O drama francês Antes do Inverno, direção de Philippe Claudel, é um filme intimista, de ritmo lento, com bons diálogos, personagens
discretos.
Conta a história do casal Paul e Lucie, com um casamento
sólido de muitos anos. Paul (Daniel Auteuil) é um neuro cirurgião na faixa dos
sessenta anos, que vive para o trabalho e dá pouca atenção à sua bela esposa
Lucie (Kristin Scott Thomas). Ela é uma dona de casa tranquila, que adora
paisagismo e passa o tempo a cultivar as plantas do jardim da sua mansão,
vivendo em função do marido e em manter a sua casa.
Como muitos casais com anos de convivência, a rotina tornou
a vida deles inexpressiva, sem assuntos para conversar, apesar do amor ainda
existir. Quando Daniel começa a receber buquês de rosas vermelhas de uma pessoa
anônima, este fato mexe com a rotina do casal; ao mesmo tempo em que Daniel
encontra uma ex- paciente, a jovem Lou (Leila Bekhti), que desperta entre os dois um
interesse mútuo acima do sexo, a busca de crenças que ambos perderam há muito
tempo. Lucie por sua vez, se sente só e perdida e procura Gérard (Richard Berry), amigo de
longos anos, que sente um amor de juventude por Lucie.
Aos poucos vão acontecendo situações que desvendam mistérios
e facetas desses personagens, com uma certa sedução no ar, fotografia discreta,
sem cores gritantes, onde a natureza é um elemento predominante na tela com
suas folhas caídas no chão, os parques com cores nostálgicas do outono.
Os atores Daniel Auteil e Kristin Scott Thomas têm uma boa
interpretação com muita naturalidade, mas nada de excepcional.
Filme que prima pela curiosidade do espectador, um mistério
no ar sempre à espera de um desfecho, que no final desaponta, realmente um
filme morno, que não leva à emoção, sai-se do cinema com a sensação que faltou
algo, que o roteiro se perdeu na segunda metade do drama, como se algumas
questões tivessem ficado pendentes.
Drama que mostra um casamento em crise desgastado pelos
anos de convivência e o título já diz muito do tema, o Outono que vai além da
estação, mas a crise da terceira idade do casal e o como o tempo pode descolorir
uma relação de amor.
Fica a mensagem da dificuldade de manter viva a chama do
amor em relações duradouras, onde o tempo tem o poder de desgaste, mas como
tudo na vida, vai depender de como lidar com esse outono, como algo
recompensador ou simplesmente frustrante, deixando a monotonia se instalar. Daí
a importância de estar junto, embora cada pessoa mantendo a sua
individualidade. Mas acima de tudo, ficar atento à linha tênue que limita o
tempo à acomodação, este é o diferencial.
A vida vai tão rápida, não dá tempo de parar, nem dar uns passos para trás...palavras de Paul.
A vida vai tão rápida, não dá tempo de parar, nem dar uns passos para trás...palavras de Paul.
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