Drama francês com direção de
Stéphane Brizé (responsável pelo filme Madmoiselle Champion / 2009).
Uma Primavera com Minha Mãe, um filme intimista, nos mostra a
relação de mãe e filho que possuem uma grande dificuldade em se relacionar, em
manter um diálogo e expressar o seu amor. Com a proximidade da morte da mãe, o filme
nos leva a discussão sobre a eutanásia e o poder que realmente as pessoas podem
ter sobre suas vidas, inclusive sobre o morrer. Tema interessante, polêmico,
que leva a muitas reflexões, indagações e dúvidas.
Sem se ater ao exagero dramático
e emocional, o diretor foca o assunto de forma formal, seca até, o que ajuda a
refletir sobre esta questão tabu, principalmente em nosso nossa sociedade,
devido ordens religiosas e questões ética.
Conta a história de Alain Évrard
( Vincent London), um coroa caminhoneiro, perdido em sua vida à deriva, que
acabou de sair da prisão sem saber que rumo tomar e sendo obrigado a morar com
sua mãe por um período, numa convivência forçada que traz à tona toda a secura
e o distanciamento do seu relacionamento com sua mãe no passado. Com uma grande
solidão, não consegue manter um emprego ou uma amizade, ou até investir em um romance com a
bela Clémence (Emmanuelle Seigner, senhora Roman Polanski), que conheceu
recentemente.
A mãe de Alain, Yvette Évrard
(Hélene Vincent) é uma senhora bastante solitária que luta contra um câncer de
cérebro terminal, e que tem total controle sobre sua vida, inclusive vai ao
médico sozinha e faz sessões de radioterapia . Altamente organizada, tem
satisfação em fazer os serviços domésticos, tudo do seu jeito e por isto não
aceita a desorganização e o caos da vida do seu filho.
O amor entre eles existe, mas não
conseguem transmitir em palavras ou atos. O cachorro Callie é como um elo entre
estas duas pessoas solitárias, e a quem eles focalizam a afeição. Como
também o vizinho Sr. Lalouette ( Olivier Perrier), que goza e gosta da
companhia dos dois, mas não consegue fazer com que mãe e filho quebrem este
distanciamento.
Quando Alain descobre que sua mãe
se inscreveu um uma clinica na Suíça que trabalha com ¨suicídio assistido¨¨
(este é o nome que eles dão à eutanásia), fica sem entender como a mãe tomou
aquela atitude sem o consultar.
Os atores Vincent London e Hélene Vincent estão muito bem nos seus respectivos papeis de filho e mãe, e vale ressaltar a grande interpretação de Hélene Vincent numa performance tão contida e forte, que em certos momentos nos incomoda, como a querer que mãe e filho se reconciliem, neste momento tão cruel da vida deles.
Os atores Vincent London e Hélene Vincent estão muito bem nos seus respectivos papeis de filho e mãe, e vale ressaltar a grande interpretação de Hélene Vincent numa performance tão contida e forte, que em certos momentos nos incomoda, como a querer que mãe e filho se reconciliem, neste momento tão cruel da vida deles.
Este é um filme onde sentimentos
abafados, muitas palavras não ditas e outras ditas de forma a demonstrar
revolta, nos coloca em prontidão a esperar que ocorra uma reconciliação, uma
redenção entre mãe e filho. Mas não existe um teor dramático ou piegas ( assim como no filme Amor, de Michael Haneke), o que
pode chegar até a assustar, pela forma diferente como agimos em relações
familiares.
Um filme comovente por tratar de
relação de mãe e filho e com um tema tabu como a eutanásia, mas de forma formal e até
seca, que ao acender das luzes e voltar para a nossa realidade, sentimos um silêncio total
da plateia. Como a nos fazer refletir sobre a postura das pessoas diante das
possibilidades que a vida oferece para se redimir e tentar ser menos solitário
e mais feliz, como também sobre a morte, infalível e inevitável para todos os mortais.
Enfim, uma abertura para repensarmos
a vida, os valores que realmente importam, as relações e a necessidade do
diálogo para um bom viver , e principalmente sobre este tema tão polêmico, a
eutanásia, o tabu sobre o direito de morrer.
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