quarta-feira, 29 de julho de 2015

UMA NOVA AMIGA



Uma Nova Amiga (França) é o mais novo filme do diretor François Ozon, conhecido por ótimos filmes como Dentro de Casa, Swimming Pool, Sob a Areia, Potiche, dentre outros.
Uma comédia dramática  com tema original e intrigante, já na primeira cena observamos a dualidade entre vida, felicidade e morte, o que já leva a plateia a ansiar pelo que vem.
Claire (Anais Demoustier) e Laura (Isild  Le Besco) são amigas inseparáveis desde a infância. Ambas  estão casadas, mas quando Laura morre, deixando  o viúvo David (Roman Duris) com um bebê para criar, Claire se oferece para ajudar,  mesmo com toda dor e pesar da ausência da amiga. Cria-se um elo entre  essas duas pessoas através  do amor e da memória tão presente de Laura, e Claire descobre um segredo íntimo de David. Mesmo intrigada Claire apoia David, e nem ao marido Gilles (Raphael Personnaz) ela conta o segredo.
Os atores protagonistas Romain Duris e Anais Demoustier estão ótimos como David e Claire, sendo que ele incorpora o personagem de forma tão natural, sem caricatura, impressionante a fluidez do ator.
Um drama diferente pelo tema que foge do trivial, com várias cenas de humor e certo estilo, sem se tornar vulgar. Fala de pessoas transgressoras, em certas cenas lembra o estilo Almodóvar. Inicialmente há um estranhamento da plateia, que logo entende a linguagem do diretor e entra no drama de David, levando para o lado divertido.  Contar mais da história seria tirar o gostinho e a curiosidade de quem vai assistir.
E afinal, quem é Virgínia, a nova amiga de Claire, que só ela conhece? Aí só assistindo o filme.



sábado, 25 de julho de 2015

O CONTO DA PRINCESA KAGUYA



Poético, envolvente. Estes adjetivos definem a animação japonesa O Conto da Princesa Kaguya, direção de  Isao Takahata.
Fugindo das  animações computadorizadas, o que surge na tela é a força do  desenho aquarela, com traços finos, tipo nanquim.  O desejo é mostrar a arte de desenhar, e a aquarela ganha vida devagarzinho, dando tempo ao espectador de observar os detalhes, cenários perfeitos, delicadeza total, anexo a uma trilha sonora gostosa de escutar na língua deles, daí a legenda.
Baseado no conto popular japonês “O Corte do Bambu”, conta a lenda que um camponês encontrou um bebê dentro um tronco luminoso de bambu.  Junto com a esposa passa a criar o bebê,  que cresce rapidamente e passa a ser uma jovem de beleza ímpar, cobiçada por ricos nobres e até pelo próprio rei. Mas a Princesa Kaguya ( este é o seu nome) se sente deslocada e aprisionada no ambiente suntuoso que seus pais a colocaram e não deseja riqueza ou casamento arranjado por interesse, ela quer  a liberdade e a vida simples do campo e poder escolher o amor de sua vida. Para isso Kaguya terá que enfrentar seus próprios medos e assumir as consequências de suas escolhas.
Esta fábula com uma história mágica, de beleza visual ímpar, com momentos melancólicos, outros de leveza  cativante, uma obra de arte admirável que prende a atenção dos adultos, levando à reflexão. E o final é  de uma grandeza inebriante, o que pode acontecer a esta princesa que veio de outro mundo, para se adaptar a regras sociais impostas pela sociedade?
Animação mais para o público adulto que através de um desenho  primoroso  nos leva a refletir sobre o valor da felicidade, da família, das  escolhas e consequências das ações. Do valor da liberdade individual e da injustiça e desigualdade social.  No mundo atual da tecnologia e do progresso, este filme infantil  tem o poder  de trazer  a infância ao adulto.


terça-feira, 21 de julho de 2015

SENTIMENTOS QUE CURAM



Com direção e roteiro da cineasta Maya Forbes, o filme Sentimentos Que Curam  (EUA) é uma drama com doses de humor, e praticamente conta a vivência da diretora com sua família, cujo pai era maníaco depressivo.
Um tema delicado, a Bipolaridade, tradicionalmente conhecida por Psicose Maníaco Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações de humor, crises repetidas de depressão e manias. As crises podem ser graves, moderadas ou leves. Esta doença repercute no comportamento social da pessoa, com perda da saúde e da autonomia da personalidade. Tudo torna-se excessivo, as emoções e reações dos estímulos, uma hiperatividade fora de controle. O abuso de álcool e outras substâncias é um fator preponderante nas pessoas com esta doença.
Passado em Boston nos anos 70, período marcado pelo movimento  hippie e libertário, conta a história de Cameron (Mark Ruffalo), casado com Maggie (Zoe Santana), uma família com duas lindas filhas. Apesar do amor existir nesta família,  o casamento não conseguiu sobreviver  por Cameron ser bipolar. 
Devido sérias dificuldades financeiras, Maggie decide fazer um curso de especialização em Nova York, e quem vai tomar conta das crianças é Cameron, que terá que aprender a se tornar adulto e ter controle para assumir responsabilidade com  a  educação das crianças e as tarefas da casa.
Um tema complexo, mostra a dificuldade de uma família quando um membro é portador de uma disfunção que afeta toda a estrutura familiar e a educação dos filhos. Um bom roteiro, trilha sonora coerente com o drama, momentos perturbadores permeados com outros de humor e doçura; praticamente o objetivo é mostrar a relação de Cameron com suas filhas, não se aprofundando na questão.
O ator Mark Ruffalo tem uma atuação dominante no filme, um personagem simpático e envolvente que praticamente sustenta o filme.
Fica bem claro para a plateia que o amor existe nesta família, e a necessidade de uma pessoa com uma doença psiquiátrica ter consciência do seu problema, inclusive do uso correto das medicações controladas. E que este sentimento maior que é o amor é capaz de tudo, até de salvar as pessoas das suas próprias deficiências.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

