O filme O Palácio Francês (Quai D’Orsay, no original) é uma
deliciosa e irônica comédia sobre os corredores do poder, sob a batuta do
eficiente diretor Bertrand Tavernier. Seu título deve-se à sede do Ministério das
Relações Exteriores na França, que dá nome ao filme.
Com grande sucesso na França, se inspirou nas memórias de um
diplomata francês, um misto de acidez e ironia dos bastidores da diplomacia.
O jovem brilhante recém formado na Escola Nacional de
Administração Arthur Vlaminck (Raphael Personnaz) é contratado pelo Ministério
das Relações Exteriores da França para ser assessor do Ministro Taillard de
Worms (Thierry Lhermitte). Logo na entrevista ele é avisado da importância no
trajar, inclusive que ele está super mal vestido, e que será responsável pela
¨linguagem¨, ou seja, por redigir os discursos do Ministro.
A figura do Ministro Taillard é de uma pessoa vaidosa,
ambiciosa, hiperativa, que tem à sua volta um exército de assessores e
conselheiros, que muda de ideia a todo instante e adora se inspirar em escritores famosos nos seus
discursos, sempre obcecado por frases de efeito.
O jovem Vlaminck vai ter que enfrentar muitas dificuldades
com o Ministro e sua forma de abordagem e será difícil se concentrar em meio a
balbúrdia do Ministério, com entradas e saídas repentinas do Ministro, a dar
palpites e corrigir o discurso o tempo todo.
Mas o jovem administrador contará com o apoio do Chefe do
Gabinete Claude Maupas (Niels Arestrup), uma figura pragmática, de bom senso,
que conhece os bastidores desta casa de loucos como ninguém, uma verdadeira
raposa velha e que não tem vida pessoal, praticamente mora no ministério.
A missão é muito árdua para o recém formado Arthur, com o
ministro sempre insatisfeito e as pressões externas dos seus colegas e dos
outros assessores, e Arthur deixa sua vida pessoal de lado, fica ansioso e
somente o velho Claude é capaz de acalmá-lo.
Com um elenco afiado, em destaque Niels Arestrup que ganhou
o César 2014 de Melhor Ator Coadjuvante no papel do Chefe de Gabinete Claude
Maupas.
Comédia política satírica onde a figura do Ministro das
Relações Exteriores é criticada, com um ambiente de
trabalho altamente competitivo e situações adversas. Em ritmo frenético, os personagens trabalham
sob pressão o tempo inteiro comandado pela figura do Ministro.
Uma comédia inteligente que tenta ridicularizar a máquina
administrativa e seus políticos, com situações repetitivas que podem ser
tediosas para o público, mas que leva ao entretenimento com sagacidade, através
da exploração do perfil dos personagens. Mostra o quanto os políticos se
preocupam com os discursos, onde qualquer deslize pode provocar uma crise
diplomática. E é isto que realmente acontece no meio político, muito discurso
para pouca ação, um embuste, eis o lema da política.
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