina. Regina (codinome Branca de Neve) é informante da Polícia carioca através de um programa da Polícia com pessoas aposentadas, no intuito de denunciar a exploração sexual de menores na cidade e outros delitos. Assim como Leonor (Laura Cardoso), que Regina conhece em Copacabana e também ajuda a Polícia.
Regina passa boa parte do seu tempo a vigiar os prédios vizinhos com um binóculo, e certa noite ela testemunha um homem administrando uma injeção letal em uma mulher, e imediatamente avisa a polícia. Ao saber que este caso foi considerado morte natural, seu autor é um conceituado morador do bairro chamado Camargo (Raul Cortez), cuja esposa morreu de câncer. Inconformada,  Regina passa a perseguir Camargo e termina se envolvendo amorosamente com ele.
Drama com história interessante e boa fotografia, com dois atores com ótimas  performances, mas falta uma certa  interação da investigação com o público. 
Fala de solidão como um fardo e um desamparo nesta fase da vida, da importância da família para suprir este vazio, de sexualidade (o que nesta época era um verdadeiro tabu). Observamos também o preconceito, inclusive da própria Regina, que não aceita o envelhecer e olha com desdém para os idosos que utilizam o tempo livre se divertindo nas praças do bairro.
Ganhador do Grande Prêmio Cinema Brasil 2004 de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro e Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Cardoso.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

COPACABANA (Brasil) - MOSTRA + 60



Copacabana (Brasil/ 2001), direção e roteiro de Carla Camurati, uma comédia dramática emocionante e poética, lúdica com humor refinado.
Prestes a completar 90 anos, o fotógrafo Alberto (Marco Nanini) entra em crise existencial e filosofa sobre a vida e a velhice. Enquanto seus amigos de longas décadas preparam uma festa surpresa, Alberto relembra fatos marcantes de uma vida inteira passada no bairro de Copacabana, seus amigos, amores e paixões, os grandes bailes no Copacabana Palace. Uma verdadeira viagem no túnel do tempo tendo como cenário os anos dourados deste bairro cantado em prosa e verso por grandes escritores e compositores.
Com uma fotografia ímpar, um colorido alegre que ganha um ar nostálgico em preto e branco no retorno ao passado, trilha sonora bem interessante, um rap gostoso misturado a músicas antigas, no contexto de um roteiro coerente ao tema.
O elenco formado por atores idosos, como Laura Cardoso, Miriam Pires, Rogéria, Joana Fomm, Walderez de Barros, Tonico Pereira, Renata Fronze, Ida Gomes, Ilka Soares e outros. Marco Nanini no papel do idoso Alberto, maquiagem muito bem feita, sua voz marcante narrando suas lembranças de outrora, uma interpretação inesquecível.
O filme ganhou vários prêmios, como de Melhor Cenografia e Melhor Ator (Marco Nanini) no Festival de Cinema Brasileiro de Miami 2002 e Melhor Atriz Coadjuvante (Laura Cardoso) no Grande Premio BR do Cinema Brasileiro 2002.
Uma reflexão sobre o envelhecer com dignidade, a alegria de ter vivido momentos que ficarão gravados na memória para sempre, lembranças compartilhadas com os amigos, a maior riqueza de uma vida. Fala de amizade, amores e desamores, desejos e medo da morte.
Um verdadeiro painel da vida de Copacabana e do País e um mergulho na história de vida de uma pessoa que vive a velhice sem pudor, com prazer e intensidade onde experiências passadas são seu maior patrimônio atual. “A sombra negra da saudade é de um passado cor de rosa”.
"Há duas datas, a do nascimento e da morte, e no meio uma infinidade de acontecimentos, dores, problemas, amores e emoções, almas que se esgarçam"...eis o ensinamento que Alberto deixa para todos nós.