CIDADES DE PAPEL


O filme Cidades de Papel (EUA), direção  de Jake Schreier, é uma livre adaptação  do livro homônimo de John Green (Paper Towns, no original), autor conhecido por vários livros sendo A Culpa é das Estrelas o mais famoso.
Nat Wolff (Quentim Jacobsen) é um adolescente que desde a infância nutre um amor platônico por sua vizinha Margo  Roth Spiegelman (Cara Delevingne), uma  jovem misteriosa e enigmática.
Uma certa noite Margo invade o quarto de Nat Wolff, pede o carro da mãe dele emprestado e o chama para participar de um plano de vingança. A princípio o jovem Nat reluta, mas termina fazendo a  vontade de Margo.
Quando Margo desaparece, Nat Wolff não se conforma e vai à sua procura, mesmo os pais dela dizendo que é uma atitude normal da filha.  Para isto conta com a ajuda de dois amigos da escola e uma amiga de Margo.
Em clima de suspense e mistério, este drama  juvenil  tipo road movie mostra a pressão  familiar e social que os jovens  sofrem,  inclusive quando são diferentes da maioria.
Com bom roteiro e direção, boa fotografia,  diálogos espirituosos, apesar dos personagens bem construídos, falta certo carisma e emoção aos protagonistas. Um destaque para o jovem ator Austin Abrams, no papel do engraçado amigo Ben Starling.
Interessante a inversão de temperamentos dos jovens, os meninos são certinhos enquanto as meninas são descoladas e com espírito aventureiro.
Drama com certa dose de humor que atinge em cheio o público jovem. Em uma única cena rápida em que  o ator Ansel Elgort (protagonista do filme A Culpa é das Estrelas) aparece, uma euforia com gritinhos da plateia. E no final da sessão, aplausos da garotada que curtiram o filme.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

SAMBA


Direção da dupla Eric Toledaro e Olivier Nakache, conhecido pelo grande filme Intocáveis, o filme Samba (França) é uma junção de drama e comédia com uma certa nostalgia.
Samba Cissé (Omar Sy) é um imigrante do Senegal  que vive na França há 10 anos de forma ilegal e se sustenta de sub empregos. Samba está sempre tentando um visto permanente e um trabalho melhor.  Em uma Ong que ajuda os imigrantes ilegais na França, Samba conhece Alice (Charlotte Gainsbourg), uma  executiva que se encontra afastada do trabalho por estafa. Imediatamente ocorre uma atração e simpatia mútua, e Alice decide ajudar Samba. Aos poucos eles vão se conhecendo e se ajudando mutuamente, cada um com suas questões individuais.
Um filme que mostra o mundo real dos imigrantes na França, utilizados como mão de obra barata e a atuação do serviço francês no atendimento ao imigrante. Um drama social que atinge a Europa em geral, mostra a exploração da mão de obra dos imigrantes, que vivem como verdadeiros fantasmas, perambulando pelas ruas à procura de emprego e fugindo da polícia.
Com bom roteiro, boa fotografia  e trilha sonora melancólica, nos soa familiar as músicas de Gilberto Gil e Jorge Bem Jor.
Os atores protagonistas têm  ótimos desempenhos, observem a angústia no olhar, cada qual com seus problemas, é impressionante; em especial o personagem de Omar Sy, um imigrante cheio de sonhos, que  sente o preconceito das pessoas na pele. Irresistível não  torcer até o fim para que tudo dê certo com esse ingênuo senegalês. Tem cenas engraçadas, principalmente as que Samba compartilha com o amigo imigrante Wilson (Tahar Rahim), um falso brasileiro.
Filme bem ao estilo francês, um dos melhores do Festival Varilux do Cinema Francês 2015.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

