domingo, 8 de junho de 2014

UMA FAMILIA EM TÓQUIO


O filme Uma Família em Tóquio, direção do cineasta Yoji Yamada (O Samurai do Entardecer /2002), é uma releitura da obra prima de Yasujiro Ozu, ¨Era uma Vez em Tóquio¨(1953), este referencial já nos leva a comparação entre o clássico original e a obra atual.
Com algumas mudanças na história original, observamos neste longa o Japão do século XXI, onde o trabalho e o estudo tornam a vida das pessoas acelerada, sem muito tempo para a família e as tradições estão sendo preteridas pelo modernismo.
Conta a história de um casal de idosos que mora no interior do Japão e decidem passar uns dias em Tóquio, com a pretensão de rever seus filhos e netos.  Os dois filhos mais velhos são casados e trabalham em sua própria residência, o mais velho é médico e a filha tem um salão de beleza. O filho mais novo não tem emprego fixo, fugindo do padrão tradicional de vida de seus irmãos, e por isto é sempre marginalizado pela família.
O pai Noriko (Yû Aoi) e a mãe Masatsugu (Satoshi Tsumabuki) de imediato percebem que seus filhos não têm tempo para dedicar a eles, devido à  vida atribulada que levam, uma rotina típica das grandes metrópoles. Chegam até a reservar um hotel para seus pais se hospedarem, visando facilitar a vida deles.
Um drama delicado e com enorme carga emocional, que tenta mostrar com certa sutileza a tradição japonesa e o quanto a família se enquadra neste contexto atual. É o retrato de 2 gerações, cada qual tentando se adequar ao mundo moderno, onde as tradições e os elos familiares vão se modificando, diante do consumismo e da ânsia de viver o presente, colocando o trabalho e demais afazeres em primeiro ângulo.
Com ritmo lento e melancólico, vemos uma Tóquio agitada com suas luzes artificiais, contrastando com o colorido da ilha onde o casal mora. Com um bonito visual, boa fotografia anexo a uma trilha sonora suave, que nos envolve nesta crônica de vida em família.
Com atores bem entrosados, em especial a figura da mãe que é de uma delicadeza e singularidade ímpar. Os diálogos entre o casal é algo tocante, onde ela sempre ameniza e enfatiza o lado otimista e positivo diante da rigidez do seu esposo perante seus filhos, em especial o mais jovem, que tem conflitos com o pai desde a infância. O momento de intimidade da mãe com a sua futura nora, a namorada deste filho, é de uma singeleza e ternura indescritível. Com certeza várias mães se espelharão nesta doce e sábia mulher.
Este drama carrega na emoção, na cumplicidade, na delicadeza, na força da família  neste mundo conturbado que vivemos, e o peso e o papel significativo da mãe no contexto familiar.
¨Quando você deseja ser um bom filho, seus pais já se foram¨. Uma das falas do filho mais jovem, algo para nos fazer parar neste mundo tão confuso e repensar nossos valores perante a vida e nossa família.

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