segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

JOVEM E BELA



 

Uma família padrão é o lar da jovem e bela adolescente Isabelle (Marine Vacth), onde moram sua mãe Sylvie (Géraldine Pailhas) com seu padrasto Patrick ( Fréderic Pierrot) e seu irmão mais novo, e neste verão decidem passar as férias em família, no litoral da França. Este é o ambiente do filme Jovem e Bela, um drama francês, do diretor François Ozon (Dentro de Casa).
O filme é muito bem narrado nas quatro estações do ano, com Isabelle celebrando seu 17º. aniversário, em pleno verão, quando esta linda jovem decide perder a virgindade.
Já no outono, por alguma razão qualquer, provavelmente curiosidade e descoberta do sexo e insatisfações íntimas, Isabelle decide se prostituir. E a partir daí a jovem vive uma vida dupla, de um lado uma adolescente insatisfeita e na outra ponta deste fio tênue, uma jovem prostituta de luxo, segura e decidida com seus inúmeros parceiros, de idades variadas.
Nas outras estações acontece o desenrolar destas atitudes impensadas ou não, que irão repercutir seriamente na vida de Isabelle e da sua família.
Notamos que Isabelle mantêm uma relação distante com sua mãe Sylvie, que por sua vez não procura ocupar um espaço maior na vida da filha, nem se preocupa em acompanhar mais de perto o processo da adolescência, um período de angústias e descobertas para qualquer jovem. Com o irmão mais novo, Isabelle tem uma relação mais aberta e até de confidente, o que é estranho pela diferença de idade, como a transferir papeis familiares.
Esta história acontece de forma natural, a protagonista Marina Vacth tem uma relação meia fria, acredito pelo próprio papel que desempenha, uma garota de 17 anos indiferente ao seu papel na vida familiar, desconectada do seu mundo afetivo e escolar, e com uma certa perversão sexual, que decide por conta própria se prostituir. Com que objetivo? O diretor não deseja entrar nesta questão. Mas mostrar o ¨poder¨que uma jovem imatura passa a ter nesta situação de risco, como juntar dinheiro de forma ¨fácil¨, o poder de sedução sobre pessoas mais velhas, o sentir-se superior em relação aos jovens de sua idade, até uma certa dominação no momento do sexo pela experiência adquirida.
A trilha sonora de Philippe Rombi é muito bem encaixada, em cada estação uma canção, soando como uma pausa para a complexa e linda Isabelle, como também para a plateia. A atriz Marina Vacth atua com uma  naturalidade ao papel que impressiona, e contamos com uma pequena participação da veterana Charlotte Rampling.
O filme nos leva a uma reflexão sobre esta fase da adolescência, com suas descobertas, suas inseguranças, a curiosidade pelo proibido, pela iniciação sexual, drogas, etc. E o experimentar de emoções e caminhos novos, e para Isabelle a escolha foi a prostituição.
Interessante o momento em que os jovens no colégio recitam o poema do poeta Rimbaud, que afirma que na juventude ¨ninguém é sério¨, meio questionável isto.
No final fica a pergunta porque Isabelle se prostituiu e cabe a cada espectador, dentro de uma ótica, de preferência sem julgamento, fazer a sua escolha. Esta é a real essência deste instigante filme de François Ozon, que leva a transgressão de valores morais e faz as pessoas repensarem estas questões.
Filme erótico sem exageros, sem explicações das ações da adolescente Isabelle, que além de bela é fria e calculista; enfim, não é o desejo do diretor fazer apologia ou psicologia do personagem. Mas contar uma história que poderia até ser real e deixar cada um julgar, polemizar, criar, ou não, uma história paralela. Aí, só a sua imaginação vai alcançar.




quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

PEDALANDO COM MOLIÈRE






A comédia francesa Pedalando com Molière (Alceste à Bicyclette), do diretor Philippe le Guay, é um verdadeiro duelo de dois atores, baseado no texto clássico de Molière, O Misantropo.
O respeitado ator, Serge Tanner ( Fabrice Luchini), um mostro sagrado do teatro, vive isolado há cinco anos do mundo artístico na Ilha de Ré, por absoluta decisão pessoal, como uma forma de protesto a tudo que viveu como ator e que, na sua opinião, tem muita hipocrisia e interesses pessoais.
Um conhecido ator de televisão Gauthier Valence (Lambert Wilson), resolve ir ao encontro de Serge, com o intuito de convencê-lo a retornar ao teatro, com a produção da peça O Misantropo, de Molière. Esta peça é considerada o ícone dos grandes atores veteranos de teatro, mas mesmo assim, Gauthier tem dificuldades em convencer seu amigo Serge a participar da produção.
Surge então um desafio, os dois decidem treinar os dois papeis da peça de Molière,  o principal e a segunda fala, especificamente Alceste e Philinte, mas o interesse pessoal de ambos é interpretar o personagem número um.
Nos dias que passam juntos, ocorre um verdadeiro duelo de titãs, com Serge e Gauthier dissertando os textos originais de Molière, de forma eloquente e brilhante. Por justiça, os atores trocam de personagens, em um embate repleto de diálogos, onde a admiração e o repúdio acontecem, com uma inveja velada.
No decorrer do filme, alguns personagens vão sendo introduzidos, como a bela Francesca (Maya Lausa), que sofre com uma separação recente, e cria um novo desafio para os dois amigos, pelo interesse que ela desperta em Serge.
O forte desta comédia é a excelente atuação dos atores Fabrice Luchini e Lambert Wilson, em especial o primeiro, que dá um show de interpretação. E cabe muito bem pelo ótima direção das cenas em que os dois atores dialogam suas falas teatrais.
Enfim, um verdadeiro jogo de manipulação, da arte do teatro, do jogo dos egos inflados dos atores, da super exposição e o quanto isto afeta a vida pessoal dessas pessoas.
Do real ao imaginário, onde a bicicleta tem um significado de ir ao encontro ou fugir da exposição pública que o artista vive, do poder pedalar livremente junto a Molière, tendo como compromisso apenas seus textos fabulosos.
Com uma boa fotografia e diálogos super originais e inteligentes, adequando a peça à vida real dos atores, a vaidade velada é a tônica marcante entre estes dois atores.
Para quem curte comédia com um fundo teatral, imperdível!!