DEPOIS DAQUELE BAILE (Brasil) - MOSTRA + 60



Direção de Roberto Bomtempo,  o filme Depois daquele Baile (Brasil/ 2005) é uma comédia romântica envolvente, que fala de amor, amizade e cumplicidade, de viver o outono da vida com alegria e prazer.
Baseado na peça teatral homônima de Rogério Falabella, mostra o cotidiano simples da vida em Belo Horizonte, mesa farta de comida mineira como tutu de feijão, o famoso pão de queijo e outros quitutes de dar água na boca.
A alegre e sedutora viúva Dóris (Irene Ravache) tem uma pequena pensão para ajudar nas suas finanças mas que é algo prazeroso, e todas as sextas-feira promove um irreverente sarau. Conta com a ajuda de sua sobrinha Beth (Ingrid Guimarães) nos afazeres domésticos.
Os amigos Freitas (Lima Duarte) e Otávio (Marcos Caruso) são frequentadores assíduos da pensão de Dóris e almejam conquistar o coração desta fogosa viúva. Dois homens com características e formas de vivenciar a vida bem diferente. Freitas é um galanteador mulherengo, sempre bem humorado, que vive o presente com toda intensidade e não valoriza o passado. Já Otávio é uma homem tímido, reservado, saudosista, e acha que é no passado que pode encontrar as melhores coisas da vida. Dois homens disputando o amor de uma mulher com amizade e companheirismo, de forma digna e generosa.
Boa fotografia, roteiro focado em uma trama simples e tocante, com clima de romantismo e sedução. Um triângulo amoroso com atores de primeira grandeza, Irene Ravache, Marcos Caruso e Lima Duarte  demonstram uma cumplicidade impressionante. Ganhador Troféu Candango 2005 na categoria Melhor Filme e Melhor Roteiro no Festival de Cinema Cuiabá 2006.
Este filme tem como tema central a amizade e a importância de construir relações, que a velhice pode ser desfrutada de forma prazerosa, intensa e com liberdade, e que é possível viver novas experiências e estar aberto a novos sentimentos em todas as fases da vida.
Quando a sobrinha Beth fala com desdém para sua tia Dóris sobre seus pretendentes...um aposentado e um quebrado...e Dóris sabiamente responde: É tudo uma questão de tempero! Este diálogo exprime o espírito deste filme que leva a platéia a um sorriso no rosto e a guardar na memória bons ensinamentos.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

NOITE SEM FIM


O filme Noite Sem Fim (EUA / Run All Night, no original) é mais uma parceria do diretor Jaume Collet Serra com o ator Liam Neeson. Mistura suspense com muita ação e momentos dramáticos, mas sem apelo exagerado.
Jimmy Conlon (Liam Neeson) é um antigo matador da Máfia, embrutecido e envelhecido pelo álcool e por seu passado hostil. Ele sempre teve respeito e lealdade  a seu chefe, Shaw Maguire (Ed Harris), e apesar de não trabalhar mais nesta área, conserva uma amizade fiel com seu ex-chefe e amigo.
Jimmy Conlon tem um filho, Michael Conlon (Joel Kinnaman), um comportado motorista de limusine que o rejeita pelo seu passado de matador. Ao levar dois traficantes à casa de Danny Maguire (Boyd Holbrook), filho do chefão Shaw Maguire, Michael fica em perigo. Danny persegue Michael para matá-lo, e é nesta hora que Jimmy Conlon entra em ação, para defender seu filho a todo custo. Para isto ele é capaz de tudo, até de ficar contra seu antigo chefe e amigo, numa guerra sem fim, com muita violência, mortes e drama.
Com esta boa trama cheia de suspense e ação, com ótima direção, diálogos de humor, com muita tensão e emoção. Apesar dos clichês já conhecidos do público, com muitos tiros e violência física, tem cenas de tirar o fôlego, com  perseguições no meio da noite. A trilha sonora boa e coerente,  aumenta a tensão do filme, dando um ritmo frenético.
Como sempre Liam Neeson tem uma atuação exemplar neste personagem amargurado por um passado humilhante e rejeitado por sua família. E forma com o ator  Ed Harris uma parceria bacana, com muito carisma e personalidade.
Um filme que prende o espectador do início ao fim, para quem gosta deste estilo, com certeza vai se empolgar.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

NÃO OLHE PARA TRÁS


O filme Não Olhe Para Trás ( EUA), direção de Dan Fogelman, é uma comédia dramática com história tocante, bom roteiro e direção, trilha sonora legal, centrado em um personagem carismático.
Danny Collins (Al Pacino) é um super astro idoso insatisfeito com sua vida, usuário de drogas e álcool, que há mais de 30 anos faz sucesso com as mesmas músicas do passado, sequer consegue compor uma nova canção.
No dia do seu aniversário, seu produtor e amigo Frank Grubman (Christopher Plummer) lhe entrega de presente uma carta que John Lennon escreveu para ele no início de sua carreira, contestando uma entrevista em que Danny dizia que sua felicidade dependia do dinheiro que ganhasse.
Danny passa uma noite inteira digerindo o que seu ídolo escreveu, e decide largar a turnê e correr atrás do que deixou para trás, o filho Tom ( Bobby Cannavale) que nunca conheceu, e este episódio poderá mudar o rumo de sua vida e o verdadeiro sentido da felicidade.
Com diálogos coerentes e irônicos e uma trilha sonora muito legal, as músicas de John Lennon embalando o filme, sem exageros nos clichês, este filme envolve a platéia.
Os atores Al Pacino e Annette Bening estão excelentes nos papeis escolhidos, em especial Al Pacino como o antipático, egocêntrico e cafona astro Danny, que a certa altura da vida tenta ser uma pessoa melhor, abandonando seus vícios e tentando reatar com seu filho Tom. Sua neta Sophie (Katarina Cas) é uma criança super fofa, alegre, que fascina o espectador.
Um personagem que busca redenção tentando mudar seus valores, mas na real, a maneira como ele persegue esta ideia, comprando e doando bens para as pessoas é estranho. Afinal, o dinheiro redime os erros de uma vida?