segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A RELIGIOSA





O filme A Religiosa (França/Alemanha/Bélgica), direção do conceituado diretor Guillaume Nicloux, é um drama ambientado no século XVIII, adaptação do clássico da literatura francesa, o romance de Denis Diderout  ¨La Religieuse¨.
Tem como personagem central a jovem Suzanne Simonin (Pauline Etienne), que tem uma devoção e fé religiosa muita grande, e seus pais decidem encaminhá-la para um convento de freiras e ser preparada para se tornar uma religiosa. Apesar de toda sua crença e fé em Deus, Suzanne tem convicção que não deseja ser freira,  contrariando o propósito de seus pais, que por dificuldades financeiras, a mantêm enclausurada no convento.
Mesmo a contragosto, Suzanne é preparada para um processo necessário de ordenação religiosa, mas ela não deseja mentir para Deus, e insiste em não permanecer no convento. Por esta decisão de não querer abraçar a vida religiosa, ela torna-se vítima do próprio sistema autoritário católico daquela época .
A jovem Suzanne passa a sofrer humilhação de todos os tipos, sadismo, assédio sexual, mas mesmo assim continua convicta de seu propósito de sair do converto e ter uma vida mundana. Ela é transferida para vários conventos e mesmo assim nada a convence a aceitar a vida religiosa.
Com produção esmerada e uma fotografia belíssima, com riqueza de detalhes da vida no monastério, este filme nos revela uma impecável reconstituição de época, tendo ao fundo uma excelente trilha sonora. Destaque especial para os figurinos de época, com cenas muito bem elaboradas dentro dos conventos, cheio de rituais e regras próprias.
Fica evidente o foco no lado psicológico dos personagens, e a atriz Pauline Etienne consegue uma interpretação apurada como a bela e sofrida Suzanne. A atriz Isabelle Huppert é um destaque a parte, como a Madre Superiora que se apaixona e assedia sexualmente a jovem Suzanne.
Na 1ª. Versão do filme A Religiosa do diretor Jacques Rivette (1966), foi muito comentado e até censurado em certos países pelo tema forte que envolve o sistema religioso católico, autoritário e severo naquele século.
Filme muito bem elaborado com rituais da Igreja Católica, que ao mesmo tempo fascina e nos intriga a   discussões diversas. As religiões devem levar à libertação, não ao aprisionamento. Generosidade, compreensão, amor ao próximo devem ser pontuais na crença religiosa. E o que vemos no filme é justamente o oposto,  um lado obscuro da Igreja Católica, em séculos passados onde o autoritarismo e a opressão eram permitidos em nome da Fé Cristã.
Indicado para a Competição Oficial do 63º. Festival de Berlim.



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