O filme Uma Família em Tóquio, direção do cineasta Yoji Yamada
(O Samurai do Entardecer /2002), é uma releitura da obra prima de Yasujiro Ozu,
¨Era uma Vez em Tóquio¨(1953), este referencial já nos leva a comparação entre
o clássico original e a obra atual.
Com algumas mudanças na história original, observamos neste
longa o Japão do século XXI, onde o trabalho e o estudo tornam a vida das
pessoas acelerada, sem muito tempo para a família e as tradições estão sendo preteridas pelo modernismo.
Conta a história de um casal de idosos que mora no interior
do Japão e decidem passar uns dias em Tóquio, com a pretensão de rever seus
filhos e netos. Os dois filhos mais
velhos são casados e trabalham em sua própria residência, o mais velho é médico
e a filha tem um salão de beleza. O filho mais novo não tem emprego fixo,
fugindo do padrão tradicional de vida de seus irmãos, e por isto é sempre
marginalizado pela família.
O pai Noriko (Yû Aoi) e a mãe Masatsugu (Satoshi Tsumabuki)
de imediato percebem que seus filhos não têm tempo para dedicar a eles, devido
à vida atribulada que levam, uma rotina
típica das grandes metrópoles. Chegam até a reservar um hotel para seus pais se
hospedarem, visando facilitar a vida deles.
Um drama delicado e com enorme carga emocional, que tenta
mostrar com certa sutileza a tradição japonesa e o quanto a família se enquadra
neste contexto atual. É o retrato de 2 gerações, cada qual tentando se adequar
ao mundo moderno, onde as tradições e os elos familiares vão se modificando,
diante do consumismo e da ânsia de viver o presente, colocando o trabalho e
demais afazeres em primeiro ângulo.
Com ritmo lento e melancólico, vemos uma Tóquio agitada com
suas luzes artificiais, contrastando com o colorido da ilha onde o casal mora.
Com um bonito visual, boa fotografia anexo a uma trilha sonora suave, que nos envolve nesta crônica de vida em família.
Com atores bem entrosados, em especial a figura da mãe que é
de uma delicadeza e singularidade ímpar. Os diálogos entre o casal é algo
tocante, onde ela sempre ameniza e enfatiza o lado otimista e positivo diante
da rigidez do seu esposo perante seus filhos, em especial o mais jovem, que tem
conflitos com o pai desde a infância. O momento de intimidade da mãe com a sua
futura nora, a namorada deste filho, é de uma singeleza e ternura
indescritível. Com certeza várias mães se espelharão nesta doce e sábia mulher.
Este drama carrega na emoção, na cumplicidade, na
delicadeza, na força da família neste mundo conturbado que vivemos, e o
peso e o papel significativo da mãe no contexto familiar.
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