quarta-feira, 30 de julho de 2014

APENAS UMA CHANCE



O filme Apenas Uma Chance (Reino Unido/ EUA), direção de David Frankel (O Diabo veste Prada e Marley & Eu), é uma desses filmes agradáveis e leves de assistir, baseado em incrível história real que nos envolve e recompensa e  leva o público a torcer por um final feliz para este personagem cativante.
Narrado pelo próprio Paul Potts (James Corden), jovem ingênuo, gorducho e tímido vendedor de celular, que desde criança era apaixonado por música clássica, participava de corais e sonhava se tornar um tenor no futuro. Sempre incentivado pela sua afetuosa mãe Yvonne Potts (Julie Waters), ao contrário do seu pai Roland Potts (Colm Meaney), um rude metalúrgico que não acreditava no talento do seu filho, além de desestimulá-lo a cantar.
Paul Potts teve uma vida motivada por bulling e humilhação dos colegas e do pai, por ser gordo e tímido e por sua ligação com a música clássica, que destoava do local que morava, além de incidentes de saúde.
As grandes incentivadoras deste rapaz inseguro do dom do canto e que nunca deixaram ele desistir do seus sonhos, foram sua mãe e sua terna namorada Alexandra Roach (Julie-Ann Cooper). Mesmo quando os infortúnios o aniquilaram e o desmotivaram, elas o impulsionavam a acreditar no seu potencial. Isto o levou até a 1ª. Edição do Programa Britain’s Got Talent /2007, dando uma verdadeira virada em sua vida (contar mais seria tirar o gostinho de quem vai assistir).
Um drama leve recheado de clichês com humor inglês, fotografia bonita (mostra a bela Veneza com suas gôndolas cheia da luz do verão), regado a música clássica de qualidade, torna-se um ótimo entretenimento que eleva a nossa alma e nos faz acreditar nos sonhos, na sorte, na vida enfim.
Com narração sensível, sentimental e convencional mas charmosa, com toque cômico, um fundo musical clássico o filme inteiro, que aguça e delicia os ouvidos e acalma o nosso interior.
É lindo assistir o flerte deste casal e o inicio de um grande amor, piegas e verdadeiro, de forma sutil e delicadamente belo, coisas que parece ¨estar fora de moda¨ na juventude dos dias atuais. Os atores James Corden e Alexandra Roach esbanjam sinceridade e leveza nos seus personagens e dão uma graça peculiar ao filme. Assistir Paul  Potts soltando a voz de tenor o dia inteiro, no trabalho, na rua, nos jantares, é  engraçado e motivador.
Filme humano, doce, sensível, cuja história real nos ensina a não desistir dos sonhos, e a importância e peso das pessoas com olhar otimista na vida de alguém. Neste caso, a mãe e a namorada de Paul  foram a mola propulsora do seu crescimento interior e sucesso profissional.
Saímos do cinema emocionalmente leve e com uma sensação agradável colorindo nossos olhos!
Indicação ao Globo de Ouro/ 2014 de Melhor Canção Original ¨Sweeter than Fiction¨.
¨Você precisa roubar o coração da platéia e só conseguirá se tiver a coragem de um ladrão¨, palavras de Pavarotti para Paul Potts.


