domingo, 5 de janeiro de 2014

AZUL É A COR MAIS QUENTE




Impossível assistir este filme e ficar passivo, não se questionar, não sair repensando e relembrando as cenas deste tórrido e sensível drama (produção francesa) do diretor tunisiano Abdellatif  Kechiche.
Azul é a Cor mais Quente é a história de Adèle ( Adèle Exarchopoulos), uma    adolescente que divide seu tempo entre o colégio e seu trabalho que adora fazer, dar aulas para crianças. Os diálogos com seus colegas em geral giram sobre sexo e paqueras, e ela se descobre com desejos por meninas. Quando Adèle se cruza com Emma (Léa Seydoux), uma estudante de Belas Artes com cabelos azuis, a atração é fulminante. Então elas iniciam um processo de auto conhecimento, dialogam sobre seus gostos e desejos e se apaixonam perdidamente.
Interessante o diretor ter colocado na protagonista o mesmo nome da atriz, Adèle. Isto cria um ar meio documental e misterioso, ainda mais pela naturalidade da atriz Adèle Exarchopoulos, e até pelo título original ¨La Vie d’Adèle¨.
O filme é basicamente um romance, uma história de amor entre duas mulheres, uma jovem, descobrindo a sua sexualidade e seu desejo por mulheres. A outra, com mais idade, já uma lésbica segura e assumida. É impressionante os recursos utilizados pelo diretor para dirigir e nos revelar os traços essenciais dessas duas jovens e o amor, inclusive o desejo sexual que transborda . A cor azul dos cabelos de Emma é o referencial de Adèle, que se entrega de corpo e alma a esta nova descoberta do seu eu, seu corpo treme e ferve por Emma. E esta a inicia neste jogo de sedução, que também abala a plateia. É o interior de Adèle, de forma crua e total sendo revirado, e com a descoberta da homossexualidade, o gosto amargo do preconceito.
O sofrimento da linda Adèle chega as raias da tortura, pelo excesso de exploração do seu íntimo, das suas emoções e do seu desejo carnal por Emma.
Com atuação irretocáveis, as atrizes  Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, como  Adèle e Emma  respectivamente, são de uma naturalidade incrível, sem maquiagem, de uma beleza moderna e natural. A boca de Adèle aparece na tela como um morango fresco, pronto para ser saboreado por Emma. Elas se doam por inteiro, inclusive as cenas de sexo explícito são perfeitas, de uma veracidade e sutileza incrível. Apesar do excesso de cenas eróticas, a qualidade e a naturalidade supera o resultado.
A câmera brinca e se aproveita dos closes na linda Adèle , que olha com paixão, que treme de desejo, que chora por amor, que como como uma gulosa que é, por comida e pelos seus desejos.
Filme polêmico, sensível, com fotografia impecável, uma história comovente, onde os sentimentos e a sexualidade são explorados à exaustão, quebrando tabus, com cenas de sexo entre duas mulheres de forma extasiante, desinibida e incontrolável, ao mesmo tempo uma relação delicada e inteligente. Creio que poderia ser mais enxuto, diminuindo o tempo de duração, o que não perderia no conteúdo da história.
Ganhador do troféu  Palma de Ouro do Festival de Cannes 2013.


2 comentários:

  1. Esse filme é um presente belo e comovente. Descoberta, paixão, conflito, amor, dor, são alguns ingredientes cuidados com profundidade e respeito sobre a relação homossexual entre Adèle e Emma, atrizes tão jovens mas já prontas para atuações nada fáceis. Não reduziria qualquer minuto desse trabalho, caso contrário, não seria possível bem delinear a essência de sentimentos e emoções vividos, correndo o risco de banalizá-los.

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  2. Realmente um fllme que atinge a nossa alma e nos encendia. Adorei!!! Cenas fortes, polemicas mas belas de sexo. Valeu, Nicia.

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