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O EXPRESSO POLAR




É Natal, tempo de renovação espiritual, onde o Amor e o espírito fraternal estão presente  nos corações das famílias, em especial das crianças.
Com esse espírito natalino, sobre um tempo mágico do Natal, o filme O Expresso Polar (2004) permanece vivo como nunca, neste tempo de magia e fraternidade.
Com um espetáculo visual incrível e cativante, esta animação tem a direção do cineasta Robert Zemeckis, responsável por grandes filmes, como Forrest Gump: o contador de histórias. O filme tem uma força  para esta época do Natal, nos remete ao espírito natalino, de muitas luzes, paz e amor ao próximo.
Com um ótimo elenco tendo Tom Hanks à frente, como o condutor do trem e o Papai Noel.
Véspera de Natal, um garoto está acordado, ele perdeu a esperança e já não acredita na existência do Papai Noel, e espera que algo aconteça  que venha mudar algo dentro do seu coração. Ouve-se um estrondo e lá está um trem escuro com destino ao Polo Norte.
O condutor do trem (Tom Hanks) convida o descrente menino para embarcar nesta viagem cheia de aventura, que o levará a conhecer o mundo imaginário (ou real?) do Natal, com sua magia, com Papai Noel e seus compromissos com as crianças.
Como estará  este garoto que perdeu a fé no Natal,  no final desta viagem mágica no expresso polar?
Ao assistir este desenho maravilhoso, apreciado por crianças e adultos, ao final desta aventura cada um de nós resgatará dentro de si a magia do Natal, com suas crenças, suas luzes, seu poder de fé e sedução, e a importância deste resgate no coração das pessoas.
O espírito do Natal está no ar e este filme nos nos faz refletir sobre a esperança de dias melhores, de amizade, solidariedade e o verdadeiro significado do Natal e do Papai Noel, principalmente para as crianças.
Feliz Natal do blog cineamado para todas as famílias!!!!


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

UM ESTRANHO NO LAGO







Drama francês com direção do cineasta Alain Guiraudie (Esse Velho Sonho que se Move, 2001), Um Estranho no Lago é todo ambientado em um local bucólico e natural, um lago cercado por um bosque, com águas límpidas e árvores ao redor da areia cheia de pedregulhos.
Neste local isolado situa-se um lugar naturista, onde homossexuais nudistas vão à procura de parceiros para saciar seu desejo sexual. O curioso deste filme é, além de ser homoerótico, é focado somente em homens de todos os tipos, jovens feios, bonitos e sarados, coroas barrigudos, mostrando a solidão das pessoas e a dificuldade de relacionamentos sólidos, e para saciar desejos íntimos sexuais, são capazes de ir ao encontro do desconhecido, de arriscar a vida; e na questão do prazer, o arriscado e o proibido erotizam mais as tensões pessoais.
Filme que fala de sexo fugaz e amizade entre homens. Franck ((Pierre Deladonchamps), um rapaz doce e romântico é um frequentador novato deste local, onde homens vão à caça de pessoas do mesmo sexo que te atraiam, e conhece o lenhador sessentão Henri (Patrick d’Assumção), iniciando uma amizade sem interesse sexual. Embora Henri não seja gay, vai ao lago todos os dias para refletir sobre a vida e apreciar a bela paisagem. Ambos solitários, o jovem Franck gosta de conversar com Henri, que passa a nutrir uma amizade, considerando-o  um amigo.
Franck se apaixona por Michel (Christophe Paou), um belo homem misterioso, e iniciam uma relação meramente sexual, de grande intensidade, magnetismo e erotismo fulminante, onde Michel é o dominante da situação.
Quando ocorre um crime no lago, esses três homens são envolvidos nesta trama e passam a ser alvo de um investigador da polícia. A partir daí o filme toma um ar de suspense, embora de forma crua e direta, inclusive pela ausência de trilha sonora.
Este filme prima pelas cenas de sexo entre homens de forma tensa e altamente erótica,    inclusive sexo explícito, mostra a sexualidade entre homossexuais à flor da pele, cujo único compromisso é o desejo e a satisfação sexual momentânea.
Com uma boa fotografia, com muita luz do sol, a água límpida do lago com raios de luz, as árvores balançando no bosque. E por incrível que pareça não existe trilha sonora, só o som ambiente, como o farfalhar das folhas ao vento, o mergulho e o nadar dos homens no lago, deixando o som do desejo tornar-se mais intenso, e o voyeurismo, algo comum nas pessoas, soar mais alto.
Na maior parte do filme os homens estão totalmente despidos, desprovidos do pudor, transcendendo qualquer preconceito, ou incomodando a plateia pelo mesmo motivo e pelo apelo erótico excessivo.
O filme mostra o que há de mais primitivo na humanidade, a sexualidade, os anseios incontroláveis do corpo, sem julgamentos. Mas exagera nas cenas de sexo explícito, que poderiam insinuar o desejo sexual sem precisar mostrar tão de perto o ato sexual em si. Mas creio que este foi o  desejo do cineasta, mostrar o mundo real da caça ao sexo entre homens desconhecidos pelo simples prazer carnal, e o quanto existe de solidão nesta procura.
Mostra os riscos do sexo aleatório nas comunidades gays, e a solidão de grupos que sofrem preconceito.
Filme incomodativo, inquietante pelas cenas de sexo explícito, que por sinal são bem naturais e cruas, uma mescla de desejo, medo e solidão. Filme com muita luminosidade no seu decorrer, mas o escuro do final instiga a uma interrogação sobre o que se passa no íntimo das pessoas solitárias, que estão em busca de algo e deixam o sexo te possuir por inteiro, de forma bestial, possivelmente para ocupar uma lacuna, a escuridão da alma.
Vencedor do Premio Melhor Direção na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