domingo, 27 de julho de 2014

O MELHOR LANCE


Filme com direção do cineasta Giuseppe Tornatore,  O Melhor Lance (Itália) é  ambientado na elegância dos leilões da Europa com a grandiosidade das obras de arte. Uma mistura de drama, suspense e mistério do início ao fim. Direção com riqueza de detalhes, fotografia bonita e interessante, figurino de qualidade, uma boa narrativa com certa crítica ao mundo das artes e seus leilões. Para quem curte arte, leva ao deleite com sua estética e beleza ímpar.
A história gira o tempo todo em torno de Virgil  Oldman (Geoffrey Russ), um leiloeiro e especialista famoso no meio das artes. Homem de meia idade, fóbico, usa luvas o tempo inteiro, não apenas para manipular as obras de arte, como se suas mãos fossem uma continuidade de seus conhecimentos e precisasse preservá-las.
Ao conhecer Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks), uma jovem única herdeira, portadora de agorafobia (medo de espaços públicos, áreas abertas), por esta razão não sai de casa nem permite que a vejam, cria-se uma situação constrangedora. Claire solicita ao especialista Virgil uma avaliação de todos os bens da sua mansão, mas sua doença torna-se uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que atrapalha o vínculo comercial , ocorre um certo mistério e elo emocional entre os dois personagens.
A partir desta premissa Virgil entra em uma trama cheia de mistérios e suspense, contando com a ajuda de Billy (Donald Sutherland), amigo e parceiro nos leilões de arte e de Robert (Jim Sturgess), restaurador de peças mecânicas, que o ajuda com conselhos em  relação a Claire. Cria-se então um clima de romance entre Virgil e Claire, unindo amor, arte e fobia.
Uma produção elegante e polida, diálogos cultos mostrando o sofisticado mundo dos leilões de arte da Europa, aliado a romance e mistério, mas o final torna-se muito óbvio e fictício, com uma reviravolta esperada mas inviável demais, o que enfraquece o filme. Como se algo tão grandioso se diluísse no final, tornando-se banal, perdendo a magia deste magnífico mundo das artes, como o previsível zombando da platéia.
Quem assume o filme como um todo é o ator Geoffrey Rush com o personagem elegante e carismático Virgil  Oldman, dando um show de interpretação e élan, com seus diálogos ligados a arte, se sobrepondo a trama, que no final ¨perde a inspiração e elegância¨.
Filme com drama, mistério, suspense e paixão, que consegue envolver e surpreender, onde as pistas vão sendo expostas a partir do momento que inicia-se a avaliação das obras de arte da mansão da jovem Claire. Mostra o significado e valor das obras de arte e as armadilhas do amor diante da grandeza da arte. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

ANTES DO INVERNO




O drama francês Antes do Inverno, direção de Philippe Claudel, é um filme intimista, de ritmo lento, com bons diálogos, personagens discretos.
Conta a história do casal Paul e Lucie, com um casamento sólido de muitos anos. Paul  (Daniel Auteuil) é um neuro cirurgião na faixa dos sessenta anos, que vive para o trabalho e dá pouca atenção à sua bela esposa Lucie (Kristin Scott Thomas). Ela é uma dona de casa tranquila, que adora paisagismo e passa o tempo a cultivar as plantas do jardim da sua mansão, vivendo em função do marido e em manter a sua casa.
Como muitos casais com anos de convivência, a rotina tornou a vida deles inexpressiva, sem assuntos para conversar, apesar do amor ainda existir. Quando Daniel começa a receber buquês de rosas vermelhas de uma pessoa anônima, este fato mexe com a rotina do casal; ao mesmo tempo em que Daniel encontra uma ex- paciente, a jovem Lou (Leila Bekhti), que desperta entre os dois um interesse mútuo acima do sexo, a busca de crenças que ambos perderam há muito tempo. Lucie por sua vez, se sente só e perdida e procura Gérard (Richard Berry), amigo de longos anos, que sente um amor de juventude por Lucie.
Aos poucos vão acontecendo situações que desvendam mistérios e facetas desses personagens, com uma certa sedução no ar, fotografia discreta, sem cores gritantes, onde a natureza é um elemento predominante na tela com suas folhas caídas no chão, os parques com cores nostálgicas do outono.
Os atores Daniel Auteil e Kristin Scott Thomas têm uma boa interpretação com muita naturalidade, mas nada de excepcional.
Filme que prima pela curiosidade do espectador, um mistério no ar sempre à espera de um desfecho, que no final desaponta, realmente um filme morno, que não leva à emoção, sai-se do cinema com a sensação que faltou algo, que o roteiro se perdeu na segunda metade do drama, como se algumas questões tivessem ficado pendentes.
Drama que mostra um casamento em crise desgastado pelos anos de convivência e o título já diz muito do tema, o Outono que vai além da estação, mas a crise da terceira idade do casal e o como o tempo pode descolorir uma relação de amor.
Fica a mensagem da dificuldade de manter viva a chama do amor em relações duradouras, onde o tempo tem o poder de desgaste, mas como tudo na vida, vai depender de como lidar com esse outono, como algo recompensador ou simplesmente frustrante, deixando a monotonia se instalar. Daí a importância de estar junto, embora cada pessoa mantendo a sua individualidade. Mas acima de tudo, ficar atento à linha tênue que limita o tempo à acomodação, este é o diferencial.
A vida vai tão rápida, não dá tempo de parar, nem dar uns passos para trás...palavras de Paul.


