domingo, 13 de julho de 2014

UMA RELAÇÃO DELICADA



Filme francês da diretora Catherine Breillat, Uma Relação Delicada (no original, Abus de Faiblesse), é a autobiografia da própria cineasta, que expôs seu drama em livro, e depois para o cinema.
Conta a história de Maud (Isabelle Huppert), cineasta que após ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral), fica com sequelas, com movimentos comprometidos, dificuldade de andar devido hemiplegia e ataques epilépticos esporádicos.
Ao assistir na TV uma entrevista com Viko (Kool Shen), um vigarista que ficou 12 anos na cadeia, ela se sente fascinada por ele, e o convida para ser o protagonista de um filme que ela está produzindo.
A partir daí inicia-se um jogo de sedução e cumplicidade, cada um usando as armas que possui. Ela com sua persuasão e inteligência, apesar de suas limitações, enquanto ele a ajuda nos afazeres e nos carinhos, mas também a extorque solicitando empréstimos cada vez mais alto. Maud não consegue negar nada a este carismático escroque, e ele por sua vez, termina se tornando um cuidador para Maud.
Neste clima malicioso e pessimista, onde o domínio de forças é utilizado sem preparos nem psicologia, a plateia percebe a situação criada, com a certeza que esta relação não poderá dar bons frutos, ou até bons resultados, esperando um final difícil, principalmente para Maud.
Com cenários claros e uma trilha sonora que favorece um ambiente doentio, estamos diante de uma personagem e situações quase insuportáveis de assistir.
A atriz Isabelle Huppert dá um show de interpretação neste personagem, atenta aos mínimos detalhes tão bem lapidados, o corpo desta mulher após uma paralisia cerebral, os tremores involuntários, de uma convicção seu rosto e seu corpo com as sequelas sofridas, que chega a assustar, realmente fascinante.
Um filme intrigante, mostra a degradação  física e moral de uma pessoa, que mesmo quando não quer assim agir,  seus impulsos internos a dominam, e com certeza a atuação de Isabelle Huppert é a diferença neste drama.
Mas o filme torna-se cansativo, repetitivo, muita verborreico, frio, onde o jogo do poder está acima dos vínculos afetivos, de forma cruel e visceral, sem vencidos ou vencedores. A vida como ela é, real e muitas vezes terrivelmente trágica.

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