JUAN E EVITA - UMA HISTÓRIA DE AMOR





O filme Juan e Evita – uma História de Amor inicia em 1944, quando o viúvo Juan Domingo Perón  (Osmar Núñez) conhece a jovem Eva Duarte (Julieta Diaz), e logo depois inicia-se um romance entre este militar, poderoso coronel do Exército que mais tarde se tornou Presidente da Argentina em eleições diretas em 1946, e esta jovem atriz de rádio em ascensão, Eva Duarte.
Juan e Eva logo passam a viver juntos, apesar de ser visto à contragosto pelos companheiros de trabalho de Perón, como também pelas pessoas mais próximas a ele.
Juan Domingo Perón chega ao posto de Vice-Presidência do governo da época, sendo depois demitido e preso pelas alas conservadoras do Exército.
Mas o governo da época é obrigado a libertá-lo, devido a Greve Geral dos Trabalhadores, que foram às ruas de Buenos Aires vindo de várias regiões, exigindo sua libertação. Esse dia 17 de Outubro ficou conhecido como o Dia da Lealdade, com a consolidação do Peronismo, uma ideologia política peculiar da Argentina.
Apesar de toda turbulência política da época, o casal se une mais ainda. Ao ser libertado, Juan e Evita se casam 5 dias depois, consolidando o grande amor e afeto que nutriam. Perón foi eleito um ano depois Presidente da Argentina em eleições diretas, por três mandatos consecutivos.
O interessante deste filme é conhecer o início da história de amor entre Juan e Eva,  como pessoas humanas que eram, não os mitos Perón e Evita. Com direção da cineasta Paula de Luque, os atores Osmar Núñez  e Julieta Diaz têm uma boa atuação, embora sem muito carisma.  Direção contida, sóbria, sem exageros, onde Evita perde um pouco a sua força, ficando à sombra de Perón.
Apesar de ser um romance, o filme tem foco no período histórico de grande importância na história política da Argentina.
Conhecemos um Perón e Evita enamorados, onde os tumultuados fatos políticos só reforçam o amor deles, como em certa cenas eles demonstram uma grande afinidade e companheirismo. Como quando ele é preso e Evita fica desesperada, receosa de sua morte. Como também na cena em que eles estão sozinhos no quarto, fumando e entre sussurros, Perón diz algo no ouvido de Evita que só ela ouve, mas fica para o espectador como um afago ou uma jura de amor, que só pertence aos amados.
Evita Perón morreu aos 33 anos de idade, vítima de câncer, assim como a primeira esposa de Juan Domingo Perón.
¨A morte prematura eterniza o Amor¨- assim disse Juan a Evita.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ÚLTIMA VIAGEM A VEGAS




Assistir uma comédia agradável e inteligente, com atores de primeira grandeza, um roteiro enxuto e pertinente é um entretenimento que nos deixa com uma sensação de leveza na alma e um belo sorriso no rosto. É justamente esta a proposta do filme Última Viagem a Vegas, direção de Jon Turteltaub ( A Lenda do Tesouro Perdido) e roteiro de Dan Fogelman  (Os Enrolados).
Um filme com um quarteto de atores da terceira idade como Michael Douglas, Robert de Niro, Morgan Freeman e Kevin Kline, com uma sintonia incrível, cada um interpretando um personagem com características bem próprias e diferentes entre si, falando das questões da velhice de forma divertida, sem cair no caricato nem no chulo. Esse elenco de primeira realmente é o grande diferencial do filme, cuja proposta é justamente uma diversão para todas as idades; o que estes grandes atores fazem com maestria, em especial Morgan Freeman que está impecável no papel do velho amigo Archie Clay.
Temos a história de quatro amigos de infância, cada qual com suas peculiaridades, que decidem se encontrar em Las Vegas, 60 anos depois, para uma despedida de solteiro. Billy Gerson (Michael Douglas) é um solteirão setentão rico e que decide se casar com uma jovem de 30 anos, mas sua única paixão na vida foi a esposa de seu amigo Paddy (Robert de Niro), um sujeito rabugento e de mal com a vida, e que está viúvo há um ano. Os outros dois parceiros de infância para completar este Quarteto da Amizade são: Sam (Kevin Kline), casado há 40 anos, insatisfeito com a monotonia do casamento , e Archie Clay (Morgan Freeman), que mora com seu filho e nora, numa casa cheia de regras e super proteção.
Vale ressaltar a atuação da atriz Mary Steenburgen, interpretando uma cantora em Las Vegas, onde conhece esse grandes  amigos, ao som da música ¨Only You¨. Por sinal, um momento super interessante do filme. O rapper 50 Cent faz uma ponta nesta comédia, onde músicas românticas se entremeiam com músicas eletrônicas nas noites alegres de Las Vegas.
Filme gostoso de assistir, divertidamente agradável, com uma mensagem de conteúdo sobre amizade, lealdade, velhice e os reais valores da vida. E quando se chega a maturidade essas questões são mais fortalecidas e ajudam a enfrentar com leveza as dificuldades inerentes à velhice.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A VOZ ADORMECIDA