domingo, 20 de julho de 2014

GRANDE HOTEL BUDAPESTE



Quer assistir um filme original, com uma estética perfeita, meio onírico, então entre no Grande Hotel Budapeste, direção do genial cineasta Wes Anderson  (responsável por filmes como Os Excêntricos Tenenbaums, O Fantástico Sr. Raposo, Moonrise Kingdom, entre outros).
Como se estivesse olhando por um olho mágico em um mundo surreal, em uma Europa que só existe na imaginação deste diretor, super colorido, com cores gritantes, um ambiente brega/clássico, com personagens caricatos, costumes locais bem valorizados, tudo super extravagante e grandioso, eis o clima deste filme.
Nesta comédia dramática os mínimos detalhes são observados, em tempos de outrora, um clima de magia com timing cômico e ritmo bem acelerado. O espectador penetra no Grande Hotel Budapeste com suas aventuras; em certos momentos parece que vai cansar, e eis que de repente tudo se renova em uma contação de histórias sem fim.
Inspirado na obra do escritor austríaco Stefan Zweig (que faleceu em Petrópolis/ RJ), entre várias histórias temos a principal, as aventuras do concierge do Hotel Budapeste, M. Gustave (Ralph Fiennes) e seu dedicado mensageiro Zero (Toni Revolori), em um clima de amizade leal e pitoresca. Quando M. Gustave recebe como herança um quadro valiosíssimo de uma senhora que tinha seus agrados, inicia-se uma verdadeira batalha com os familiares, regada a roubo, brigas, perseguição, assassinato.
O ator  Ralph Fiennes está admirável como o concierge do hotel, merece aplausos pela construção segura de um personagem arcaico e esnobe ao mesmo tempo. O filme ainda conta com um time de atores de primeira, como F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Owen Wilson, Willem Dafoe, Jude Law, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Adrien Brody e outros, cada um deixando sua marca registrada em papeis interessantes.
Um mundo fantasioso do leste Europeu nos é apresentado de forma criativa e original, com seus excessos bregas e estilosos, a nostalgia presente no ar, onde o público não se envolve afetivamente com os personagens, mas com um humor peculiar, afetado e cheio de artimanhas. Tudo flui de forma homogênea e rápida, com muita ação e reação, e haja pastelão. Excelência na fotografia, direção, roteiro, figurino e trilha sonora, e o figurino é impagável.
Verdadeira sétima arte com uma trama que prende do início ao fim, vale muito mais que o ingresso do cinema. Venha para o mundo de  Wes Anderson e entre no Grande Hotel Budapeste, aprecie o local, os visitantes, os empregados, o clima de fantasia no ar, e suas histórias neste projeto perfeito, a todo vapor. E Boa Estadia!!!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O AMOR É UM CRIME PERFEITO





