quinta-feira, 24 de outubro de 2013

PREENCHENDO O VAZIO






O filme Preenchendo o Vazio, primeiro longa da diretora judia Rama Burshteinnos mostra de forma direta e clara a cultura judaico-ortodoxa, um filme com um estilo simples, filmado sem muito rebusco, de forma realista mas de bom gosto.
Bom elenco, cenários e figurinos escolhidos com esmero, mostra como acontece os casamentos na cultura judaico-ortodoxa, cheia de rituais, onde tudo tem que ser levado e resolvido junto ao rabino. As mulheres são bastante reprimidas pela tradição religiosa e pelos costumes machistas.
Passado em Tel-Aviv, em plena família com valores ortodoxos conservadores, tem como personagem principal a bela jovem de 18 anos, Shira (Hadas Yaron), que está a procura de um pretendente para casar. Como é o costume, os casamentos são arranjados e os noivos praticamente só se conhecem para casar. Mas Shira é uma moça sonhadora e cheia de desejos de ser feliz com o seu suposto pretendente.
Esther (Renana Raz), a irmã mais velha de Shira, está prestes a dar à luz  um menino, e infelizmente morre durante o parto. O seu marido agora viúvo Yochay ( Yiftach Klein) é praticamente obrigado a procurar outra esposa para ajudar a criar o filho,e decide se casar com uma viúva e morar na Bélgica.
A família de Shira, inconformada em ficar longe do neto e para preservar a presença da criança entre eles, decide que Shira deve se casar com com seu cunhado, apesar de ser bem mais nova que ele.
A personagem Shira passa por uma verdadeira tortura emocional ante as pressões, e ela mesma não consegue saber o que realmente deseja e a fará feliz. Apesar da palavra final ser da noiva, a pressão e a própria cultura em que foi criada, cria amarras sufocante para esta mulher ainda tão jovem. Shira tem que escolher entre seus sentimentos ou o dever familiar.  E a dúvida deixa Shira triste e sem saber o que fazer.
O momento em que Shira toca seu acordeão para as crianças e se esquece praticamente que está em um jardim de infância, é realmente comovente, como se a alma tristonha da jovem aparecesse através daquele cantar.
O filme tem uma boa fotografia, o momento do casamento é singular, de uma delicadeza e um verdadeiro retrato da cultura judaica .
A jovem atriz Hadas Yaron tem uma ótima atuação e é de uma beleza natural e pueril. Vencedora de Melhor Atriz do Festival de Veneza 2012.
O filme nos aproxima deste universo tão distante e estranho para nós ocidentais. Das práticas tradicionais deste povo e seus viés.
Troféu Bandeira Paulista na 36ª. Mostra Internacional de São Paulo. Participação no Festival de Veneza 2012.



2 comentários:

  1. As crenças e tradições do judaísmo ortodoxo sempre nos causam estranheza. Casamentos arranjados são a regra e os casais, parece, acabam se acostumando e até mesmo se gostando. Casamento com o cunhado causou certo constrangimento mas, cá para nós, o viúvo Yochay era um cara bacana e os dois já demonstravam um bem querer. Além disso, os demais pretendentes eram terríveis. Conheci 2 casais que casaram com cunhados viúvos. O filme é simples, mas bem interpretado e interessante.

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  2. Concordo com a sua colocação. E o viuvo era legal e começou ali um bem querer mesmo. Interessante. Achei linda a cena do casamento.

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