Este drama espanhol A Voz Adormecida (La Voz Dormida), do diretor Benito Zambrano, tem como pano de fundo a Guerra Civil Espanhola, e é uma adaptação do romance da grande escritora Dulce Chacón.
Passado nos anos 1940, focaliza a dureza do cotidiano das mulheres presas envolvidas na luta política contra o regime franquista, na prisão em Madrid.
Conta a história de duas irmãs de Córdoba, Hortênsia (Inma Cuesta) e Pepita (Maria León). Hortênsia é presa por ser  militante contra o regime franquista, e para piorar sua situação, está grávida e seu marido, também militante, é procurado pelo regime.
Sua irmã Pepita sai de Córdoba para tentar ajudar sua irmã na prisão, visitando-a e termina sendo um elo entre Hortênsia e os guerrilheiros. Desta forma Pepita conhece o chefe dos guerrilheiros, Paulino (Marc Clotet) e se apaixonam.
Enquanto Hortênsia sofre as agruras da prisão, sempre à espera da morte, Pepita luta pela liberdade da irmã.
Na prisão em Madrid, as mulheres são maltratadas, torturadas e humilhadas ao extremo, chegando até a serem fuziladas. E a Igreja Católica desta época, em nome de um Deus,  compactuou com o regime franquista e fez atrocidades com as detentas militantes.
O filme mergulha nas trevas após a Guerra Civil Espanhola,  numa forma bastante densa, mostrando o terror das mulheres nas prisões, tendo a cumplicidade da Igreja de uma forma tão violenta, que choca o espectador.
A atriz Maria León, com sua excelente atuação, foi premiada com o Goya 2012 na categoria Melhor Atriz Revelação. Mas no geral, todos os atores têm uma ótima atuação, bastante verossímil.
Um drama excelente, com ótimo roteiro e boa trilha sonora, que nos leva às lágrimas, pelas fortes cenas de violência, dos horrores do sofrimento das mulheres nas prisões durante a ditadura de Franco.
Termino com uma citação da militante Hortênsia, quando perguntada o que desejava para o seu que iria nascer: ¨Uma Espanha livre de caudilhos e de padres¨.




quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

LORE






Filme selecionado para a Mostra Panorâmica do Cinema Mundial do Festival do Rio 2012 e ganhador de Premio do Festival de Locarno 2012.
Segundo longa da diretora Cate Shortland ( produção Reino Unido /Austrália/Alemanha), o drama passado no período pós Segunda Guerra Mundial,  Lore consegue nos oferecer uma lente nova sobre os sobreviventes da guerra e o nazismo.
Passado em 1945, final da Segunda  Guerra Mundial, quando o Terceiro Reich perde o poder e os aliados ocupam a Alemanha . A família da jovem Lore ( Saskia Rosendahl)  se desintegra, pois seu pai ( Hans-Jochen Wagner), um oficial nazista, é obrigado a fugir com sua esposa (Ursina Lardi), deixando com Lore a incumbência de levar seus quatro irmãos, inclusive um ainda bebê, para Hamburgo, onde mora sua avó.
Nesta aventura sinistra pela Floresta Negra, como Lore assim chama, com muitos infortúnios, dificuldades e  privações, Lore terá que enfrentar para defender a si própria e seus irmãos, que estão sob sua proteção.  Nesta difícil e triste jornada, Lore conhece Thomas ( Kai Malina), um judeu que muito a ajudará a enfrentar seus ¨inimigos¨. Inclusive o próprio Thomas, por ser judeu, torna-se um alvo para Lore, que nutrirá por ele um sentimento dúbio, um misto de asco e gratidão, de descrédito e ter que confiar a qualquer custo.
Lore, uma jovenzinha alemã que se vê obrigada a sair do seu lar, sinônimo de segurança, para conhecer o outro lado de uma história tão cruel. Lore, que foi ensinada a nutrir um sentimento de  idolatria e lealdade pelo seu Furher, é obrigada pelas novas circunstâncias a conhecer um outro mundo, invadido pelos horrores da Guerra e pela desumanidade, pela fome e pelo desespero.
Um filme sensível e intenso, triste, mostrando que nesta guerra infame, as vítimas vieram de todos os lados do mundo.
Com roteiro e direção impecável, fotografia ímpar, com poucos diálogos, câmera em vários momentos no rosto dos atores, principalmente da personagem Lore, que tem uma ótima interpretação da jovem atriz Saskia Rosendahl.
A personagem Lore, uma jovem alheia aos acontecimentos da Guerra, que pelos ensinamentos de seus pais aprendeu a odiar os judeus, vai ser testada sobre o que aprendeu, e a discernir o certo do errado por uma nova ótica. É como se Lore com esta terrível vivência, perdesse a sua inocência e enxergasse o mundo real desta época tão terrível e triste.
Filme doloroso  e triste, em que o espectador pena junto com os acontecimentos que assiste, em cenários e fotografia ímpar, onde a diretora consegue permear momentos de emoção junto a natureza, nas florestas da Alemanha, com a situação terrível dos sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, inclusive os alemães.
O filme nos permite repensar o mal que a Segunda Guerra Mundial causou nas pessoas , nas famílias que tiveram o dissabor de presenciar e vivenciar, ate as últimas consequências, este lado sombrio e brutal da história que tanto nos envergonha.



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

TREM NOTURNO PARA LISBOA






Com a direção do cineasta Bille August, o filme Trem Noturno para Lisboa, é baseado no livro homônimo de Pascoal Mercier. Nos leva a história do professor de latim, o suíço Raimund Gregorius (Jeremy Irons), que vive uma vida solitária e acomodada em sua rotina de professor, sem vínculos afetivos, um homem pacato sem outras expectativas de vida.
Em uma de suas idas ao colégio, ao passar por uma ponte na cidade suíça de Berna, o acaso leva Raimund a salvar uma jovem misteriosa de se jogar de uma ponte. E a  jovem  termina esquecendo seu casaco vermelho, e dentro do bolso, Raimund encontra um livro sobre a vida do médico português Amadeu do Prado, que também era filósofo e escritor. E dentro do livro uma passagem para Lisboa.
Com o livro e a passagem para Lisboa, Raimund deixa-se levar pela emoção e parte para uma jornada cheia de aventura em Lisboa. Enfim, Raimund deixa sua vidinha pacata de professor, e vai em busca de um sentido para sua vida.
O filme se passa através da leitura deste livro, cheio de frases de auto ajuda, e assim o professor Raimund vai conhecendo a vida de Amadeu do Prado, este jovem médico que lutou contra o regime de ditadura de Salazar.
Tendo como cenário principal a cidade de Lisboa, com suas cores vibrantes e uma boa fotografia, as lindas paisagens desta cidade lisboense vai fazendo parte da história envolvente, contada através da leitura do livro de Amadeu do Prado.
Com atores de peso como Jeremy Irons, Melanie Laurent, Christopher Lee, Lena Olin, vale o destaque para Jeremy Irons como o protagonista Raimund Gregorius, numa interpretação surpreendente, que nos convence com sua sensibilidade e aguçado interesse na verdade que se oculta nas entrelinhas do livro.
O filme teria tudo para brilhar pela história bonita e interessante, que leva até a um certo suspense, mas peca pela narrativa cansativa, ainda mais para quem leu o livro, como se o mergulho não fosse suficiente para a abordagem desejada. Outra estranheza do filme é que, apesar de passar em Portugal, a língua falada nos diálogos é sempre em inglês, inclusive com os moradores de Lisboa.
No final temos uma linda mensagem do filme, do quanto é importante viver a vida com toda a sua plenitude, se deixar levar pelo coração e pela emoção, correr atrás dos seus desejos, tentar sair da rotina, do marasmo e se arriscar, para atingir seus sonhos e descobrir novos caminhos.
O cineasta Bille August é conhecido por filmes marcantes, como Pelle, o Conquistador  e As Melhores Intenções, ganhador do Troféu Palma de Ouro.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

