Já há algum tempo que não
assistia um suspense do nível de Terapia de Risco. O diretor Steven Soderbergh
consegue utilizar vários elementos que segura a atenção do expectador até o o
seu desfecho, como todo thriller que se merece.
Steven Soderbergh é renomado
diretor americano de vários filmes conhecidos e aclamados pelo público, como
Traffic, Erin Brockovich,uma mulher de talento, Sexo, Mentiras e
Videotape, 11 Homens e 1 destino, Contágio,dentre outros. Logo,
normal a curiosidade do público em assistir e tirar suas conclusões deste
filme, que o diretor diz ser o último de sua carreira. Esperamos que mude de
ideia, pela sua capacidade criativa e versatilidade. Inclusive ganhador de
vários Oscar e outros troféus em festivais.
Este thriller com drama
psicológico, nos leva a história da jovem enigmática Emily (interpretada pela
bela e singela Rooney Mara), cujo marido preso por sete anos por crime de
colarinho branco em um esquema financeiro de corrupção, ao sair encontra sua
esposa em processo de ansiedade e depressão, chegando à tentativa de suicídio.
Devido a este fato, Emily é
obrigada a iniciar um tratamento psiquiátrico com o Dr. Jonathan Banks (Jude
Law), associando terapia ao uso de medicações anti-depressivas. O fato de Emily
já ter histórico de acompanhamento psiquiátrico no passado com a Dra.Victoria Sieber (Catherine Zeta Jones), e por sugestão e orientação desta, o Dr.
Jonathan resolve testar uma nova droga no mercado, com bons resultados mas
também com efeitos colaterais devastadores, inclusive o sonambulismo.
A partir daí vão aparecendo novos
fatos e novas dificuldades, tanto para a paciente como para o médico, cuja vida
encontrava-se em plena ascensão e começa a se desmoronar. Você segue atenta
cada detalhe do filme, com uma atenção e curiosidade que caracteriza os filmes
que envolvem suspense, nos instigando a colocar as variadas peças deste
quebra-cabeças, onde nem todas se encaixam, sempre a perceber que algo pode
acontecer há qualquer instante. Como se cada nova revelação levasse a uma nova
evidência, nos deixando confusos, sem saber em quem acreditar.
Os atores estão bem confortáveis
no filme, vale ressaltar o ótimo desempenho de Jude Law. Para quem há pouco
tempo o assistiu como o circunspecto e contido marido de Anna Karenina,
neste filme fica evidente a intranqüilidade e preocupação do seu personagem,
que a cada momento se depara com situações complicadas como médico e com sua
vida pessoal virada de cabeça para baixo.
A atriz Rooney Mara tem uma
beleza que cai perfeitamente para o personagem que ela interpreta muito bem,
uma jovem perturbada mentalmente e com depressão profunda. Ela já é conhecida
por seu bom desempenho em filmes como A Rede Social e Millenium- os homens que
não amavam as mulheres. Ela dá um quê de mistério encantador e de fragilidade
que instiga e impressiona.
O filme tem uma versatilidade de
cenas, inclusive dos atores que, junto a uma fotografia com contraste de luz,
nos mostra um mundo pela ótica da depressão, o mundo da indústria farmacêutica,
dos egos inflados dos doutores desta ciência, do poder que esta indústria exerce
sobre os profissionais e sobre as pessoas que utilizam estas medicações
anti-depressivas, com a tal ¨promessa de felicidade¨. Existe uma dualidade de
denúncias, a ganância por trás da indústria farmacêutica e dos profissionais da
área médica, sempre visando muitas cifras de dinheiro. Sabemos que esses casos
entre pacientes e médicos por uso indevido de medicações existem até nos dias
de hoje, podendo levar a julgamentos e conseqüências drásticas para ambos.
A certa altura do filme, por
tantas construções e detalhes da trama, o expectador pode sentir-se confuso e
sem conseguir entender direito o desenrolar da história, mas no final sai-se do filme
com uma sensação de ter assistido um ótimo filme de suspense, a lá Hitchcock.
O título original do filme, Side
Effects, tem tudo a ver com o uso dos anti-depressivos , seus efeitos
colaterais e dependência química, assim como seu poder atuante em vários lados, na indústria farmacêutica, nos profissionais da área médica e sobre os pacientes que fazem uso destas drogas.
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