O filme Ninfomaníaca II, do polêmico diretor dinamarquês Lars Von Trier,
é uma continuidade da primeira parte do filme com o mesmo nome, com os mesmo
intérpretes protagonistas e o formato similar.
Na primeira parte do filme, Joe ( Charlotte Gainsbourg), uma
mulher de 50 anos viciada em sexo, conta sua história para o bom e pacato
Seligman (Stellan Skarsgard), que ao encontrá-la no meio da noite em um beco, suja e ferida, a leva para sua casa, cuida dos seus ferimentos e tenta
confortá-la e interpretar seus devaneios e confidências pessoais.
Nesta segunda parte do filme, a amargurada Joe continua a contar suas
agruras e dificuldades na juventude (interpetada pela jovem atriz Stacy Martin), chegando a idade atual. Vemos Joe vivenciar o casamento e a maternidade com o marido Jerôme (Shia LaBeouf); nesta fase difícil eles tentam uma vida a dois, com Joe tendo dificuldades em
manter este padrão de vida, chegando até a procurar um grupo de ajuda denominado
¨viciadas em sexo¨, deixando o prazer de lado para tentar se dedicar ao lar, ao
marido e filho. Tem uma sequência com o filho, que com certeza quem assistiu o
filme Anti-Cristo, logo lembrará da cena antológica do início deste filme.
Apesar de ser um filme erótico, não exala sensualidade,
existe até um certo tom didático,
provocado propositalmente pelo diretor. Fala-se muito em pecado, culpa,
auto punição, vindo sempre atrelado às interpretações analógicas de Seligman,
através de conceitos religiosos e contestações, em discursos arrastados e até
cansativos.
A personagem Joe sofre por não conseguir livrar-se do vício,
perde emprego, não consegue manter o casamento, tenta outras vias de perversão sexual como uma
espécie de penitência, se relacionando com o misterioso K. (Jamie Bell), em cenas fortes de sadomasoquismo.
A cena erótica mais esperada do filme, um ménage à trois
(pela foto que aparece nas propagandas) é surreal e até meia engraçada, com
dois negros africanos tentando a melhor posição para transar com Joe, falando
no idioma deles, sem ela entender nada.Um golpe certeiro de Lars Von Trier ,
com certeza, e um balde de água fria para quem aguardava algo erótico e sensual.
A atriz Charlotte Gainsboug dá uma interpretação intensa e sofrida à protagonista , a Joe ninfomaníaca adulta. O ator Jamie Bell como o
misterioso K., consegue instigar com seu personagem estranho e rodeado de mistério, em
sequências fortes e perturbadoras.
Filme sombrio, fatalista, erótico sem ser sensual, onde não
há espaço para interpretações, pois tudo é dito, indagado e explicado ao estilo
do diretor, de forma provocante e polêmica. Fala-se de solidão e deturpações
sexuais de uma pessoa viciada em sexo, que se auto destroi como forma de
punição e a culpa toma lugar violento em sua alma. Tudo com muito discurso que
em alguns momentos chega a cansar.
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