SIMPLESMENTE COMPLICADO - Mostra + 60






Imagine um filme que ao lembrar você tem  vontade de dar boas gargalhadas?  Então pense na comédia romântica Simplesmente Complicado (EUA/ 2009), com roteiro e direção da cineasta Nancy Meyers, já conhecida por outras ótimas comédias, como Alguém Tem que Ceder e Do que as Mulheres gostam .
Tendo como protagonista a grande atriz Meryl Streep, conta a história de Jane, divorciada, dona de uma confeitaria e com três filhos já criados, com a vida bem resolvida, e que na formatura do filho reencontra seu ex-marido, o advogado Jake (Alec Badwin), de quem está separada há dez anos , que foi o grande amor de sua vida e que ela precisou de muitos anos para se recuperar emocionalmente desta separação.
Neste reencontro surge um clima de desejo e paixão e eis que Jane passa a ter um caso com Jake, que está casado com uma jovem bem mais nova que ele.E então a situação se inverte, Jane passa a ser a outra na vida do ex marido, que está insatisfeito com o atual casamento. Para colocar um aperitivo neste caso delicado e complicado, surge um pretendente para Jane, o arquiteto Adam (Steve Martin), que está à frente da reforma tão planejada na cozinha da residência de Jane.
A atriz Meryl Streep dá um show de interpretação e sabe dosar os momentos dramáticos e cômicos de forma surpreendente, tendo os atores Alec Baldwin e Steve Martin como ótimos coadjuvantes, em cenas que horas nos leva a boas gargalhadas, como também à reflexão. O fato de mostrar o amor e sexo na terceira idade, que sempre é um tabu no cinema, a coragem de enfrentar situações que são mais comuns em pessoas jovens, é algo interessante neste filme.
Quando o psicólogo diz para Jane,¨Se você está a fim, vá em frente¨. Isso é muito bacana, uma pessoa já de meia idade, tendo coragem de se arriscar, de viver o que a vida está a lhe oferecer, enfrentando os medos e as consequências que provavelmente ocorrerão. Esta mensagem é muito interessante e o roteiro nos leva a situações muito peculiares, horas engraçadas, outras constrangedoras e dramáticas.
E a atriz Meryl Streep, um ícone na história do cinema, está linda e sexy neste filme. É incrível o poder que esta atriz tem de tomar posse de  cada personagem que interpreta, e neste caso torcemos pela bela mulher Jane, apaixonada, decidida, sexy e  linda na terceira idade.
Este Filme foi Indicado ao Globo de Ouro 2010 de Melhor Filme/Comédia, Melhor Atriz e Melhor Roteiro e também Indicado a Melhor Ator Coadjuvante (Alec Baldwin) pelo Bafta 2010.
Um ótimo programa para uma noite agradável, vale a pena assistir ou rever!!!


domingo, 24 de novembro de 2013

BLUE JASMINE






O grande diretor Woody Allen, que a cada ano nos delicia com um filme,  dá uma tacada de mestre neste mais novo filme de sua autoria,  Blue JasmineAllen acerta em todos os aspectos, fazendo um filme preciso, enxuto, empolgante, inteligente, com uma carga forte de dramaticidade. Um filme que fala sobre a decadência de pessoas da alta sociedade, que vivem de aparências, uma tragicomédia incrível, onde o diretor soube permear a densidade, o peso da personagem principal, com momentos engraçados.
O título do filme, que é o nome da protagonista Jasmine (Cate Blanchett),  uma mulher de 40 anos da alta sociedade nova-iorquina, socielite  linda, charmosa, elegante, fútil ao extremo e alheia ao resto do mundo, inclusive à sua irmã mais nova, que ela considera um estorvo na sua vida.
Seu marido Hal (Alec Baldwin), um grande investidor financeiro metido em projetos fraudulentos, é preso e perde toda a sua fortuna. E o mundo de riqueza e futilidade de  Jasmine cai, junto a sua auto estima,  e ela é obrigada a procurar refúgio na casa  de sua irmã Ginger  (Sally Hawkins), em San Francisco.
Apesar de morar em um pequeno apartamento com dois filhos, Ginger recebe sua irmã Jasmine, e tenta ajudá-la a recomeçar sua vida. Mas Jasmine não aceita o jeito de vida simples de sua irmã, que ela considera uma perdedora.
Deprimida, neurótica, com auto estima baixa, Jasmine tenta reconstruir sua vida, mas sempre relembrando e comparando os áureos tempos de riqueza com a vida atual,  e isto é mostrado em flashback  no decorrer do filme.
A trilha sonora já nos contagia a partir dos créditos iniciais, ao som de um jazz, com ótima fotografia associada a um roteiro afinado, o destaque fica para a atuação de todos os atores que fazem jus ao sucesso do filme.
Vale ressaltar a estupenda atuação da protagonista Cate Blanchett, no papel de Jasmine, uma anti-heroína fútil, ríspida e antipática na medida certa, creio que um dos melhores desempenhos de sua carreira.
Blue Jasmine mostra a complexidade do comportamento humano, o que a vida é capaz de fazer com alguém que vive de aparências, que acredita que a riqueza principal é o dinheiro. E que perder faz parte da vida, mas saber levantar e prosseguir é o mais importante, e que tudo vai depender dos valores que as pessoas realmente acreditam . Enfim, um filme que fala de perdas, com uma personagem charmosamente triste. Imperdível!!!



