O filme A Religiosa
(França/Alemanha/Bélgica), direção do conceituado diretor Guillaume Nicloux, é
um drama ambientado no século XVIII, adaptação do clássico da literatura
francesa, o romance de Denis Diderout ¨La Religieuse¨.
Tem como personagem central a
jovem Suzanne Simonin (Pauline Etienne), que tem uma devoção e fé religiosa
muita grande, e seus pais decidem encaminhá-la para um convento de freiras e
ser preparada para se tornar uma religiosa. Apesar de toda sua crença e fé em Deus,
Suzanne tem convicção que não deseja ser freira, contrariando o
propósito de seus pais, que por dificuldades financeiras, a mantêm enclausurada no convento.
Mesmo a contragosto, Suzanne é preparada
para um processo necessário de ordenação religiosa, mas ela não deseja mentir
para Deus, e insiste em não permanecer no convento. Por esta decisão de não
querer abraçar a vida religiosa, ela torna-se vítima do próprio sistema
autoritário católico daquela época .
A jovem Suzanne passa a sofrer
humilhação de todos os tipos, sadismo, assédio sexual, mas mesmo assim continua
convicta de seu propósito de sair do converto e ter uma vida mundana. Ela é
transferida para vários conventos e mesmo assim nada a convence a aceitar a vida religiosa.
Com produção esmerada e uma
fotografia belíssima, com riqueza de detalhes da vida no monastério, este filme
nos revela uma impecável reconstituição de época, tendo ao fundo uma excelente
trilha sonora. Destaque especial para os figurinos de época, com cenas muito
bem elaboradas dentro dos conventos, cheio de rituais e regras próprias.
Fica evidente o foco no lado
psicológico dos personagens, e a atriz Pauline Etienne consegue uma
interpretação apurada como a bela e sofrida Suzanne. A atriz Isabelle Huppert é
um destaque a parte, como a Madre Superiora que se apaixona e assedia
sexualmente a jovem Suzanne.
Na 1ª. Versão do filme A
Religiosa do diretor Jacques Rivette (1966), foi muito comentado e até
censurado em certos países pelo tema forte que envolve o sistema religioso
católico, autoritário e severo naquele século.
Filme muito bem elaborado com
rituais da Igreja Católica, que ao mesmo tempo fascina e nos intriga a discussões diversas. As religiões devem levar à libertação, não ao
aprisionamento. Generosidade, compreensão, amor ao próximo devem ser pontuais
na crença religiosa. E o que vemos no filme é justamente o oposto, um
lado obscuro da Igreja Católica, em séculos passados onde o autoritarismo e a opressão eram permitidos em nome da Fé Cristã.
Indicado para a Competição
Oficial do 63º. Festival de Berlim.
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