Drama francês com direção do cineasta Alain Guiraudie
(Esse Velho Sonho que se Move, 2001), Um Estranho no Lago é todo ambientado em
um local bucólico e natural, um lago cercado por um bosque, com águas límpidas
e árvores ao redor da areia cheia de pedregulhos.
Neste local isolado situa-se um lugar naturista, onde
homossexuais nudistas vão à procura de parceiros para saciar seu desejo sexual. O
curioso deste filme é, além de ser homoerótico, é focado somente em homens de
todos os tipos, jovens feios, bonitos e sarados, coroas barrigudos, mostrando a
solidão das pessoas e a dificuldade de relacionamentos sólidos, e para saciar
desejos íntimos sexuais, são capazes de ir ao encontro do desconhecido, de
arriscar a vida; e na questão do prazer, o arriscado e o proibido erotizam mais
as tensões pessoais.
Filme que fala de sexo fugaz e amizade entre homens. Franck
((Pierre Deladonchamps), um rapaz doce e romântico é um frequentador novato
deste local, onde homens vão à caça de pessoas do mesmo sexo que te atraiam, e
conhece o lenhador sessentão Henri (Patrick d’Assumção), iniciando uma amizade
sem interesse sexual. Embora Henri não seja gay, vai ao lago todos os dias para
refletir sobre a vida e apreciar a bela paisagem. Ambos solitários, o jovem
Franck gosta de conversar com Henri, que passa a nutrir uma amizade, considerando-o um amigo.
Franck se apaixona por Michel (Christophe Paou), um belo
homem misterioso, e iniciam uma relação meramente sexual, de grande
intensidade, magnetismo e erotismo fulminante, onde Michel é o dominante da
situação.
Quando ocorre um crime no lago, esses três homens são
envolvidos nesta trama e passam a ser alvo de um investigador da polícia. A
partir daí o filme toma um ar de suspense, embora de forma crua e direta, inclusive pela ausência de trilha sonora.
Este filme prima pelas cenas de sexo entre homens de forma
tensa e altamente erótica, inclusive sexo explícito, mostra a sexualidade entre homossexuais à flor da
pele, cujo único compromisso é o desejo e a satisfação sexual momentânea.
Com uma boa fotografia, com muita luz do sol, a água límpida
do lago com raios de luz, as árvores balançando no bosque. E por incrível que
pareça não existe trilha sonora, só o som ambiente, como o farfalhar das
folhas ao vento, o mergulho e o nadar dos homens no lago, deixando o som do
desejo tornar-se mais intenso, e o voyeurismo, algo comum nas pessoas, soar
mais alto.
Na maior parte do filme os homens estão totalmente despidos,
desprovidos do pudor, transcendendo qualquer preconceito, ou incomodando a
plateia pelo mesmo motivo e pelo apelo erótico excessivo.
O filme mostra o que há de mais primitivo na humanidade, a
sexualidade, os anseios incontroláveis do corpo, sem julgamentos. Mas exagera
nas cenas de sexo explícito, que poderiam insinuar o desejo sexual sem precisar
mostrar tão de perto o ato sexual em si. Mas creio que este foi o desejo
do cineasta, mostrar o mundo real da caça ao sexo entre homens desconhecidos
pelo simples prazer carnal, e o quanto existe de solidão nesta procura.
Mostra os riscos do sexo aleatório nas comunidades gays, e a
solidão de grupos que sofrem preconceito.
Filme incomodativo, inquietante pelas cenas de sexo
explícito, que por sinal são bem naturais e cruas, uma mescla de desejo, medo e
solidão. Filme com muita luminosidade no seu decorrer, mas o escuro do final
instiga a uma interrogação sobre o que se passa no íntimo das pessoas solitárias,
que estão em busca de algo e deixam o sexo te possuir por inteiro, de forma
bestial, possivelmente para ocupar uma lacuna, a escuridão da alma.
Vencedor do Premio Melhor Direção na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes.
Vencedor do Premio Melhor Direção na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes.
Tudo é superficial e tosco nesse "Lago" cheio de solidão e vazio. Ao contrário do expressivo "Azul...", para mim, o filme é tão monótono e desinteressante como a pobreza existencial dos personagens que retrata. Salva-se (será?) o personagem Henry, que dá certo tom sensível e reflexivo, contraponto à história, mas sem força para justificar meu gostar.
ResponderExcluir