quinta-feira, 21 de novembro de 2013

UM CASTELO NA ITÁLIA




Esta comédia dramática (França), Um Castelo na Itália, tem a direção da cineasta e atriz Valeria BruniTredeschi, que inclusive interpreta a protagonista da trama.
O filme fala com delicadeza e sutileza romântica de um período de transformações na vida de Louise (Valeria Bruni Tredeschi), uma mulher de 44 anos, solteira, ex-atriz, que tem um grande desejo de ser mãe.
Louise conhece por um acaso um rapaz mais jovem, Nathan (Louis Garrel), e mesmo a contragosto, inicia um romance sem maiores vínculos , mas acaba se apaixonando e desejando ter um filho com ele. Mas Nathan tem outros interesses para sua vida e vai de encontro aos desejos de Louise, complicando o relacionamento dos dois, e deixando Louise mais confusa do que já se encontra.
Ao mesmo tempo, Louise precisa definir junto com sua mãe e seu irmão Ludovic (Filippo Timi), se vendem um castelo na Itália, fruto da herança de seu pai. Ludovic é contra a venda do castelo e de outras obras de arte, mas ao mesmo tempo ele se encontra muito enfermo, devido a uma doença terminal. Interessante a relação afetiva dessa família aristocrática, principalmente dos irmãos, que são unidos por laços de amizade e gostam de relembrar o passado.
Com uma fotografia precisa e dividindo a história em três capítulos, cada um passado em uma estação do ano, os temas do filme são colocados a conta-gotas, de forma delicada, e vamos conhecendo os personagens e suas situações de acordo com o que vai ocorrendo.
Mas realmente a direção não consegue criar uma empatia dos atores com a platéia, havendo um distanciamento dos personagens com as situações vivenciadas. Isso torna o filme, que contêm uma história tão atraente para agradar em geral, meio tedioso. Apesar de  romanticamente agradável e singelo, não consegue nos inspirar, uma grande pena, visto ter todos os artifícios para alcançar este fim.
Registro aqui a cena em que a família é obrigada a mandar cortar uma árvore enorme na frente do castelo, simbolizando as raízes da família, mas infelizmente não tira o real proveito de uma situação inusitada e de um simbolismo dramático.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

CAPITÃO PHILLIPS






Capitão Phillips,  este é um grande filme do diretor  PaulGreengras , um drama com suspense americano, muito bem conduzido, com um roteiro maravilhoso, baseado na história real do livro autobiográfico  ¨A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALs and Dangerous Days and Sea¨, do verdadeiro Capitão Richard Phillips.

Este drama com ação do início ao fim, passado em 2009, conta com detalhes o drama da tripulação do navio cargueiro Maersk Alabama, tendo a frente o Capitão Phillips, que foi seqüestrado na Costa da Somália  por piratas somalianos, cujo objetivo era econômico, sequestro para extorquir dinheiro.
Nos primeiros minutos iniciais, vemos o protagonista Capitão Phillips ( Tom Hanks), uma pai de família pacato, calmo, amoroso, preparando-se para mais uma viagem, desta vez para fazer entrega de alimentos ao povo somaliano.
Quando dois barcos com piratas somalis armados tentam atacar o navio, o Capitão Phillips usa toda a estratégia de segurança para evitar o ataque,  preocupado com o desfecho desta situação. Apesar disso, um barco com quatro somalis altamente agressivos, tendo como chefe o jovem Muse (Barkhad Abdi), têm êxito e conseguem entrar no navio. A partir daí a tensão aumenta a cada momento, com os piratas ameaçando a tripulação. E para proteger sua tripulação,  o Capitão Phillips praticamente se coloca como refém.
De um lado temos o Capitão Richard Phillips, um homem calmo mas com uma imensa carga de tensão, sendo ameaçado o tempo inteiro, correndo risco de vida. Por outro lado, o chefe do grupo de piratas, Muse, um jovem agressivo, impulsivo, inexperiente mas ciente do que deseja. Apesar de tudo, tem momentos que sentimos piedade desse jovem selvagem, que em determinado instante até diz que ¨seu sonho é conhecer os Estados Unidos¨.
Um filme de altíssimo nível, com uma  trilha sonora excelente, tranquila ou pulsante de acordo com os fatos que ocorrem, ótima fotografia e com direção certeira.  Em vários momentos a câmera trêmula nos rostos dos personagens, dando uma tensão e emoção incrível.
O ator Tom Hanks está perfeito como o protagonista Phillips, uma interpretação digna de um Oscar. Retrata um pai de família correto e ao mesmo tempo um capitão preocupado com as normas de segurança e sua tripulação. Humaniza o personagem, torna-se o anti-herói com seu jeito simples e sua insegurança diante de tanta tensão . E vale ressaltar a atuação de Barkhad Abdi como o pirata somaliano Muse, um jovem agressivo, cínico, com falas pontuais convincentes. Os outros piratas somalianos também demonstram uma atuação críveis, de tão verossímeis.
O diretor Paul Greengrass , também responsável por grandes filmes de ação e drama como A Supremacia Bourne (2003) e Vôo United (2005), neste filme mostra o poderio militar americano com soberano e a forma de abordagem do resgate é impressionante.
Um grande filme de ação e drama, onde o espectador entra na trama e nas duas horas e 15 minutos de filme, torce pela vida do Capitão Phillips, de forma angustiante e cheia de adrenalina. Filme forte, denso, para quem gosta deste tipo de filme,  tem cenas que nos prende até a respiração, de tanta tensão.
¨Vocês roubaram nossos peixes, tomaram nossos mares, por isso, de pescadores viramos piratas¨. Finalizo com esta frase de Muse , o pirata somaliano para o Capitão Phillips, na realidade para os Estados Unidos.