DIVERTIDA MENTE



Produção Pixar, o mais recente filme da Disney Divertida Mente (USA), tem direção e roteiro de Pete Docter, uma animação infantil para toda a família. Um filme encantador, cativante e divertido, uma junção do cômico com o melancólico, enfim, paixão à primeira cena.
Com diálogos interessantes, usa a criatividade para mostrar  as emoções e os sentimentos através de simbolismos e metáforas, com uma riqueza de detalhes que fascina crianças e adultos.
Riley é uma garotinha alegre que adora esportes e vive uma vida tranquila em Minnesota. Quando seus pais decidem se mudar para San Francisco, a rotina de Riley vira da cabeça para baixo. Suas emoções vão ser postas  à prova, e dessa maneira  a Alegria, a Tristeza, o Medo, o Nojo e a Raiva vão ser testadas de todas as formas. Unidas elas tentarão ajudar a menina Riley nesta nova proposta de vida. A Alegria lidera os outros sentimentos, mas junto com a Tristeza terão um papel fundamental na história de Riley.
É desta forma que  o público é apresentado  às emoções, e para isto o  cineasta Pete Docter utiliza um ótimo roteiro e fotografia  multi colorida, em 3D é demais encantador e super animado. De forma lúdica conhecemos o funcionamento do cérebro e suas emoções e cada sentimento tem uma cor simbólica. 
Uma mensagem de sabedoria lírica, afinal  todas as emoções são importantes na personalidade das pessoas, tudo depende de como são utilizadas.
Para as crianças fica o encantamento  dos personagens fofos demais, e para os adultos uma reflexão dos sentimentos de forma lúdica.


domingo, 5 de julho de 2015

UM POUCO DE CAOS


” O Palácio de Versailles será o coração do nosso reino com jardins de rara e incomparável beleza.  O céu deve ser aqui”.
Com este conceito, o filme Um Pouco de Caos (Reino Unido), direção de Alan Rickman, é um romance histórico e neste lindo local vemos o desenrolar de um amor proibido.
Ambientado no século XVII,  mostra a vida da aristocracia francesa tendo como cenário  o Palácio de Versailles  com seus jardins exuberantes, numa fotografia bonita e colorida.
O Rei Luis XIV (o próprio Alan Rickman), também conhecido como o Rei Sol da França, incumbe o grande arquiteto André de Notre (Mathias Schoenaersts) para projetar os jardins do Palácio de Versailles. E André de Notre escolhe para ajuda-lo, dentre tantos paisagistas, a bela e despojada Sabine de Barra (Kate Winslet), com estilo totalmente diferente do seu. Ela procura a beleza da natureza no caos e ele na técnica. Juntos eles  projetam o Rockwork Grove, uma área totalmente diferente nos jardins do Palácio de Versailles.
O amor pelo trabalho leva a uma paixão verdadeira, apesar de André de Notre manter um casamento de interesse e aparência.
Um drama clássico mostrado com charme e delicadeza, com diálogos criativos, principalmente quando o Rei Luis XIV conversa com a bela Sabine de Barra, criando metáforas das plantas em relação às pessoas.  Boa trilha sonora, e os atores  Kate Winslet  e  Alan Rickman estão ótimos nos papeis de Sabine de Barra e o Rei Luis XIV. Atentem  ao diálogo da cena entre o Rei e Sabine, quando ela o confunde com o vendedor de flores, impecável. Um porém à falta de certa emoção  e química entre o casal protagonista.




quarta-feira, 1 de julho de 2015

RAINHA E PAÍS



Rainha e País (Reino Unido) tem a direção e roteiro do cineasta de 82 anos, John Boorman. conhecido por bons filmes como Excalibur, Esperança e Glória, entre outros.
Uma comédia dramática com  humor inteligente,  brinca com personagens históricos  como o Rei e a Rainha da Inglaterra, suas instituições,  inclusive o Exército Britânico. Fala do Poder e da Hierarquia do Exército, com suas leis rígidas, muitas perversas e até injustas.
Bill Rohan (Callum Turner), uma jovem de 18 anos que vive com os pais em uma ilha na Inglaterra, é convocado para o Exército Britânico devido a Guerra da Correia, sendo obrigado a permanecer no recrutamento por 2 anos. Lá faz amizade com Percy (Caleb Landry Jones), um rapaz sem escrúpulos e sempre disposto a zoar com seus superiores e com toda a estrutura desta instituição. Apesar de terem personalidades tão diferentes, eles criam uma amizade leal e divertida e juntos com Redmond (Pat Shortt), um veterano malandro, causam várias situações indisciplinares e engraçadas junto a seus superiores.
Enquanto isso conhecem novas garotas e Bill Rohan se apaixona pela misteriosa e depressiva Ophelia (Tamsin Egerton), uma mulher mais velha e experiente que ele.
Ironia e deboche é o perfil deste filme,  de forma leve e divertida mostra a realidade da  guerra e seus recrutas. Personagens captam certa  melancolia, principalmente Bill Rohan e fala de paixão na juventude, amizade e lealdade e  como a guerra e seus dramas interferem nas pessoas,  mas sem se aprofundar  nos temas.
Boa direção e roteiro, fotografia com paisagens bonitas, principalmente quando mostra a ilha em que Bill Rohan mora.