quarta-feira, 18 de junho de 2014

PELO MALO




Produção Venezuela, direção de Mariana Rondón, o filme Pelo Malo (significa cabelo ruim) é uma agradável surpresa para quem assiste.
Drama fala de preconceito, racismo, homofobia, e como o amor de uma mãe reage a esses conceitos. Fala de injustiça social, onde o poder subjuga os mais fracos, e também o papel da mulher numa sociedade machista, que a enfraquece  numa desigualdade social.
O drama conta a história do menino Júnior (Samuel Lange Zambrano), que mora com sua mãe Marta  (Samantha Castillo) e seu irmãozinho de poucos meses.
Com dificuldades de sobrevivência, vemos uma mãe que ficou viúva, que luta para manter o seu emprego de vigilante e tem que conviver com a miséria, além de não aceitar o jeito de ser diferente de seu filho. Júnior tem cabelos encrespados e sonha em alisar os cabelos. Enquanto os outros meninos gostam de jogar bola, Júnior prefere brincar com as meninas e quer ser cantor e ator. Sua avó Carmen (Nelly Ramos) dá força aos devaneios do neto, o que incomoda ainda mais a mãe de Júnior.
Martha, uma mulher determinada e agressiva, até pelo próprio trabalho que exerce de vigilante, é confrontada o tempo inteiro pelo comportamento estranho do filho, preocupada que ele seja gay. O amor desta mãe é grosseiro, sem toques de carinho, quase odioso pelo fato do filho ter um comportamento ¨diferente¨, e na sua ignorância, imagina que tratando-o desta forma agressiva, ele se ¨tornará um homem¨, conforme ela mesma cita.
Como pano de fundo vemos a miséria de um país, a pobreza nas favelas de Caracas, o papel determinante das instituições sociais como Escola e Igreja na vida das pessoas. O filme tem um olhar sócio-cultural com um significado enorme no drama desta família, aliado ao preconceito e a ignorância.
Os atores Samantha Castillo e Samuel Lange Zambrano como a mãe Marta e o filho Júnior são consistentes nas falas e ainda mais nos olhares. O garoto Júnior tem um peso enorme nesta história e o ator segura de forma incrível, com uma atuação forte e definida.
O drama mostra o mundo injusto pela visão que mãe e filho enxergam, sem críticas, afinal, eles estão juntos e ao mesmo tempo em mundos pessoais opostos. A cena final do filme é cruel, realista e até compreensível pela dinâmica, pela maneira de ser e do comportamento de mãe e filho. Uma relação hostil e preconceituosa, cheia de insatisfações de ambos os lados.
Mas no filme não há julgamentos de comportamento e isto deixa a plateia à vontade para torcer pelo entendimento de mãe e filho, e que o amor que existe consiga fluir neste núcleo familiar, em que a própria sociedade oprime e os afeta.
Ganhou o Premio Concha de Oro no Festival de San Sebastian/ 2013.


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