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O MORDOMO DA CASA BRANCA




O filme O Mordomo da Casa Branca, um drama inspirado na história real de um mordomo que serviu por anos vários presidentes da Casa Branca, tem a direção do talentoso Lee Daniels, diretor também do filme Preciosa – uma História de Esperança.
O roteirista Danny Strong se inspirou nas entrevistas deste afro-americano que trabalhou junto aos presidentes norte-americanos, e a partir daí, fundiu varias tramas, e com isso desenvolveu várias histórias . Um verdadeiro resumo da história política norte-americana no século XX, tendo como pano de fundo o racismo norte-americano.
O filme inicia em 1926, o menino Cecil, depois de passar por muitas agruras e maus tratos em uma fazenda de algodão, onde seus pais trabalhavam. Quando seu pai é assassinado na sua frente, é transformado em criado da casa de fazenda pela matriarca  (Vanessa Redgrave), que lhe ensina toda a arte de servir, inclusive não esquecendo sua condição de negro, tendo que aprender a ¨se tornar invisível¨, como serviçal nas casas dos brancos.
Anos depois, Cecil Gaines ( Forest Whitaker) vai trabalhar em um hotel de luxo, onde muitos políticos se hospedavam. Casa-se com Glória ( Oprah Winfrey),  tem dois  filhos, sempre lhes passando os ensinamentos que considera importante para conviver com o racismo e a subserviência dos negros.
Quando é convidado para trabalhar como mordomo na Casa Branca, com muitas exigências de horários de trabalho, cria uma insatisfação com sua esposa, que se torna viciada em bebida. Seus filho mais velho Louis (David Oyelowo) não aceita a passividade do pai diante do racismo tão forte nesta época nos EUA. Seu filho passa então a fazer parte do grupo intitulado Panteras Negras, que eram preparados para enfrentar os brancos, sem violência.
Cecil Gaines serviu por trinta anos vários presidentes, políticos e seus convidados.
Em narração pelo protagonista o mordomo Cecil Gaines, este drama é intercalado e recheado de ótimos diálogos. Há um envolvimento do espectador com a vida do mordomo, com a luta contra o racismo nos Estados Unidos, através de muitos dramas e cenas de muita tensão, que em alguns momentos chega a nos inquietar.
Com um elenco formado por grande atores como Forest Whitaker como o mordomo Cecil Gaines, Oprah Winfrey como Glória, Jane Fonda como Nancy Reagan, Cuba Gooding Jr. como presidente Carter, John Cusack como Richard Nixon, Robin Williams e muitos outros, é um  filme que ao narrar a vida deste mordomo, mostra a política norte- americana e principalmente as questões raciais neste País.
Vale ressaltar a figura exemplar do mordomo através da forte atuação do ator Forest Whitaker e a fantástica Oprah, como sua esposa., numa caracterização incrível.
Um ótimo filme, que se aproveita de uma dramática história real para contar a história do racismo nos Estados Unidos.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EU, ANNA






Primeiro longa do diretor BarnabySouthcombe, Eu, Anna (França/Reino Unido/Alemanha) já nos presenteia com uma curiosidade, a protagonista do filme é sua mãe na vida real, Charlotte Rampling .
Este suspense com drama psicológico, com roteiro minucioso e esmerado, é cheio de reviravoltas, de idas e voltas na vida de um personagem, Anna Welles ( Charlotte Rampling).
Anna Welles é uma mulher de meia idade cheia de mistérios e confusa emocionalmente, vive uma vida solitária, com sua filha Emmy (Hayley Atwell) e sua netinha , em um apartamento pequeno. Anna decide ir a um clube de solteiros, onde homens e mulheres frequentam com o objetivo de se conhecer e quem sabe, manter algum relacionamento afetivo. Desta forma Anna conhece o investigador policial, Bernie Reid (Gabriel Byrne),  e ocorre um envolvimento entre os dois.
Ao mesmo tempo que estas duas pessoas solitárias se encontram e passam a se conhecer, ocorre um crime que tem certa ligação com Anna. A partir daí, a trama monta um verdadeiro quebra-cabeças, deixando o espectador sempre curioso com cada informação que vai recebendo.
Com sagacidade e tensão emocional, o detetive Bernie vai descobrindo novas pistas e a vida de Anna, esta personagem misteriosa e solitária, vai sendo desmembrada, e vamos tecendo um paralelo entre o crime e o passado de Anna Welles.
Os atores Charlotte Rampling e Gabriel Byrne merecem destaque pela eficiente atuação, e mesmo alguns momentos quando o ritmo do filme cai, eles conseguem segurar com seu carisma e personalidade marcante.
Um filme curioso, instigante, que mistura investigação policial com um drama particular, mesclando momentos dramáticos com astúcia, aguçando a curiosidade do espectador a querer conhecer a vida da personagem do titulo do filme, Anna.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OS SUSPEITOS





