domingo, 26 de janeiro de 2014

A GRANDE BELEZA





O filme A Grande Beleza (Itália) do diretor Paolo Sorrentino, nos leva a uma viagem esplendorosa por Roma, com seus afrescos, sua arquitetura ímpar, a decadência da aristocracia, suas festas suntuosas, sua superficialidade,  faz lembrar as grandes obras de Fellini.
Com uma belíssima fotografia e uma trilha sonora maravilhosa, que vai dos cânticos gregorianos, da música sacra, às baladas das festas mundanas, regadas a muita bebida , extravagâncias e orgia.
No meio de uma  grande festa conhecemos o escritor Jep Gambardella ( interpretado magistralmente pelo ator  Toni Servillo), autor de um único livro ¨O Aparato Humano¨, best-seller há 40 anos atrás , cujo sucesso  lhe rendeu uma vida de fama, luxúria, festas e muitos  privilégios.
 Jef, cujo sonho quando jovem era  tornar-se  ¨o rei dos mundanos¨, aos 65 anos de vida analisa o presente e o significado da grande beleza. ¨Não posso mais perder tempo com o que não quero¨,  reflete Jep sobre sua vida, se o que conseguiu lhe rendeu paz interior e felicidade, lembra de amores da juventude, se perdendo em seus devaneios.
Com humor ácido, irônico, diálogos intimista, o filme passeia na zona de conforto em que vive o escritor, e o faz refletir se valeu a pena o que conseguiu, ou se deveria ter arriscado, ter se lançado em um amor de juventude e  mudado o foco de sua vida. Um mergulho nas lembranças, que leva Jep a repensar a vida, o que deixou para trás e o que restou. Como o protagonista diz, a beleza acaba com o tempo ( ou é mera ilusão?).
Direção impecável, fotografia  de beleza e significado ímpar, lembranças do tempo de Fellini e Antonioni.
¨Busco a grande beleza¨, diz o escritor Jep Gambardella no auge dos seus 65 anos, decepcionado no meio de uma grande festa em sua mansão. E onde encontramos a grande beleza? É preciso uma reflexão para dentro de nossas raízes, do nosso verdadeiro eu, do que realmente nos importa e nos faz felizes, para enxergarmos a resposta desta pergunta, uma busca apaziguadora. Afinal, a beleza depende do olhar, o belo ou não vai depender de quem se olha, de dentro de si ou de fora e do que se deseja enxergar.
O filme é uma crítica a decadente alta sociedade italiana, e aproveita para passear por tanta beleza e obras de arte de Roma.
¨O Além está além, e não me ocupo do Além¨, são as últimas palavras de Jep. Enfim, um filme grande demais para tanta beleza, tanta grandiosidade, como há muito tempo não se via em telas de cinema, vale a surpreendente reflexão.
Ganhador do troféu Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e concorre ao Oscar na mesma Categoria.

Um comentário:

  1. Um filme que paralisa o espectador quer pela viagem a Fellini, Buñuel, entre outros, quer pela fotografia, pela música, pelo humor mordaz, face à superficialidade da burguesia, pelos absurdos da vida, pelas interpretações.
    Há muito, não assistia a plateia aplaudir, ao final, e não levantar para sair, antes do último item dos créditos. Uma grande beleza!

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