Direção da cineasta alemã Sandra Nettelbeck, O Último Amor de Mr. Morgan é um filme sensível com história bonita e surpreendente, cheio de emoções vividas no passado pelo simpático Mr. Morgan.
Conta a história de Matthew Morgan (Michael Caine), um senhor
octogenário que há 3 anos vive em depressão pela morte da sua esposa Joan (
Jane Alexander), que sempre foi o seu porto seguro e o elo entre seus
filhos. Mr. Morgan mora em Paris em extrema solidão, o que é observado pelo apartamento
espaçoso e sempre vazio às escuras, pelos seus passeios solitários pela
capital francesa, pelas suas conversas imaginárias com sua falecida esposa, onde
Mr. Morgan sente a presença dela como se ainda fizesse parte do seu mundo
atual.
Quando Mr. Morgan conhece a encantadora jovem Pauline
(Clémence Poesy), cria-se um elo de afeto e amizade entre essas duas pessoas tão diferentes. Mr. Morgan projeta a imagem da sua
esposa em Pauline, e esta por sua vez, vê nele o pai que perdeu quando menina.
Ambos acham algo que perderam e que buscam há muito tempo, e isto por si já é motivo de
uma grande amizade.
Em ritmo lento mas condizente com o desenrolar da trama,
esta dupla tem uma boa química e entre tristeza e momentos leves, sentimos uma
luz na vida do solitário Mr. Morgan. Quando Pauline leva Mr. Morgan para aprender a dançar (ela é professora de dança), eis uma
ótima terapia para este senhor que perdeu o sentido da vida.
Como diz Pauline ¨em tudo na vida há uma rachadura e é
através dela que a luz acaba entrando¨. E Mr. Morgan aos poucos descobre que ela
¨´é a rachadura do seu mundo¨.
A chegada dos filhos de Mr. Morgan traz à tona a relação
conturbada entre pai e filhos, principalmente seu filho Miles Morgan (Justin
Kirk), pois este pai sempre teve dificuldades em assumir o seu papel na
família, deixando esta tarefa para sua esposa.
Filme melancólico, mostra a angústia e solidão de quem perde
o seu par na terceira idade, a dificuldade de seguir o rumo natural da vida, e
o quanto é importante a presença e atenção dos filhos na hora do luto.
Com boa fotografia, vários momentos escuro como a mostrar o
íntimo deste senhor, outros com focos de luz e sombras, e também os encantos de
Paris. Uma trilha sonora delicada, mas o roteiro se perde na segunda parte do
filme quando os filhos procuram o pai, com situações e diálogos sem força e até banais.
O ator Michael Caine mostra toda sua competência e elegância
com este personagem tão marcante, e sua parceira Clémence Poesy é de uma
delicadeza impecável, unindo a sofisticação e a simplicidade, a sabedoria e a
juventude. O encontro dos dois é lindo e real,
ambos necessitando preencher um vazio, à procura de algo que perderam.
Drama sensível e forte, com temas como solidão na terceira
idade, amizade que vai além do amor físico, importância da família quando
ocorre um luto. Mas infelizmente o filme perde a força na segunda parte,
inclusive o desempenho do ator Justin Kirk no papel do filho Miles deixa a
desejar, um personagem fraco e inexpressivo.
Mas no final fica a reflexão. Estamos preparados para perder
o grande amor de nossas vidas? E apesar da vida continuar o seu rumo, como se ¨manter
vivo por dentro¨? E o valor do aconchego e união familiar em situação de luto.
Enfim, como o idoso é encarado pela sociedade e até no contexto familiar,
alguém experiente ou um estorvo. Em muitos casos, a resposta nos entristece.
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