Imagine um autêntico suspense, com todos os ingredientes necessários, e estás diante de Os Suspeitos. Com direção do cineasta canadense Denis Villeneuve, este suspense reúne um drama que nos envolve nas 2 horas e meia de sessão.
Passado em Boston (Estados Unidos), conta a história do casal  Keller Dover ( Hugh Jackman) e Grace Dover (Maria Bello), que possuem dois filhos e vivem em harmonia, e o pai sempre tenta passar ensinamentos de força e determinação para seu filho adolescente. Ao irem jantar na casa dos amigos Franklin Birch (Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), as filhas menores de cada casal, Anna e Joy, são sequestradas.
A partir daí inicia-se uma verdadeira via crucis para estas duas famílias, com muito suspense, emoção e reviravoltas, o espectador torna-se parte deste drama familiar e sente-se responsável pelo desfecho. E cada casal, diante desta situação atroz e da falta das filhas, agirão de forma tão diferente, um achando que a polícia fará justiça, enquanto o pai de Anna, procurará fazer justiça pelas próprias mãos, à sua maneira.
Como será que reagiríamos no lugar desses pais? deixaríamos a polícia fazer a parte que lhe compete, ou iríamos atrás dos suspeitos, pois o tempo neste caso é o pior inimigo?
De forma lenta, precisa, com uma direção e roteiro impecável, os personagens agem e mostram do que são capazes em situações de alta tensão emocional. Temos também o detetive Loki (Jake Gyllenhaal), um sujeito perspicaz, astuto, com cacoetes de piscar os olhos, e este ator interpreta com extrema qualidade o papel. Os atores têm uma interação incrível, mas o destaque vai para Hugh Jackman como pai da pequena Anna, este ator se entrega de corpo e alma a este papel.
Com este tema instigante e tenso, este filme fala de Fé e dos dogmas da religião, de ética e o significado de justiça. Há questionamentos sobre o dilema moral do que é certo ou errado, do que as pessoas são capazes em stress profundo, e o filme nos envolve de forma sufocante, nos leva a uma tensão quase insuportável. E o final, deixa no ar o que quisermos imaginar, particularmente adorei.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

FRANCES HA





Direção de Noah Baumbach ( A Lula e a Baleia/ 2005), o filme Frances Ha é uma comédia dramática bem atual, em preto e branco, cuja personagem principal é a jovem Frances, perdida nos seus sonhos e devaneios.
Em ritmo contagiante, temos a história de Frances (Greta Gerwig), uma jovem que mora na frenética  Nova York, junto com sua grande amiga Sophie (Mickey Summer). Frances faz parte de uma companhia de dança como aluna participante, e sonha em se tornar uma grande bailarina, apesar de não possuir o talento necessário.
Quando sua amiga Sophie decide ir morar em um bairro mais elegante com outra amiga, Frances passa a morar com dois amigos e sente muita falta de Sophie. Ao mesmo tempo termina com o namorado e não consegue se destacar na  companhia de dança
Este filme de personalidade, mostra-nos o retrato desta geração atual, com humor e muito carinho. Frances tem uma personalidade contagiante, perdida nos seus sonhos, buscando caminhos nos seus desejos internos. Contenta-se com o que sonha , mas busca algo melhor, tropeça, cai, levanta, dá risada das suas incertezas. Um personagem cativante, que encara a vida com esperança e sempre achando, mesmo quando não acontece como esperado, que poderia ser pior.
O diretor Noah Baumbach e a atriz Greta Gerwig trabalharam juntos no roteiro deste filme, como também na comédia O Solteirão (2010). Esta atriz dá a protagonista um toque especial, um tom natural e real ao mesmo tempo, uma Frances Ha cabeça de vento, sonhadora, sem cair no caricato.
A trilha sonora é realmente o peso do filme, onde se ouve desde Bach e Mozart, até Paul McCartney, David Bowie, The Rolling Stones. É realmente o grande diferencial deste filme.
Um filme atual, onde o preto e branco se incorpora a modernidade, onde fala-se de laços de amizade, insegurança e incerteza dos jovens, que muitas vezes não sabem que rumo tomar ao entrar na fase adulta . E ao mesmo tempo não querem sair deste mundinho adolescente. 


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

BRANCA DE NEVE





Branca de Neve é o segundo longa metragem do diretor espanhol Pablo Berger, em original Blancanieves.
Este filme é uma livre adaptação do conto dos Irmãos Grimm e utiliza a fábula para contar uma história moderna, passada nos anos 1920.
Se passa em Sevilha e conta a história de Carmen (Macarena García), uma jovem criada pela avó Dona Concha ( Angela Molina), pois ao nascer sua mãe morreu de parto e seu pai, grande toureiro espanhol Antonio Vilalta (Daniel Giménez-Cacho), a rejeitou .
 Devido a uma nova tragédia em sua vida, Carmen é obrigada a morar com seu pai e sua madrasta Encarna (Maribel Verdú), que a maltrata e a impede de ter contato com seu pai. Carmen decide fugir desta casa e encontra na trupe de anões toureadores, um refúgio de amizade e lealdade.
Utilizando vários elementos do conto de fadas, como a madrasta má, a maçã envenenada, os anões amigos, com aura de fantasia e tragédia digna do conto real, a história  também se foca na relação entre pai e filha.
Rodado em preto e branco, em 16 mm e sem diálogos, esta obra deslumbrante , feita com astúcia e muito amor a esta sétima arte, nos remete a atmosfera dos filmes antigos mas com modernidade. É a arte pura do cinema que vivenciamos e chega um momento que observamos que o fato de ser mudo não interfere na interação do público com o filme.
Com ótima direção, roteiro e fotografia impecável, e com trilha sonora de Alfonso de Vilallonga, todos esses elementos se encaixam de forma comovente, transformando em moderno , com uma mulher toureira e sua trupe de anões, este conto de fadas já tão utilizado no cinema. Mas desta vez com uma atmosfera ímpar, utilizando o ilusório de forma cativante.
O elenco de atores se destaca pelo ótimo entrosamento,   em especial Maribel Verdú como a madrasta má Encarna e Macarena García, como Carmen, denominada de  Branca de Neve.
Este filme com humor e tragédia, fala de amizade, vaidade, paixão pelo ofício, e com merecimento ganhou vários prêmios.
Saímos do cinema inebriados pela arte pura do cinema, este filme merece um destaque especial, nos mostra que o cinema existe e pode ser utilizado como no início , estes são realmente os elementos essenciais para um filme nos emocionar.