A comédia francesa Pedalando com Molière (Alceste à
Bicyclette), do diretor Philippe le Guay, é um verdadeiro duelo de dois atores,
baseado no texto clássico de Molière, O Misantropo.
O respeitado ator, Serge Tanner ( Fabrice Luchini), um
mostro sagrado do teatro, vive isolado há cinco anos do mundo artístico na Ilha
de Ré, por absoluta decisão pessoal, como uma forma de protesto a tudo que
viveu como ator e que, na sua opinião, tem muita hipocrisia e interesses
pessoais.
Um conhecido ator de televisão Gauthier Valence (Lambert
Wilson), resolve ir ao encontro de Serge, com o intuito de convencê-lo a
retornar ao teatro, com a produção da peça O Misantropo, de Molière. Esta peça é
considerada o ícone dos grandes atores veteranos de teatro, mas mesmo assim,
Gauthier tem dificuldades em convencer seu amigo Serge a participar da produção.
Surge então um desafio, os dois decidem treinar os dois
papeis da peça de Molière, o principal e
a segunda fala, especificamente Alceste e Philinte, mas o interesse pessoal
de ambos é interpretar o personagem número um.
Nos dias que passam juntos, ocorre um verdadeiro duelo de
titãs, com Serge e Gauthier dissertando os textos originais de Molière, de forma eloquente e brilhante. Por justiça, os atores trocam de personagens, em um embate
repleto de diálogos, onde a admiração e o repúdio acontecem, com uma inveja
velada.
No decorrer do filme, alguns personagens vão sendo
introduzidos, como a bela Francesca (Maya Lausa), que sofre com uma separação
recente, e cria um novo desafio para os dois amigos, pelo interesse que ela
desperta em Serge.
O forte desta comédia é a excelente atuação dos atores
Fabrice Luchini e Lambert Wilson, em especial o primeiro, que dá um show de
interpretação. E cabe muito bem pelo ótima direção das cenas em que os dois
atores dialogam suas falas teatrais.
Enfim, um verdadeiro jogo de manipulação, da arte do teatro,
do jogo dos egos inflados dos atores, da super exposição e o quanto isto afeta a
vida pessoal dessas pessoas.
Do real ao imaginário, onde a bicicleta tem um significado
de ir ao encontro ou fugir da exposição pública que o artista vive, do poder
pedalar livremente junto a Molière, tendo como compromisso apenas seus textos fabulosos.
Com uma boa fotografia e diálogos super originais e
inteligentes, adequando a peça à vida real dos atores, a vaidade velada é a tônica
marcante entre estes dois atores.
Para quem curte comédia com um fundo teatral, imperdível!!
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