O Amor é um Crime Perfeito (França), direção dos irmãos Jean-Marie Larrieu e Arnaud Laurrieu, é o tipo do filme gostoso de assistir, sem maiores pretensões, um suspense com jogos de sedução e poder.
A história gira em torno de Marc (Mathieu Amalric), um professor de literatura da Universidade de Laussane, que adora imprimir um ar instigante e misterioso nas suas aulas, e tem como hobby conquistar suas jovens alunas, um jogo que ele sabe fazer de forma bem peculiar, sem nenhuma decência ou escrúpulo. Marc vive uma vida cheia de superficialidades, entediado com suas inúmeras aventuras, e mantêm uma relação estranha com sua irmã Marianne (Karin Viard), que beira o incesto.
Após o desaparecimento da aluna Bárbara, por sinal sua última conquista amorosa, este  professor Don Juan se vê envolvido nesta trama, inclusive passa a ter um caso com a madrasta da jovem, a bela Anna (Maiwenn), com chances de se apaixonar.
Com paisagens belíssimas, em pleno inverno nos Alpes franceses, o perigo ronda o tempo inteiro este suspense, seja nas estradas insinuosas que levam ao chalé do professor Marc, seja na sala de aula através da literatura que beira o erotismo.
Filme cheio de intriga, malícia e sensualidade à flor da pele, mostra as fraquezas do ser humano, do que é capaz de fazer, e como o caráter influencia a personalidade e a conduta das pessoas.
Os atores em cena têm uma ótima química, em especial o ator Mathieu Amalric (O Escafandro e a Borboleta) com excelente atuação, faz uma boa dupla com Maiwenn,  no papel da madrasta Marianne.
Suspense que reune charme, erotismo e mistério no ar,  com paisagens belíssimas, boa trilha sonora, cheio de reviravoltas, deixando a plateia atenta até o final, apesar de percebermos o que está ocorrendo na trama.
O título é perfeito, como diz o professor Marc, todos podem cair nas suas próprias armadilhas, afinal  ¨você é o seu próprio inimigo¨.
Inspirado no romance ¨Incendies¨de Philippe Djian. 


domingo, 13 de julho de 2014

UMA RELAÇÃO DELICADA



Filme francês da diretora Catherine Breillat, Uma Relação Delicada (no original, Abus de Faiblesse), é a autobiografia da própria cineasta, que expôs seu drama em livro, e depois para o cinema.
Conta a história de Maud (Isabelle Huppert), cineasta que após ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral), fica com sequelas, com movimentos comprometidos, dificuldade de andar devido hemiplegia e ataques epilépticos esporádicos.
Ao assistir na TV uma entrevista com Viko (Kool Shen), um vigarista que ficou 12 anos na cadeia, ela se sente fascinada por ele, e o convida para ser o protagonista de um filme que ela está produzindo.
A partir daí inicia-se um jogo de sedução e cumplicidade, cada um usando as armas que possui. Ela com sua persuasão e inteligência, apesar de suas limitações, enquanto ele a ajuda nos afazeres e nos carinhos, mas também a extorque solicitando empréstimos cada vez mais alto. Maud não consegue negar nada a este carismático escroque, e ele por sua vez, termina se tornando um cuidador para Maud.
Neste clima malicioso e pessimista, onde o domínio de forças é utilizado sem preparos nem psicologia, a plateia percebe a situação criada, com a certeza que esta relação não poderá dar bons frutos, ou até bons resultados, esperando um final difícil, principalmente para Maud.
Com cenários claros e uma trilha sonora que favorece um ambiente doentio, estamos diante de uma personagem e situações quase insuportáveis de assistir.
A atriz Isabelle Huppert dá um show de interpretação neste personagem, atenta aos mínimos detalhes tão bem lapidados, o corpo desta mulher após uma paralisia cerebral, os tremores involuntários, de uma convicção seu rosto e seu corpo com as sequelas sofridas, que chega a assustar, realmente fascinante.
Um filme intrigante, mostra a degradação  física e moral de uma pessoa, que mesmo quando não quer assim agir,  seus impulsos internos a dominam, e com certeza a atuação de Isabelle Huppert é a diferença neste drama.
Mas o filme torna-se cansativo, repetitivo, muita verborreico, frio, onde o jogo do poder está acima dos vínculos afetivos, de forma cruel e visceral, sem vencidos ou vencedores. A vida como ela é, real e muitas vezes terrivelmente trágica.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O ÚLTIMO AMOR DE MR. MORGAN



