O drama francês Uma Dama em Paris do jovem diretor estoniano Ilmar Raag (Klass /2007), é uma agradável surpresa para os que curtem um filme
leve e intimista, com um roteiro interessante, sem grandes momentos de
dramaticidade apesar do tema relacionado com a velhice e solidão.
Tipo uma crônica, conta o encontro de duas senhoras, cada
qual com sua história de vida e que por motivos pessoais diferentes se
encontram em profunda solidão, e este encontro significará mudanças em suas
vidas.
A estoniana Anne (Laine Mägi), com a morte de sua idosa mãe,
decide sair da sua terra natal e mudar-se para Paris, em busca de algo novo
para sua vida. Contratada por Stéphane (Patrick Pineau) para cuidar de Frida
(Jeanne Moreau), uma idosa estoniana rica que mora em Paris há muitos
anos, e que passa por uma profunda depressão.
Anne é recebida de forma grosseira por Frida, uma pessoa
rabugenta, orgulhosa, que não aceita a velhice e deseja a todo custo
reconquistar o amor de Stéphane, que foi seu amante no passado, apesar da
diferença de idade. O próprio Stéphane tem uma dívida de gratidão por Frida e é quem cuida e se preocupa com esta senhora tão amarga e de difícil convivência.
Duas mulheres tentando se adaptar a viver juntas, com
personalidades e temperamentos bem diferentes, mas ambas solitárias e
necessitando de atenção e afeto. Nesta relação delicada desses três personagens a trama vai se desenvolvendo, com revelações que nos levam ao entendimento da
situação, de forma intimista, lenta e delicada, sem pieguices.
O elenco tem uma boa interação e é interessante rever a
grande dama do cinema francês Jeanne Moreau aos 84 anos, em plena arte de
interpretar, inclusive um papel que tem alguns aspectos de sua vida de grande
atriz.
A fotografia em tons em geral escuro torna o clima do filme
pesado, criando uma certa monotonia no contexto em geral.
A personagem Anne nos seus passeios diários nos mostra uma
Paris aconchegante, sem se deter em pontos turísticos, mostrando as ruas de
Paris, com seus cafés, suas vitrines e as luzes da noite, que a tornam mais
bonita e cheia de mistérios.
Com um história sutil e leve, este filme nos leva à reflexão
sobre a velhice, a falta de perspectiva diante do tempo, e a solidão e o
abandono que muitos idosos sentem. Da importância de saber aceitar o outono da
vida, de construir relações e afetos que servirão de suporte na
velhice.
E essas duas mulheres solitárias e com trajetos tão
diferentes, vão descobrir o prazer da amizade e que podem ser belas e sensuais,
independente da faixa etária. Afinal, envelhecer é um processo natural do ser
humano e as perdas fazem parte deste processo.
O diretor Ilmar Raag ao criar este roteiro, se inspirou na
experiência de sua própria mãe, que foi cuidadora de uma rica senhora
parisiense.
Rever a grande Jeanne Moreau já foi um presente.
ResponderExcluirNo mais, um filme que fala de gente, suas insatisfações, da velhice, de solidão, perdas, de depressão. Frida tem um geniozinho do cão e, irascível, faz de tudo para manter Anne afastada.
Por sua vez, a acompanhante, Anne, eslovena como Frida, logo resolve dar sentido a sua permanência, passeando por Paris, depois que dá conta dos afazeres domésticos.
Aos poucos, Frida vai aceitando-a e a vida de ambas fica mais interessante.
História simples, comum, até, não fossem os temas tão caros às pessoas, e as atuações de ambas, perfeitas.
Como escreves bem, Nicia.Precisas repensar o tal blogmania. Pronto, já dei até o nome...rs..obrigada pelo acolhimento neste blog.
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