quarta-feira, 28 de maio de 2014

OLHO NÚ


Olho Nú, documentário sobre a vida do cantor Ney Matogrosso, com direção do cineasta brasileiro Joel Pizzini, foge do tradicional, tendo a presença do cantor a contar suas lembranças de infância, pensamentos pessoais e sua vida de artista.
A partir de um vasto material de imagens do acervo do artista, Ney narra de forma singular sua infância em sua terra natal, em Bela Vista, Mato Grosso do Sul, sua parceria com o grupo Secos &  Molhados nos anos 70, a influência dos cantores de rádio na sua carreira artista, sua carreira solo marcada por um timbre raro, corpo esguio e gingado próprio. A figura paterna, um militar, teve grande influência e peso na vida de Ney, tanto na disciplina e na definição do que ele realmente desejava para sua vida artística e pessoal, como para exacerbar seu lado transgressor. E isto, segundo o próprio cantor, só foi percebido anos depois, já na terceira idade. E o depoimento de sua mãe é de uma simplicidade incrível, com fatos interessantes de sua infância.
Com presença marcante, o mesmo vigor físico, este polêmico e talentoso artista nos brinda e nos leva a conhecer com seu olhar poético, sua terra natal, o seu sítio em Saquarema, onde a natureza tem um papel primordial na sua vida.
Passagens como o romance com Cazuza e sua experiência com as drogas, inclusive o daime, são apenas pinceladas pelo diretor, o que deixa no ar certa curiosidade.
Sem depoimentos de terceiros, apenas o ator/cantor Ney Matogrosso ao vivo, em cena o tempo inteiro, olhar direto na câmera de forma vibrante. Com seu timbre raro, um falsete maravilhoso, a plateia se delicia com trechos de músicas que fizeram muito sucesso, com direito a cenários de total encantamento visual.
Aos 72 anos de idade Ney Matogrosso continua com o mesmo olhar penetrante, corpo perfeito, desnudando a sua alma e o seu corpo literalmente, com direito a banho de rio desnudo, sem pudor. Transgressor assumido, Ney é pura sexualidade,  respira libido, mas acima de tudo é um nostálgico.
Como ele próprio afirma ¨sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher¨, o seu lado andrógino sedutor, que ¨usa e abusa de todos os lados, feminino e masculino¨.
¨O que importa é não estar vencido¨, evidencia a própria obra ao vivo, neste emocionante documentário com tanta riqueza poética, uma verdadeira experiência sensorial e transgressora deste grande cantor.



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