Direção da cineasta alemã  Sandra NettelbeckO Último Amor de Mr. Morgan é um filme sensível com história bonita e surpreendente, cheio de emoções vividas no passado pelo simpático Mr. Morgan.
Conta a história de Matthew Morgan (Michael Caine), um senhor octogenário que há 3 anos vive em depressão pela morte da sua esposa Joan ( Jane Alexander), que sempre foi o seu porto seguro e o elo entre seus filhos. Mr. Morgan mora em Paris em extrema solidão, o que é observado pelo apartamento espaçoso e sempre vazio às escuras, pelos seus passeios solitários pela capital francesa, pelas suas conversas imaginárias com sua falecida esposa, onde Mr. Morgan sente a presença dela como se ainda fizesse parte do seu mundo atual.
Quando Mr. Morgan conhece a encantadora jovem Pauline (Clémence Poesy), cria-se um elo de afeto e amizade entre essas duas pessoas tão diferentes.  Mr. Morgan projeta a imagem da sua esposa em Pauline, e esta por sua vez, vê nele o pai que perdeu quando menina. Ambos acham algo que perderam e que buscam há  muito tempo, e isto por si já é motivo de uma grande amizade.
Em ritmo lento  mas condizente com o desenrolar da trama, esta dupla tem uma boa química e entre tristeza e momentos leves, sentimos uma luz na vida do solitário Mr. Morgan. Quando Pauline leva Mr. Morgan para aprender a dançar (ela é professora de dança), eis uma ótima terapia para este senhor que perdeu o sentido da vida.
Como diz Pauline ¨em tudo na vida há uma rachadura e é através dela que a luz acaba entrando¨. E Mr. Morgan aos poucos descobre que ela ¨´é a rachadura do seu mundo¨.
A chegada dos filhos de Mr. Morgan traz à tona a relação conturbada entre pai e filhos, principalmente seu filho Miles Morgan (Justin Kirk), pois este pai sempre teve dificuldades em assumir o seu papel na família, deixando esta tarefa para sua esposa.
Filme melancólico, mostra a angústia e solidão de quem perde o seu par na terceira idade, a dificuldade de seguir o rumo natural da vida, e o quanto é importante a presença e atenção dos filhos na hora do luto.
Com boa fotografia, vários momentos escuro como a mostrar o íntimo deste senhor, outros com focos de luz e sombras, e também os encantos de Paris. Uma trilha sonora delicada, mas o roteiro se perde na segunda parte do filme quando os filhos procuram o pai, com situações e diálogos sem força e até banais.
O ator Michael Caine mostra toda sua competência e elegância com este personagem tão marcante, e sua parceira Clémence Poesy é de uma delicadeza impecável, unindo a sofisticação e a simplicidade, a sabedoria e a juventude. O encontro dos dois é lindo e real,  ambos necessitando preencher um vazio, à procura de algo que perderam.
Drama sensível e forte, com temas como solidão na terceira idade, amizade que vai além do amor físico, importância da família quando ocorre um luto. Mas infelizmente o filme perde a força na segunda parte, inclusive o desempenho do ator Justin Kirk no papel do filho Miles deixa a desejar, um personagem fraco e inexpressivo.
Mas no final fica a reflexão. Estamos preparados para perder o grande amor de nossas vidas? E apesar da vida continuar o seu rumo, como se ¨manter vivo por dentro¨? E o valor do aconchego e união familiar em situação de luto. Enfim, como o idoso é encarado pela sociedade e até no contexto familiar, alguém experiente ou um estorvo. Em muitos casos, a resposta nos entristece.

