sexta-feira, 17 de maio de 2013

SOMOS TÃO JOVENS





Este filme é uma cinebiografia do cantor e compositor Renato Russo, traça um perfil do final da adolescência e juventude de Renato Manfredini Júnior (período de 1976 a 1982), quando se mudara para Brasília, um Renato tímido, pensativo, irrequieto, que sofria de doença óssea rara, a epifisiólise, que o obrigou a ficar um tempo em cadeira de rodas após tratamento cirúrgico, levando-o a se interessar por letras e músicas. O filme centra na emocionante e desafiadora história de Renato Russo, no final da ditadura em Brasília, quando os jovens se reuniam para tocar e ouvir o rock punk, quando o Renato lecionava inglês e começou a compor suas letras e canções fortes, fundou o grupo de rock Aborto Elétrico e em 1982 surgiu o grupo Legião Urbana no Circo Voador.
O diretor Antonio Carlos da Fontoura, veterano na TV e cinema, com filmes como A Rainha Diaba e a comédia Gatão de Meia Idade, capta um Renato à flor da pele, como nas letras de suas canções, busca o sentimento irrequieto deste artista e as bandas de rock dos anos 80, símbolo de Brasília desta época. Não há interesse em falar de temas como fama, drogas e Aids, dá uma pincelada sobre a descoberta da homossexualidade, sua paixão platônica por Flávio Lemos, de Capital Inicial, mostrando as imperfeições do Renato Russo, a rebeldia do menino mimado, os ataques de estrelismo, o alcoolismo juvenil, mostra de forma autêntica o lado forte e fascinante de Renato fora do palco, temperamental, egocêntrico e imaturo.
O que dá força vital ao filme é a construção do personagem através da atuação do ator Thiago Mendonça, que compõe o personagem à sua verosemelhança , sem exageros , com delicadeza, através de expressões faciais, gestos, cacoetes, inclusive fez questão de não utilizar playback, cantando ao vivo no filme (fez muitas aulas de música), apropriando-se da voz marcante e maneirismo do Renato Russo de forma autêntica. O ator fez laboratório durante um bom tempo para compor o personagem, inclusive a convivência com Carminha Manfredini, mãe de Renato Russo, o ajudou a compreender melhor e compor o personagem, além de cadernos e anotações de composições, músicas e pensamentos deste grande compositor.
Vale salientar que Thiago Mendonça viveu outro ídolo no filme Dois filhos de Francisco, o personagem Luciano, irmão de Zezé de Camargo, o que mostra o grande ator que ele é, pois são personagens totalmente diferentes na sua essência.
Os fãs do punk rock vão gostar deste filme, conhecendo o Renato Russo que compôs canções como ¨Será¨, ¨Geração Coca-cola¨, Faroeste Caboclo¨,¨Que País é este¨ ¨Musica Urbana¨, ¨Eduardo e Monica¨, verdadeiros hinos da juventude urbana dos anos 80, que até hoje são cantadas pela crescente legião de fãs.
A escolha do título Somos Jovens foi  sugestão de sua mãe, o título original seria ¨Religião Urbana¨, que o próprio Renato não gostava, pois achavam que ele era um pregador.
O filme torna-se em certos momentos arrastado, incompleto, morno, deixa dúvidas sobre a doença óssea, passa uma certa artificialidade em certos momentos, enfim, um filme cotação regular, mas conhecer como nasceu o maior ídolo do rock nacional e o Legião Urbana, uma das bandas que mais vende discos até hoje, nos leva a querer pesquisar sobre a vida deste grande e irrequieto cantor e compositor Renato Russo,( 1960-1996), um Renato que persiste com vida própria, através do tempo e 17 anos após a sua morte.



4 comentários:

  1. Renato Russo, incorporado fielmente por Thiago Mendonça, é desmedido, amoroso, rebelde e fascinante, como grande parte dos geniais. "Somos tão jovens" apresenta os conflitos, as peripécias e o processo de criação de Renato, compondo um documento de época, costumes e comportamento da juventude no Brasil, ainda sob o regime militar.

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  2. Pelo visto voce assistiu e gostou do filme. Nos leva a vontade de pesquisar sobre este grande ídolo Renato Russo, que morreu tão jovem.

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    1. Pois então, fui, vi e gostei. Pena que, sentada, não pude sair dançando como eles. Eu, confesso, gostava mais de Cazuza mas, na minha casa tinha vários discos da Legião. De Renato, achava geniais as músicas com "historinhas", sem excluir as do tipo "Que país é esse?".

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  3. Muito boa a descrição!! Dá vontade de ver o filme, não só pelo filme, mas também pela objetividade do texto. Vale pontuar: não só fico na vontade de ir ve-lo, vou agora mesmo! Parabéns e nos mantenha informado! :)

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