O mais novo filme do diretor dinamarquês Lars von Trier, o
tão esperado Ninfomaníaca I , fala sobre sexo, pecado e sofrimento de
forma instigante, tensa, com atores afiados na arte de interpretar (assim como
Melancolia sinalizava a beleza e Anticristo a agressividade).
Filme contado em vários capítulos, um diálogo entre
Seligman ( Stellan Skarsgard), um pescador bom e pacato, ao encontrar Joe
( Charlotte Gainsbourg), uma mulher de 50 anos, suja e ferida, em plena noite
numa rua deserta. Selligman a leva para sua casa, cuida dos seus ferimentos e
inicia-se uma troca de confidências pessoais.
Joe, uma mulher madura sofrida, tenta explicar a este homem
desconhecido que a acolheu, o porque da sua infelicidade e o seu sofrimento por
ser ninfomaníaca e a descoberta do seu vício por sexo. Uma viagem sombria pela
infância e juventude de Joe, a descoberta da sua compulsão por sexo, a
necessidade de se maltratar e castigar seu corpo com tantos parceiros. A jovem
atriz Stacy Martin interpreta de forma convincente a Joe na juventude.
Um filme forte, denso, com uma trilha sonora de força,
usando em vários momentos o heavy metal, como sempre Lars von Trier tem o prazer de trazer a
inquietação para os seus filmes e consequentemente para o espectador.
Mostra a angústia das ninfas (na mitologia grega, assim chamadas as mulheres que têm compulsão sexual irrefreada), assim como um vício pelas drogas, a falta de controle sobre seu corpo e suas ações. De acordo com a psiquiatria, a ninfomaníaca muitas vezes usa o sexo para aliviar ansiedade ou até depressão, e isto ocorre com a personagem Joe. ¨Eu me rebelo contra o amor¨, diz Joe. Porque unir amor e sexo de forma que não seja compulsiva, é algo sofrido para quem sofre deste mal, pois é difícil dizer não aos seus desejos sexuais e estabelecer vínculos, que em geral significa diminuir ou reprimir a liberdade sexual .
Mostra a angústia das ninfas (na mitologia grega, assim chamadas as mulheres que têm compulsão sexual irrefreada), assim como um vício pelas drogas, a falta de controle sobre seu corpo e suas ações. De acordo com a psiquiatria, a ninfomaníaca muitas vezes usa o sexo para aliviar ansiedade ou até depressão, e isto ocorre com a personagem Joe. ¨Eu me rebelo contra o amor¨, diz Joe. Porque unir amor e sexo de forma que não seja compulsiva, é algo sofrido para quem sofre deste mal, pois é difícil dizer não aos seus desejos sexuais e estabelecer vínculos, que em geral significa diminuir ou reprimir a liberdade sexual .
É justamente este desgaste e sofrimento que o diretor se
interessa em focar, no tempo e energia que Joe usa na busca obsessiva por
parceiros, a fissura por pensamentos e situações eróticas.
Há cenas de sexo explícito, mas sempre permeados com diálogos
complexos até alguns monótonos, uma amostra de sexo e erotismo com tanta crueza
e acidez, o que aumenta a nossa tensão, mas com isto diminui o nosso olhar pelo
sexo em si, deixando o pornográfico e restando o sofrimento pelo sexo. Este é o
diferencial de Ninfomaníaca I, e acredito o poder do diretor, tornar o sexo
algo monótono e enjoativo.
Joe se sente a pior pessoa do mundo, e o sexo termina sendo
um castigo que ela própria se impõe, e a atriz Charlotte Gainsburg dá uma
interpretação invejável a sua personagem. Assim como Stellan Skarsgard tem uma
empatia perfeita com sua parceira, como o bom Seligman.
Provocativo, polêmico como poucos, Lars von Trier consegue
realizar um filme sobre sexo, desestimulando o ato em si, gerando culpa e pecado a personagem Joe. Um filme amargo, cruel, que nos leva a questionar a banalidade do
sexo e a troca de parceiros neste mundo moderno, o sofrimento das pessoas que
possuem esta compulsão, os afetos anestesiados, um auto flagelo do corpo, que
alcança mente e espírito.
Nos créditos finais, cenas que provavelmente estarão no
sequência do próximo filme previsto para Março, que nos instiga a curiosidade de
saber mais sobre a vida desta mulher sofrida, idealizada por este diretor
provocador. E então tiraremos nossas próprias conclusões e lições de vida.
Ironicamente um filme de sexo cujo conteúdo, as próprias cenas de sexo
explícito, entedia, se torna monótona, um ato mecânico, sem emoção, ao invés de tornar-se excitante. Só Lars von Trier para conseguir esta façanha, com certeza seu objetivo maior.
Von Trier poupa-nos da dor na pt.1. Mostra descoberta e busca de prazer sexual, sem existência de sentimento, apenas pulsão. Ao encontrar o amor, Joe perde o prazer, "não sinto nada", diz atônita. Aguardo a pt. 2 e o sofrimento comum aos distúrbios, curiosa para qual será a proposta a esse impasse. Gostei e sei que março vai ser melhor.
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