quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

PEDALANDO COM MOLIÈRE






A comédia francesa Pedalando com Molière (Alceste à Bicyclette), do diretor Philippe le Guay, é um verdadeiro duelo de dois atores, baseado no texto clássico de Molière, O Misantropo.
O respeitado ator, Serge Tanner ( Fabrice Luchini), um mostro sagrado do teatro, vive isolado há cinco anos do mundo artístico na Ilha de Ré, por absoluta decisão pessoal, como uma forma de protesto a tudo que viveu como ator e que, na sua opinião, tem muita hipocrisia e interesses pessoais.
Um conhecido ator de televisão Gauthier Valence (Lambert Wilson), resolve ir ao encontro de Serge, com o intuito de convencê-lo a retornar ao teatro, com a produção da peça O Misantropo, de Molière. Esta peça é considerada o ícone dos grandes atores veteranos de teatro, mas mesmo assim, Gauthier tem dificuldades em convencer seu amigo Serge a participar da produção.
Surge então um desafio, os dois decidem treinar os dois papeis da peça de Molière,  o principal e a segunda fala, especificamente Alceste e Philinte, mas o interesse pessoal de ambos é interpretar o personagem número um.
Nos dias que passam juntos, ocorre um verdadeiro duelo de titãs, com Serge e Gauthier dissertando os textos originais de Molière, de forma eloquente e brilhante. Por justiça, os atores trocam de personagens, em um embate repleto de diálogos, onde a admiração e o repúdio acontecem, com uma inveja velada.
No decorrer do filme, alguns personagens vão sendo introduzidos, como a bela Francesca (Maya Lausa), que sofre com uma separação recente, e cria um novo desafio para os dois amigos, pelo interesse que ela desperta em Serge.
O forte desta comédia é a excelente atuação dos atores Fabrice Luchini e Lambert Wilson, em especial o primeiro, que dá um show de interpretação. E cabe muito bem pelo ótima direção das cenas em que os dois atores dialogam suas falas teatrais.
Enfim, um verdadeiro jogo de manipulação, da arte do teatro, do jogo dos egos inflados dos atores, da super exposição e o quanto isto afeta a vida pessoal dessas pessoas.
Do real ao imaginário, onde a bicicleta tem um significado de ir ao encontro ou fugir da exposição pública que o artista vive, do poder pedalar livremente junto a Molière, tendo como compromisso apenas seus textos fabulosos.
Com uma boa fotografia e diálogos super originais e inteligentes, adequando a peça à vida real dos atores, a vaidade velada é a tônica marcante entre estes dois atores.
Para quem curte comédia com um fundo teatral, imperdível!!


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