domingo, 6 de julho de 2014

AMAZONIA



O documentário Amazônia, coprodução França/Brasil, direção de Thierry Ragobert, mistura conteúdo técnico com aventura, magia e encanto na maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica.
Filme encantador, através de uma história simples e pueril, apreciamos a biodiversidade e os mistérios da Amazônia. Imagens ricas, fotografia linda, natureza local com seus requintes de beleza, fauna e flora em convivência surreal. O 3D sem exageros, o que é compreensível pelo próprio conteúdo do documentário, onde a beleza é a própria natureza.
O protagonista é o macaco prego Castanho (voz de Lúcio Mauro Filho) e seus coadjuvantes a fauna e a flora local. Sem conter palavras ou legendas, de forma simples e original, conhecemos Castanho, um macaco prego criado em cativeiro na cidade. Ao viajar de avião e com a queda do aparelho, Castanho cai em  plena floresta amazônica. A partir daí, este simpático macaco passa por dificuldades em conviver com um ambiente hostil, ao mesmo tempo que se deslumbra com a beleza da fauna e da flora, mas tem que aprender a lidar com os perigos da mata.
Também conhecerá outros animais como a macaca Gaia (voz de Isabelle Drummond), por quem se apaixonará. Por ter sido criado fora do seu habitat, será considerado um intruso até pelos animais da sua espécie e terá dificuldade em fazer amizades. E terá que aprender a lidar com os inúmeros perigos da floresta, os predadores, inclusive o maior deles, o próprio homem, responsável pelo desmatamento ambiental.
Há uma identificação imediata da plateia com Castanho, e nos sentimos em verdadeiro safári, enfim, uma mensagem ecológica sem grandes pretensões, que lembra os documentários de TV. Com o diferencial da comunicação entre os animais, em diálogos bem infantis, com certeza agradará os pequenos. Quando vem a chuva e alaga tudo, é de tanto esplendor e espantado com a força da natureza,  Castanho no seu deslumbramento diz ¨a chuva transforma as florestas em uma piscina gigante¨.
Crianças e adultos entram no mundo da Biologia, um aprendizado e um colírio para os olhos. É incrível a expressão do macaquinho em meio aos mistérios da grande floresta, as expressões de espanto, alegria, medo e por aí vai, um verdadeiro ator.
Um documentário simples e original onde a natureza da magnífica Amazônia é a força maior do filme, tão rica na sua biodiversidade, natureza forte, poderosa, onde a lei é do mais forte.
O diretor Thierry Ragobert trabalhou por muitos anos com Jacques Cousteau e é responsável também pelo filme O Planeta Branco, documentário que registra a região do Ártico e os animais do Polo Norte.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 2




Como Treinar o Seu dragão 2, direção e roteiro de Dean DeBlois, consegue a façanha de superar o primeiro filme (2010), gol de placa da produtora DreamWorks.
Divertimento e animação em história com aventura, onde a ficção pode ser levada para o mundo real, com personagens carismáticos como o jovem guerreiro Soluço, que sonha e acredita em um mundo de paz entre humanos e animais, sua mãe Valka que luta por seus ideais, seu pai  um homem justo e preocupado com seu povo, e até o perigoso inimigo Drago, que deseja conquistar e domar os dragões.
Ótimo roteiro e produção, trilha sonora bacana, fotografia e efeitos especiais incríveis , ideal assistir em 3D, principalmente nos voos dos dragões, bem fascinantes e motivadores.
Na continuação do filme original, no Vilarejo de Berk, o jovem Soluço (voz de Jay Baruchel), que faz dupla com seu fiel e leal escudeiro,  dragão Banguela,  sonha com um mundo pacífico entre homens e dragões. Em uma de suas viagens, ele chega no Santuário dos Dragões e encontra sua mãe Valka (voz de Cate Blanchett), uma ativista que protege este lugar e os dragões. Daí eles se aliam para lutar contra o perigoso Drago, que deseja dominar e aprisionar todos os dragões.
Filme que deixa mensagens de valor, como amor e união em família, confiança e  lealdade entre homens e animais. Na importância de acreditar e correr atrás dos sonhos e ideais, que podem se concretizar. Mas perdas e sofrimento fazem parte da trajetória, que leva a superação e crescimento interior.
Uma história exposta com muita força, coragem e determinação que nos emociona com seus personagens valentes e altruístas, em ritmo de aventura com toque emotivo e cativante, que nos mareja os olhos em certos momentos.
A dupla Soluço e Banguela é sensacional, um elo de lealdade e confiança. Quando Soluço venda os olhos de Banguela para que ele não seja hipnotizado pelo inimigo, e este consente, mostra um grande significado de amizade.
Animação que atinge crianças e adultos, personagens carismáticos bem construídos em história simples com grandes lições de superação, de vivência pacífica entre pessoas e animais, inclusive aborda a deficiência física. Recheado de batalhas dramáticas, com um certo timing cômico intercalado a dramas pessoais.
Com certeza com todo esse acerto e sucesso, podemos aguardar mais uma animação com esta dupla dinâmica, Soluço e seu animal de estimação, Banguela.