domingo, 15 de março de 2015

O AMOR É ESTRANHO



Direção de Ira Sachs  e roteiro do brasileiro Mauricio Zacharias, o filme O Amor é Estranho (EUA/França) é uma agradável surpresa com um drama leve e emocionante sobre um casal de homossexual da terceira idade, sem estereótipos ou caricatura, mostra de forma natural como se fosse um casal hétero, com os mesmos problemas, as mesmas emoções e desgastes da rotina da vida conjugal. Enfim, uma obra singela e original, que emociona por colocar pessoas de idade fora do padrão de beleza, pessoas comuns que nos levam a uma identificação imediata.
Após um convívio de 40 anos, o casal homossexual George (Alfred Molina) e Ben (John Lithgow) decidem oficializar a união. Apesar de terem o conhecimento e aprovação de todas as pessoas do seu convívio e trabalho, George perde o emprego por trabalhar em um colégio católico como maestro de um coral. A partir daí eles passam a enfrentar problemas financeiros, têm que vender o apartamento e são obrigados a morar temporariamente em casas separadas de familiares e amigos, até resolverem a questão. Isso leva a um desgaste emocional do casal e das pessoas envolvidas, inclusive pela idade avançada dos parceiros.
O drama fala de amor, gratidão, respeito, solidariedade e dificuldades de um casal, como contorná-las sem afetar a relação conjugal e manter a cumplicidade. O interesse maior do filme, além de mostrar a relação homossexual entre pessoas de idade avançada, é mostrar o preconceito e as dificuldades de convivência com outras pessoas, mesmo gostando deles. Fica bem eminente também a hipocrisia da Igreja e da sociedade. O final é muito bonito e tocante e nos leva a uma bela reflexão da vida, de forma real e amadurecida.
Os atores Alfred Molina e John Lithgow como o casal George e Ben estão formidáveis, agem de forma tão natural que logo nos identificamos  como um casal comum, nos desvincula da questão sexual. O olhar afetuoso que eles trocam no meio das atribulações é algo comovedor para a plateia. A atriz Marisa Tomei faz uma boa participação como Kate, a mulher do sobrinho que dá abrigo a Ben.
Drama que fala do amor no sentido mais amplo e a melancolia de um casal no outono da vida, onde a sexualidade não é imposta e usada de forma apelativa.  E quem disse que o amor é estranho? É real e resiliente, quando é verdadeiro.


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