Primeiro longa metragem do diretor Ruben Alves, a produção
franco portuguesa A Gaiola Dourada, cujo roteiro é uma homenagem a seus pais, portugueses de origem e que viveram mais de quarenta anos na França, com vários personagens do filme como imigrantes portugueses.
Um comédia com leveza e descontração, apesar de não se
aprofundar no tema, conta com um roteiro interessante, mostrando culturas
diferentes e as condições dos imigrantes na Europa, na sua maioria com empregos
subalternos, subservientes e com baixa remuneração.
Conta a história de um casal de portugueses que vivem há
mais de 30 anos em Paris, com um casal de filhos que nasceram neste país. Maria
Ribeiro (Rita Blanco) é zeladora de um prédio em um bairro nobre parisiense e
seu esposo José Ribeiro (Joaquim de Almeida) trabalha na construção civil e com
muita dificuldade conseguiram criar seus filhos. Ambos gostam dos seus
trabalhos e realizam com muita eficiência, subserviência e boa vontade, sempre à disposição dos seus patrões.
Um dia este casal recebe a notícia de uma herança familiar,
e com isso o sonho de voltar a viver em seu país de origem e ter uma casa
própria, está prestes a se concretizar. Mas como dizer isto a seus patrões, que
por não quererem perder tão eficientes e leais empregados, começam a bajulá-los
e fazer pequenos acertos para conseguir que eles permaneçam em Paris.
Em paralelo tem o romance de sua filha Paula Ribeiro
(Barbara Cabrita) com o filho do patrão de José Ribeiro, o que trará um certo desconforto para
ambas as famílias.
Este filme fez um estrondoso sucesso na Europa e tem muitos
acertos, conseguindo unir à comédia, um drama leve e romance água com açúcar.
Com um elenco com ótimas atuações, o diretor acertou em cheio ao escolher
atores portugueses de primeira, como Rita Blanco e Joaquim de Almeida como
protagonistas, e participação especial de Maria Vieira e Jacqueline Corado, como
Rosa e Lourdes respectivamente, que primam em cenas bem engraçadas e com humor
tipicamente português, sem cair no caricato ou soar de forma grosseira.
A cena do jantar que o casal de imigrantes portugueses resolve convidar
os patrões franceses, cada um tentando agradar o outro se espelhando na
cultura e tradições, é realmente muita bem feita e hilária.
A trilha sonora mescla músicas francesas com muito fado,
dando um toque nostálgico à película, o que é também sugerido pela fotografia.
Uma comédia que prima pela simplicidade, pauta nos conflitos
culturais e sociais de forma leve, na dificuldade dos imigrantes na Europa, o
trabalho que exercem, em geral braçal e de baixa remuneração.
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